O município de Alto Alegre dos Parecis fica distante 538 quilômetros de Porto Velho e faz jus ao nome. A uma altitude de 405 metros é um dos mais altos do Estado. Alto Alegre dos Parecis completa 27 anos no dia 22 de junho e se destaca pela produção agrícola, em especial o café, e turismo pelas suas belíssimas cachoeiras.
Uma cidade com 13.255 alto-alegrenses, como são chamados seus habitantes. Para chegar a Alto Alegre dos Parecis, a RO 490 é o principal acesso. O município com 3.958,586 km² é considerado o portal de entrada para o ecoturismo de Rondônia, fazendo parte do polo 7, região da Zona da Mata no Mapa do Turismo de Rondônia da Superintendência Estadual de Turismo (Setur).
O atual prefeito é Denair Pedro da Silva, de acordo com o IBGE.
CIDADE DAS CACHOEIRAS
Segundo o portal da Prefeitura de Alto Alegre dos Parecis, o município possui aproximadamente 40 cachoeiras, dessas pelo menos 35 já foram catalogadas. São cachoeiras de diversos tamanhos. algumas chegam a ter 60 metros de altura. Todas as quedas d’água estão em terrenos particulares, mas a maioria é aberta a visitação. Um exemplo é a cachoeira localizada no sítio da família Ratunde, na Linha P.28, a 30 km, é uma das belezas naturais do município de Alto Alegre dos Parecis.
ROTEIRO TURÍSTICO
O igarapé que passa pelo centro urbano de Alto Alegre dos Parecis é chamado de “Sapezal”, e até agora é perene. Além disso, o município é cortado por diversos rios que pertencem à bacia do Rio Guaporé. São eles: rio Branco, rio Mequéns, rio Providência, rio Terebinto (ou Vermelho), rio Verde, rio Colorado e rio Brilhante. Os mais importantes são os rios Branco e Mequéns, não apenas pela extensão, mas também pelo potencial turístico e integra a rota da pesca esportiva definida pela Setur.
De acordo com o superintendente da Setur, Gilvan José Pereira Júnior, o governador Marcos Rocha, tem investido em melhorias no setor turístico, por entender a importância de valorizar o comércio local e as belezas de Rondônia. “O Governo trabalha para melhorar as estradas na região da RO-490 com o objetivo de fomentar a economia com o escoamento da produção agrícola, além de garantir a trafegabilidade para os pontos turísticos”.
MATAS DE RONDÔNIA
Alto Alegre dos Parecis é um dos maiores produtores de café canéfora do Estado
Alto Alegre dos Parecis também é um dos maiores produtores de café clonal de Rondônia. O município foi um dos que recebeu da Entidade Autárquica de Assistência Técnica e Extensão Rural (Emater) em 2018, 42 mil mudas de café clonal. Cada produtor recebeu uma média duas mil mudas para revitalização e o plantio de café clonal visando aumentar a renda das famílias rurais. Alto Alegre dos Parecis faz parte do grupo de 15 municípios que recebeu no início de junho de 2021 o reconhecimento como primeira Indicação Geográfica (IG), do tipo Denominação de Origem (DO), de café canéfora (robusta e conilon) sustentável do mundo. Este reconhecimento foi concedido pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial (Inpi) e consolida a qualidade dos cafés da espécie Coffea canephora.
Segundo o engenheiro agrônomo Enrique Alves, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), “a Indicação Geográfica serve para designar produtos ou serviços, que têm características positivas únicas e indissociáveis dos fatores que compõem a sua origem. Para produtos agrícolas, estes fatores também são conhecidos como “terroir”, uma mistura que leva em consideração clima, solo, genética e aspectos culturais da população envolvida no processo produtivo”, explica o agrônomo.
Produtor de café Alex Lima é reconhecido por produzir o grão sem usar agroquímicos
CAFÉ CLONAL
O produtor rural, Almiro Caldeira, faz parte da Associação Che Guevara, localizada em um assentamento de agricultores no quilômetro três da Linha P-34, no município. Segundo ele, “há três anos o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) adquire os produtos da Agricultura Familiar num total de R$ 6,5 mil ao ano por produtor, e doa a escolas e creches para incorporação à merenda escolar.
Também são beneficiadas com a doação, entidades assistenciais que cuidam de famílias em situação de risco alimentar”, destaca o agricultor que trabalha com a esposa e dois filhos e garante que com a renda do PAA conseguiu pagar a faculdade do filho Marcelo Caldeira, formado em Ciências Biológicas.
O cafeicultor Alex Marques de Lima, também de Alto Alegre, é campeão de qualidade na categoria conilon/robusta, no 16º concurso da Associação Brasileira de Indústria do Café (Abic), no ano passado. Alex Lima é reconhecido por produzir o grão sem usar agroquímicos.
