O Laboratório Central de Rondônia, conhecido como Lacen, é público e foi um dos grandes protagonistas no combate a covid-19 em nosso Estado. No auge da pandemia, servidores não mediram esforços para entregarem os resultados de testes e, assim, agilizar o início do tratamento. Isso, salvou muitas vidas e ceifou outras tantas de funcionários que estavam na luta para combater o vírus.
Hoje, o Lacen tem à frente duas biomédicas,Ciciléia Correia(diretora-geral) e Aline Linhares(diretora-adjunta). Elas participaram do Programa Conexão Rondoniavivo, apresentado pelo jornalista Ivan Frazão, onde falaram sobre a trajetória e as atividades desenvolvidas pelo laboratório.
Ambas explicaram que o Lacen é um laboratório de saúde pública que tem uma estrutura distribuída em todos os Estados brasileiros e que se conectam entre si. Além, do trabalho conjunto com instituições de saúde. Hoje, são feitas desde análises clínicas comuns até às de alta e média complexidade.
As diretoras informaram que, atualmente, mensalmente, são feitas uma média de 30 mil a 40 mil exames. As análises feitas pelo Lacen têm como foco as doenças que podem impactar na população. Ao contrário dos laboratórios tradicionais, onde os exames tem como foco situações fisiológicas individuais.
Além disso, promove também a melhoria da qualidade da mão de obra que atua nos laboratórios localizados em diferentes pontos de Rondônia.
“Fazemos capacitação não só para a malária, mas para hanseníase, leishmaniose e tuberculose, que são padrões do Lacen. Nós treinamos os 52 municípios. Em qualquer munícipio que tenha alguém interessado em aprender, técnicos ou nível superior, fazemos o treinamento e atestamos que está apto para elaborar os diagnósticos naquela localidade”, explicaram.
Modernização
Cicileia e Aline relataram que a pandemia de covid-19 foi um marco na história do Lacen. Isso porque, colocou em evidência o trabalho desenvolvido pela instituição e a importância de se investir em saúde pública. As duas disseram que já era feita biologia molecular para vírus respiratórios no laboratório, mas com a chegada da covid-19 foram feitas mudanças.
“Trabalhávamos nessa área com uma servidora só, que era a drª. Adriana Salvador. Quando veio a pandemia, enviamos ela para o Instituto Evandro Chagas, no Pará, que é a nossa referência, onde foi fazer o treinamento para esse vírus, no dia 15 de março. Quando ela chegou, dois dias depois, vieram os kits e já começou a primeira rodada de teste, quando tivemos os dois primeiros casos positivos. Aí, virou uma loucura! Todo mundo apavorado! Mas não paramos nenhum setor do Lacen na pandemia. Tivemos que colocar servidores emergenciais e treinamos eles para fazer biologia molecular. Toda a nossa força de trabalho ficou voltada para a pandemia. Foi uma verdadeira guerra! Tivemos um grande parceiro que foi a Fiocruz”, relataram.
O Lacen durante a pandemia através do governo do estado e da Sesau, adquiriu uma série de novos equipamentos, que aumentaram a capacidade analítica do laboratório. Além, de abrir para o diagnóstico de outras doenças como por exemplo, Dengue, Zika, Chicungunya, resistência bacteriana entre outros.
“Foram investimentos altíssimos em tecnologia de ponta para o Lacen. Conseguimos comprar três extratores automáticos de RNA e DNA. Hoje, temos cinco amplificadores automatizados que trabalham em conjunto com os extratores. Temos um robô, que não tínhamos antes da covid. Foram investimentos feitos para a pandemia, mas, hoje, fazem toda e qualquer análise. Nós ampliamos o nosso laboratório e consigamos fazer até sequenciamento genético. Além, de aprimorarmos a nossa mão de obra”, ressaltaram.
As duas lembraram que tudo isso foi alcançado com um custo muito alto, em especial, pela morte de servidores que se contaminarem com o vírus da covid-19. Elas disseram que foi um trabalho exaustivo durante a pandemia e a equipe teve que se reduzir.
“Muitos dos nossos funcionários tem idade avançada e, devido ao decreto, tiveram que ficar em casa. Assim, metade da nossa equipe teve que sair, corredores ficaram vazios. Fazíamos uma média de 3 mil amostras por dia. Foi uma batalha. Lamentamos pelos colegas que morreram. Mas conseguimos, crescemos e ganhamos visibilidade”, concluíram.