A circulação de um subtipo do vírus influenza A (H3N2), associado ao chamado subclado K, entrou no radar das autoridades de saúde e passou a ser popularmente chamada de “gripe K”. Apesar do nome, especialistas reforçam que não se trata de uma nova doença, mas de uma variação genética já esperada do vírus da gripe, monitorada por sistemas internacionais de vigilância.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), houve antecipação e aumento da circulação do H3N2 em diversas regiões, especialmente no Hemisfério Norte. Estudos recentes indicam que o subclado K esteve associado a temporadas de gripe mais longas na Austrália e na Nova Zelândia, sem aumento de mortes ou de casos graves.
Os sintomas observados são os mesmos da gripe sazonal: febre, mal-estar, dor no corpo, dor de cabeça, tosse, dor de garganta e cansaço. “Não há nenhum sintoma novo ou diferente”, explica o infectologista Renato Kfouri, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm). A duração da doença também segue o padrão habitual, entre três e sete dias.
Relatos de quadros mais intensos não significam que o vírus seja mais agressivo. Idade, presença de doenças crônicas, estado imunológico e situação vacinal influenciam diretamente a intensidade dos sintomas. Os grupos de risco continuam sendo idosos, crianças pequenas, gestantes, pessoas com comorbidades e imunocomprometidos, que concentram a maioria das hospitalizações e óbitos por influenza.
A orientação médica é procurar atendimento diante de sinais de alerta, como febre persistente, falta de ar, prostração intensa ou piora clínica, especialmente entre os mais vulneráveis. O diagnóstico precoce faz diferença: testes rápidos ajudam a identificar a influenza e permitem iniciar antivirais, como o oseltamivir, nas primeiras 48 a 72 horas, reduzindo complicações.
Embora estudos sugiram que a vacina possa ter eficácia um pouco menor contra o subclado K, a imunização segue fundamental para prevenir formas graves e hospitalizações. Para os especialistas, a principal resposta neste momento é manter a vigilância epidemiológica, ampliar a cobertura vacinal e reforçar a informação correta. A “gripe K”, até agora, é mais um lembrete da importância de acompanhar a evolução dos vírus e proteger quem mais precisa.