Dezenas de cafeicultores participaram da competição, mas o café produzido por Alex Marques teve 7,48 pontos e levou o primeiro lugar. Foi a primeira vez que amostras de café robusta de Rondônia participaram do concurso e do leilão dos melhores cafés do país. “Me lembro que ficamos muito felizes, principalmente por termos um dos melhores preços no leilão durante o concurso. Os valores dos arremates foram de R$ 1.600 e R$ 1.550 para cada saca, sendo cinco vezes maior do custo de mercado (em média de R$ 300)”, relembra o cafeicultor.
Alto Alegre dos Parecis também é um grande produtor de tomates
TOMATE EM ESTUFA
Alto Alegre dos Parecis se destaca ainda na produção de tomate em estufa, como alternativa para a diversificação das atividades nas propriedades rurais incentivadas pela Emater. A produção de tomates despertou o interesse de produtores de toda a região, especialmente dos que possuem propriedades localizadas em regiões onde o clima favorece o cultivo.
A família Camargo cultiva tomate há mais de dez anos, mas em 2013 decidiu tecnificar a lavoura. Com o acompanhamento do extensionista da Emater, o engenheiro agrônomo, Aloísio Teixeira Pio, a família iniciou os testes com mudas de tomate enxertada e os resultados foram bons. Segundo o produtor rural, José Leopoldino de Camargo, “no início cultivávamos vários tipos de hortaliças, depois resolvemos optar pelo tomate, que nos últimos anos se transformou em um grande aliado para a melhoria da renda na propriedade”, conta o agricultor.
No município de Alto Alegre dos Parecis existe ainda a Terra Indígena Rio Mequéns, onde residem indígenas das etnias Makurap e Sakurabiat em uma área oficial de 108.076 hectares com 94,97% da área cobertos pelo bioma amazônico.
ESTATÍSTICAS
PIB: R$ 145 milhões
Renda per capita: R$ 21.053,93 (2018)
IDHM: 0,592 (2010)
NOVA UNIÃO
Através de memórias e do encanto das belezas naturais que o município de Nova União, localizado a 370 quilômetros da Capital, completa nesta terça-feira (22) seus 27 anos de emancipação.
A cidade integra a região Central de Rondônia, sendo originada em um pequeno vilarejo e, posteriormente, tonando-se município em 1994 após incentivo de seus moradores. É com base nesta história de luta e unidade do povo, que também nasceu o nome que se deu à localidade.
Cidade acolhedora e boa para se viver, concentra um dos maiores pontos turísticos naturais do Estado de Rondônia, o “Vale das Cachoeiras”
Essas lembranças são os principais registros de quem nasceu neste município, no qual são chamados de “nova-uniense”. São 6.895 pessoas, segundo dados de 2020 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que residem em uma área de 807,125 km² (quilômetros quadrados), cuja forma geométrica, olhando o mapa, parece de um diamante. “Um lugar muito pacato (tranquilo), sem tantos níveis de violência, e bom para se viver”, apontam seus moradores.
A professora de Geografia e História Eni Pereira da Silva, também pioneira da cidade, destaca o espírito acolhedor, simples e humilde de uma população que viveu inúmeros desafios nos últimos anos. “Cheguei à Nova União com 13 anos, na época, nem havia estradas. Como educadora lecionava de baixo de um pé de árvore para meus alunos, enquanto os pais deles construíam um barraco a fim de instalar as futuras dependências da nossa escolinha”, relembra.
Nova União tem a forma de um diamante ou losango, olhando pelo mapa
Outra memória destacada pela professora é a participação assídua de jovens em projetos escolares, semelhante a uma ação que os levou a conhecer e aprender in loco os recursos hídricos e as matas ciliares dos rios da cidade. “Saíamos aos sábados e domingos para conhecer esses espaços, um deles, onde hoje é o Vale das Cachoeiras, principal ponto turístico”, conta.
Assim como cidades vizinhas, o município carrega fatores significativos para a geração de renda e economia. Visto pela prática da Agricultura Familiar, através da produção de café, cacau e cultivo de inhame, além da produção de leite, gado de corte e algumas práticas voltadas à Piscicultura. Outros grãos também fazem parte da linha produtiva da população, mas em menor quantidade.
Eni Pereira destaca ainda que o Artesanato é valorizado por alguns moradores da região, assim como o surgimento de minindústrias de laticínios no meio rural com a fabricação de queijos e manteiga, e polpa de frutas nativas por produtores familiares.
