Num intervalo de menos de uma semana, dois caciques indígenas, de etnias diferentes, morreram lutando contra a Covid-19 no Hospital Regional de Vilhena, onde ambos estavam internados.
O primeiro a falecer foi o cacique Manoel Sabanê. Nos documentos, ele tinha 98 anos, mas antropólogos dizem que a idade pode ser maior, já que a papelada só foi providenciada para que o ancião pudesse se aposentar. O cálculo dos estudiosos indica que ele havia passado de um século de vida.
Líder também de dois subgrupos de sua etnia (os tawandê e os manduca), o idoso centenário faleceu na noite do último domingo, 14, e foi sepultado em sua aldeia, que fica a cerca de 70 km de Vilhena, próxima de uma região conhecida como “Farinheira”.
O segundo líder indígena que perdeu a vida lutando contra o novo Coronavírus foi Lúcio Mamaindê (FOTO). Ele tinha 67 anos e era o cacique geral das dez aldeias que ficam numa área de cerca de 2 mil hectares na divisa de Rondônia com Mato Grosso, a cerca de 60 km de Vilhena.
Mesmo sentindo os sintomas da Covid-19, o cacique se recusava a vir se tratar em Vilhena, preferindo tentar a cura através dos remédios dos pajés que o atendiam. Ele chegou a tomar a primeira dose da vacina contra a doença.
Trazido para Vilhena após muita resistência, Lúcio chegou em estado grave na segunda-feira, 15, e hoje pela manhã foi a óbito.
O corpo dele foi levado para a aldeia Mamaindê Central, a maior e mais antiga da etnia, onde será sepultado em caixão lacrado, após cerimônia restrita.
De acordo com Humberto Terena, que presidente do Conselho de Saúde Indígena, e que mora em Vilhena, foram registrados poucos casos de Covid-19 entre os mamaindê, a maioria sem gravidade.
Entre os que contraíram o vírus está uma indígena que testou positivo logo após dar à luz no Hospital Regional de Vilhena, há poucos dias. O bebê também foi infectado, mas mãe e filho passam bem.