Época crítica de destruição da mata ocorre até outubro, segundo MapBiomas
Foto: Incêndios na Amazônia avançam quase todos os anos - Pixabay
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A Amazônia, conhecida como pulmão do mundo, enfrenta anualmente uma série de incêndios florestais devastadores que caracterizam o período conhecido como a “temporada do fogo”.
Essa fase, que acontece durante a estação seca do bioma, conta com uma alta taxa de ocorrência de incêndios – 81% deles ocorrem de agosto a novembro, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE).
Foto: Toa55 - IStockPhoto
Regiões mais atingidas
Nos últimos 38 anos, a ‘temporada do fogo’ tem atingido mais fortemente os estados do Pará, Mato Grosso e Roraima, tornando-os as regiões com maior ocorrência de incêndios florestais na Amazônia entre 1985 e 2022.
As cidades mais afetadas incluem São Félix do Xingu, Cumaru do Norte e Altamira, no Pará; Porto Velho, a capital de Rondônia; Santana do Araguaia, também no Pará; e Vila Bela da Santíssima Trindade, em Mato Grosso.
Notavelmente, a Amazônia foi palco de 43,6% de todas as queimadas no Brasil de 1985 a 2022, correspondendo a uma área total de 80,9 milhões de hectares dos 185,7 milhões de hectares queimados em todo o país. No contexto da área total do bioma, 19,2% foram afetados por incêndios durante esses 38 anos. Os tipos de vegetação mais atingidos foram as pastagens (56%) e as florestas (44%).
Em 2022, a área queimada na Amazônia aumentou de forma alarmante, totalizando 7,9 milhões de hectares, uma alta de 50% em comparação com 2021, quando 5,3 milhões de hectares foram queimados.
Custos
Os danos causados pelos incêndios florestais são assustadores. A área queimada na Amazônia de agosto a novembro do ano passado atingiu 5,4 milhões de hectares, mais que o dobro dos 2,2 milhões de hectares queimados no mesmo período de 2021.
De acordo com dados da plataforma MapBiomas Fogo, em 2017, a região registrou o maior índice de queimadas no período, com 6,7 milhões de hectares – uma área maior que o estado da Paraíba.
Conforme os dados do MapBiomas, a temporada de fogo na Amazônia é um fenômeno registrado há pelo menos 38 anos. O ano de 1997 foi particularmente devastador, com cerca de 92%, ou 7,2 milhões de hectares, dos 7,8 milhões de hectares atingidos pelo fogo queimados entre agosto e novembro.
A constante ocorrência de incêndios na Amazônia durante a temporada de fogo é uma questão urgente que precisa ser tratada com seriedade, considerando não apenas o impacto ambiental, mas também a vida e o bem-estar das comunidades que habitam essa região.
Condições e incêndios
Durante a estação seca, a vegetação e a matéria orgânica no solo tornam-se mais suscetíveis à queima, facilitando a propagação das chamas. O ar menos úmido também contribui para o alastramento do fogo e dificulta o combate aos incêndios.
A principal fonte de ignição dos incêndios florestais na Amazônia é humana, originada de práticas produtivas ligadas ao desmatamento e ao manejo de pastagem, explica Ane Alencar, diretora de Ciência no Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (IPAM) e coordenadora da rede MapBiomas Fogo.
No Brasil, a estação seca na maior parte do bioma Amazônico ocorre de julho a outubro, com o auge a partir de agosto. Nesse período, 75% de toda a área queimada na Amazônia entre 1985 e 2022 foi registrada, de acordo com o MapBiomas Fogo.
Mesmo com condições heterogêneas em um ecossistema continental, a relação entre seca e fogo permanece. Roraima, por exemplo, registrou um aumento de 95% na área queimada até abril deste ano.
Os incêndios florestais na Amazônia têm gerado impactos significativos além das fronteiras do Brasil. Em 2019, a fumaça dos incêndios transformou o dia em noite na cidade de São Paulo e em 2022, a fumaça atingiu outros países, como Bolívia e Peru.
Papel do Clima
O clima na Amazônia tem um papel crucial na ocorrência de incêndios florestais. A região apresenta uma precipitação média anual de 2.300 milímetros, com algumas áreas chegando a registrar até 3.500 milímetros por ano. Durante a estação chuvosa, a precipitação média diária é de 10 milímetros, enquanto na estação seca, alguns locais podem ter uma precipitação mensal de apenas 50 milímetros.
No entanto, esses padrões estão mudando. As mudanças climáticas provocadas pela ação humana têm alterado o padrão de chuva na Amazônia. Há uma tendência de diminuição da duração da estação chuvosa e aumento da duração da estação seca, principalmente na região sul do bioma.
As projeções indicam uma maior probabilidade de eventos climáticos extremos de chuva e seca, com um impacto multiplicado em grandes extensões de áreas desmatadas, como o arco do desmatamento, que se estende do leste e sul do Pará em direção ao oeste, passando por Mato Grosso, Rondônia e Acre.
Essa tendência em curso coloca em evidência a necessidade urgente de ações concretas e efetivas para combater o desmatamento e mitigar os efeitos das mudanças climáticas na Amazônia, a fim de preservar este valioso bioma para as futuras gerações.
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