COLUNA SEMANAL: Sem fiscalização, asfaltamento da BR 319 poderá ser um desastre ambiental

Essa edição da Coluna dá enfâse a questão ambiental que, por muito tempo, foi tratada como segundo ou terceiro planos em RO e, hoje, estamos colhendo os problemas, frutos dessa omissão. Temos exemplos, para não cometermos novamente, os mesmos erros

COLUNA SEMANAL: Sem fiscalização, asfaltamento da BR 319 poderá ser um desastre ambiental

Foto: Divulgação

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Madeira agoniza

 

 

 


Um corpo agonizando e lutando pela vida. A cena é chocante, mas é a que melhor se encaixa para definirmos o rio Madeira nesse momento. O rio, uma vez exuberante, cheio de vida e lendas, considerado um dos mais importantes do mundo, se transformou em amontoado de pedras e areia com um tímido curso de água ainda teima em resistir. É muito triste e chocante para quem nasceu na beira dele ou conviveu com os áureos tempos dele. Tempos esses em que serviu de berço para o nascimento de Porto Velho, ou como leito para uma das maiores tentativas de se domar a floresta amazônica, a construção da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré. A capital de Rondônia, vingou. Já a ferrovia, sucumbiu, em grande parte, ao poder da floresta. Nessa mesma situação quem está sucumbindo é o rio, não pela força da floresta, mas pelas mãos dos homens. 


 

Negacionismo


 

O que temos visto nos últimos dois meses no Rio Madeira e na paisagem de Porto Velho é, no mínimo, inimaginável. De um lado, o principal rio de Rondônia morrendo e de outro, uma fumaça das queimadas que domina a cidade acompanhada de muito calor. Tudo, frutos das ações humanas que estão causando as mudanças climáticas, sentidas em todo o planeta.  No topo disso, várias pessoas negando essas mudanças, mesmo sentindo na pele os efeitos delas. É um cenário de apocalipse! Triste e real!


 

 

Asfalto

 


Nessa triste situação do rio Madeira, ressurge com força a ideia de asfaltamento da BR 319, que liga Porto Velho à Manaus, capital do Amazonas. Isso, especialmente, após a visita do presidente Lula à região, onde disse que iria asfaltar a estrada. Como ele é a principal via de transporte dos amazonenses com o resto do país, secando e se tornando impraticável a navegação, os nossos vizinhos estão se isolando e podem ficar desabastecidos de vários produtos de primeiríssima necessidade.


 

 

Mais problemas

 


 

A ideia faz todo sentido, afinal, é tirar comunidades e cidades inteiras do isolamento. Porém, quais os custos e riscos ambientais que essa ação pode causar a um dos principais biomas do mundo e que possui uma das maiores bacias de água doce do planeta? Essas são perguntas que não devem ser desprezadas em nome do progresso imediato. Pois, poderemos estar resolvendo alguns grandes problemas e criando outros ainda maiores.


 

‘Progresso’

 

 


Um texto que circulou na última semana nos veículos de comunicação intitulado: ‘BR-319: Um Caminho de Promessas e Oportunidades’, escrito pelo empresário Adélio Barofaldi, trata das necessidades econômicas e da importância que a estrada seja asfaltada para tirar do isolamento os amazonenses e propiciar uma alternativa de transporte quando o rio secar. Preocupação que faz sentido. No entanto, não se falou sobre a questão ambiental e os prejuízos que esse asfaltamento pode causar à floresta, à fauna, à flora e a grupos de indígenas isolados.


 

 

E o meio-ambiente?

 


 

Vale lembrar que num passado, não muito distante, em nome do ‘progresso’ também se estimulou a derrubada de matas em Rondônia e as consequências disso, estamos sentindo agora. Sem dúvida que se desenvolveu o Estado, criou-se cidades e oportunidades, mas para o meio-ambiente, foi válido? É uma pergunta com várias respostas. A certeza é que rios foram poluídos, florestas destruídas e a BR 364, se tornou uma espinha de peixe da destruição ambiental. 