Este ano, em decorrência da pandemia do coronavírus, está programada uma carreata festiva em homenagem aos 27 da cidade, seguindo um trajeto em todo perímetro urbano. Antes, o costume era que os cidadãos se reunissem para realizar eventos culturais e inter-religiosos, como as festividades do dia do padroeiro da região São Roque, uma romaria da Bíblia, a popular “Marcha Para Jesus”, encontros ecumênicos, festas juninas e saraus promovidos pelas escolas
UNIÃO PELO DESENVOLVIMENTO
Nova União surgiu na década de 1980, como parte das terras do chamado Projeto Integrado de Colonização Ouro Preto (PIC), organizado pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). Nessa mesma área, pouco tempo depois, concentravam-se diversos serviços básicos prestados aos moradores da região, como saúde, educação, comércio, extensão rural, agências e entidades governamentais, incluindo serviços bancários oferecidos na época pelo extinto Banco do Estado de Rondônia (Beron).
População realizando mutirão de limpeza na cidade
De 1986 a 1992, eram instaladas as primeiras secretarias e departamentos governamentais a fim de fortalecer o serviço já oferecido aos seus moradores. No período, a região ainda era classificada como distrito do município de Ouro Preto D’Oeste, no qual também recebia apoio em diversos serviços.
“Às vezes viajávamos a pé nas estradas de chão. Em qualquer casa ao longo do caminho podíamos parar e pernoitar. As pessoas até compartilhavam a comida”, descreve professora Eni ao falar sobre o espírito de unidade entre os moradores.
O anseio pela emancipação político-administrativa partiu dos próprios cidadãos. Por meio de um plebiscito em 1988, a decisão em massa dos nova-unienses era pela criação da cidade. Porém, foi somente em 1994, pela força da Lei nº 566, de 20 de junho do referido ano, que oficialmente criava-se o município.
A região possui uma área de 807 km², tendo como atual prefeito João José de Oliveira, conhecido por José Levi. Segundo os próprios habitantes, o nome da cidade expressa claramente a união dos fundadores em prol do desenvolvimento local, daí o nome “Nova União”. Uma paixão pelo território, que é evidente quando um turista passa ou visita suas dependências e, respectivamente, é bem acolhido por seus moradores.
EDUCAÇÃO
“Como era época da seca (estiagem), os próprios pais dos alunos construíam um barracão para o funcionamento da escola feito com tabuinhas, e as carteiras eram produzidas com tábuas lascadas por facão”, explica Eni Pereira sobre o surgimento das primeiras instituições de ensino. Sendo um dos fatores importante para constituição do ser humano, a Educação marcou os desafios iniciais para a formulação do município de Nova União.
A educadora lembra ainda como era desafiador oferecer ensino aos jovens que, na época, não desistiam de lidar com a rotina. “Naquele tempo os recursos eram mais escassos, não tinha nem lousas para o professor escrever, eu usava um papelão para isso. Já os alunos não tinham caderno e lápis e, em vez disso, usavam uma tábua para fazer anotações. Lembro que ia de cadeira em cadeira para corrigir as tarefas que eles escreviam”, detalha emocionada.
Em 2004, alunos da Escola Maria Goretti no desfile de “Sete de Setembro”, em Nova União
Segundo informações da Prefeitura local, existem quatro escolas na esfera municipal, duas na área urbana e as demais concentradas na área rural, especificamente nos Assentamentos Paulo Freire e Margarida Alves. A região é atendida pela Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio (EEEFM) Maria Goretti, onde fornece serviços de escolarização para todos que necessitam.
Atualmente, todas as instituições de ensino estão operando remotamente como medida de preservar o distanciamento social durante a pandemia.
VALE DAS CACHOEIRAS
Considerado maior ponto turístico da cidade e maior destaque do setor de turismo do Estado, o Vale das Cachoeiras faz parte das belezas naturais encontradas em Nova União. Segundo levantamento da Superintendência Estadual de Turismo (Setur), o lugar possui cerca de dez cachoeiras exuberantes, perfeitas para aventura e contemplação da floresta, formando piscinas com água corrente e quedas d’água de até 30 metros de altura. Há também uma boa infraestrutura, com restaurante e chalés para hospedagem.
Quando as pessoas chegam para visitar às cachoeiras, fazem um trajeto de cerca de 1km por uma passarela calçada por madeira, em meio ao contato direto da mata. O vale está entres os atrativos turísticos listados na coletânea de livros do projeto “Rondônia Tem Tudo” da Setur, com o objetivo de mostrar à sociedade rondoniense o que a região tem de melhor.
Na cidade, ainda existe um parque aquático contendo um grande tobogã, que segundo informações da Prefeitura local, é considerado o 2º maior do Brasil.
A nova atração está em processo de legalização em Nova União, o chamado Morro do Carcará, onde, segundo especialistas, tem estrutura para realização de voos livres com asa delta por atletas ou simpatizantes de modalidades esportes radicais, como forma de valorizar os recursos naturais e fortalecer o turismo regional.
ESTATÍSTICAS
Renda per capita: 17.178,06 (2018)
IDH: 0,587