 

Erros do Passado

 

 

 

Para o vice-presidente da Organização Sociombiental Ecoporé, biológo Marcelo Ferronato, o asfaltamento da estrada é uma necessidade. Porém, ele alerta que o que não pode ser aceito é que a pavimentação ocorra da mesma forma que ocorreu em outras rodovias, como a BR-364, a BR-163 e a Transamazônica, todas cruzando partes da Amazônia. Nesses casos, o efeito sobre o desmatamento foi devastador. “Estamos enfrentando um momento delicado, pois, embora a mobilidade seja crucial para tirar essas comunidades do isolamento, se o desmatamento ao longo da BR-319 aumentar, a Amazônia pode atingir rapidamente seu ponto de inflexão. Esse ponto é o limite em que a floresta começa a perder sua capacidade de se regenerar, agravando os impactos climáticos na região”, frisou.


 

Fiscalização Fraca

 

 

 

 

Ferronato alerta que para o asfaltamento da BR 319 ocorrer, é necessário agir de forma diferente do que sempre ocorreu no Brasil em situações como essa. “Mas apenas se medidas eficazes forem tomadas para conter o desmatamento e manter as áreas protegidas. Se isso for feito, seria algo histórico, porque, até agora, no Brasil, 100% das estradas asfaltadas resultaram em destruição ampla da floresta. Mas acredito que, pelo que a história nos mostra, dificilmente isso pode ser diferente. Temos órgãos de fiscalização muito frágeis e políticos que não privilegiam, de maneira alguma, as políticas ambientais. Não há um movimento político de fortalecimento dos órgãos ambientais em relação à estrada ou qualquer outra coisa. O que existe é um movimento político simples e puramente para a abertura e asfaltamento dessa estrada. Não há um contraponto, não há força política, não há destinação de orçamento, uma preocupação nesse sentido”, declarou.


 

RO não merece

 


Ainda nessa prosa sobre o meio-ambiente, eis que surge um vídeo, em que o responsável pela pasta ambiental em Rondônia (Sedam), Marco Antônio Lagos(foto), em 2022, diz com todas as letras que Rondônia é do agro e o governador Marcos Rocha também e desmente que esteja sendo criada qualquer reserva florestal no estado. Esse vídeo explica muito da apatia de Rondônia quando o assunto é preservação ambiental. Um secretário com essa visão à frente do órgão estadual responsável pela questão ambiental, era tudo o que Rondônia não merecia. Só lamentamos em meio a fumaça enquanto tentamos respirar! Veja o vídeo neste link

 

 

Ajuda

 

 

Uma campanha de arrecadação de água potável está sendo lançada em Porto Velho para socorrer as famílias ribeirinhas que estão sofrendo com a seca do Rio Madeira. A ação visa a doação de galões de água mineral. As doações devem ser entregues no posto de arrecadação que fica na avenida Pinheiro Machado, 1718, bairro São Cristóvão, atendendo das 8h às 14h. Ajude a diminuir o sofrimento dessas comunidades e faça a sua doação!

 

 


Agrotóxicos

 


 

 

Recentemente, a coluna abordou a questão do uso de agrotóxicos em Rondônia e o perigo que eles representam. Um leitor assíduo deste espaço e estudioso dessa questão, o médico Luís Aranha(foto), do campus da Universidade de São Paulo(USP), na cidade de Monte Negro, repassou mais alguns dados para enriquecer o debate em torno do tema em nosso Estado. Além dele, os dados foram levantados com o apoio dos acadêmicos de medicina Lorena Custódio e William Kubo. Luís contou que nenhum município de Rondônia possui o painel Vigilância em Saúde das Pessoas Expostas a Agrotóxicos(VSPEA) do Ministério da Saúde. Nele são disponibilizados dados sobre a intoxicação por esses produtos.



4 casos diários

 


 

Mas apesar disso, informou o médico, entre 2006 e 2023, Rondônia acumulou 2.828 notificações de contaminação por agrotóxicos. Analisando o cenário de 2022, isso corresponde a uma média de 13,86 notificações para 100.000 habitantes/mês, deixando o Estado na quinta posição, com 1528 casos. Ou seja, cerca de quatro casos diários. A maioria corresponde a intoxicação por agrotóxicos agrícolas, sendo que o principal motivo foi tentativa de suícidio(594 casos) e a exposição acidental aparece em segundo lugar(436 casos). 


 

Léo Moraes

 

 

 


A Coluna vem apresentando as propostas dos candidatos a prefeito de Porto Velho para o meio ambiente. Na última semana, a assessoria do prefeitável Léo Moraes(foto) enviou o plano dele para a gestão ambiental na capital. No documento, o candidato afirma que pretende implantar as seguintes ações: gestão de resíduos; investimentos em energias renováveis; conservação ambiental; manutenção e limpeza; educação ambiental. 



Bancada Rondoniense

 


 

A bancada rondoniense mostrando toda a preocupação em trabalhar pelas questões que atingem o estado de Rondônia, como a fumaça que está adoecendo a população e a seca que afeta diversas comunidades, assinou em peso o pedido de impeachment do ministro do Supremo Tribunal Federal, Alexandre Moraes. Aliás, quem figura como co-autor da denúncia é o deputado federal Thiago Flores. Ele foi seguido pelos parlamentares rondonienses: Lebrão, Cristiane Lopes, Thiago Flores, Maurício Carvalho, Lúcio Mosquini, Sílvia Cristina, Coronel Chrisóstomo e Fernando Máximo. O texto acusa o ministro de violações ao ordenamento jurídico constitucional e infraconstitucional, com atos caracterizados como prevaricação, abuso de autoridade, perseguição política, e restrições a direitos políticos de parlamentares no exercício de suas funções. É, meus amigos, vamos comprar mais purificadores de ar, nebulizadores e umidificadores que vamos precisar!



Garçom x Delegado

 


Candeias do Jamari também está em ritmo de eleição para prefeito e vereadores. Por esse motivo e para deixar você ainda mais informado, o Programa Conexão Rondoniaovivo, recebeu os candidatos Lindomar Garçon, atual prefeito que tenta a reeleição; e o delegado Sandro Moura, que está estreando na política e tenta se tornar prefeito da cidade. Confira as entrevistas dos dois prefeitáveis com o jornalista Ivan Frazão.

 



Partido Novo


 

Quem também participou do Programa Conexão Rondoniaovivo, foi o também candidato a prefeito, só que de Porto Velho, Ricardo Frota(Partido Novo). No bate-papo ele falou da decisão de participar da disputa e das dificuldades para enfrentar o poderio econômico. Confira nesse link.

 

 

CRA

 


 

O Conselho Regional de Administração terá eleição no próximo dia 18 de setembro. A Chapa 1 encabeçada pela administradora Creuza Gomes Batista, Ramon de Souza Canto e Jean Carlo Silva dos Santos está na disputa. Ela apresenta um conjunto sólido de propostas que buscam o fortalecimento da profissão de administrador e tecnólogo no estado. Além dos titulares, a chapa conta com os suplentes Clébio Billiany de Mattos, Robercy Moreira da Matta Neto e Mariluce Paes de Souza, bem como os suplentes para vagas especiais Roger Francis Cardoso Ribeiro, Elton Parente de Oliveira e Valdirene da Silva Santos Ferreira. No cenário federal, a Chapa 1 é encabeçada pelos administradores Cleverson Brancalhão da Silva e Ivanilda Frazão, reforçando ainda mais a busca por melhorias e avanços para os profissionais da administração em nível nacional.




Sumiu


 

Na última semana, um leitor enviou a seguinte pergunta: onde está o Relógio do Descobrimento, que ficava no Trevo do Roque, na capital? Ele foi criado para celebrar o aniversário do descobrimento do Brasil e havia sido desenhado pelo design Hans Donner, da Rede Globo. Mais um mistério da cidade!




Carros Antigos


 

Neste sábado(14), a partir das 18h, tem exposição de carros antigos no Porto Velho Shopping. Uma boa pedida para levar a família e viajar no tempo com os clássicos que dominaram as ruas e estradas do país. Aproveite e faça as fotos!

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