Calor, raiva e vontade de desistir do curso. Estas são apenas algumas das sensações que os estudantes da Universidade Federal de Rondônia sentem ao entrar no ônibus 211 - Campus UNIR. Na noite desta segunda (26), o rebu, que não é novidade, se instalou novamente nas paradas de ônibus do campus José Ribeiro Filho.
Dezenas de estudantes relataram dificuldade de utilizar o transporte público, que é de responsabilidade da empresa COM/JTP Transportes e gerido pela Prefeitura de Porto Velho.
‘O número de estudantes aumenta, mas eles [a COM PVH e a Prefeitura] não aumentam a quantidade de ônibus’, afirma Lívia Poubel, estudante de matemática da UNIR.
A UNIR é a única universidade federal de Rondônia, e também a única instituição pública de ensino superior no estado. Os estudantes, que aumentam a cada processo seletivo, estão fartos da falta de assistência estudantil e da ineficiência do transporte.
‘É podre, horrível e decadente’, concluiu Poubel, indignada.
Os estudantes também denunciaram a precariedade da infraestrutura dos ônibus. Sete entre os dez entrevistados pelo Rondoniaovivo, afirmam que passam calor dentro do 211/Campus UNIR.
‘Me sinto uma sardinha. Não dá nem vontade de ir [para a faculdade] com um ônibus desse. O ar-condicionado nunca funciona’, disse um estudante do curso de jornalismo da universidade federal.
É fácil avistar um ônibus 211/Campus UNIR lotado rodando pelo centro da capital, difícil mesmo é subir em um ‘211’, seja ele lotado ou não. Os estudantes da UNIR afirmam que até mesmo quem paga a passagem não consegue entrar na condução.
‘De dia, o fluxo é ainda mais intenso. Isso sem contar os alunos da comunidade da Vila Princesa. Ontem mesmo, o jovem não pôde ir devido a lotação, e o mesmo já tinha pago a passagem’, afirmou Sharon Wayne, estudante de jornalismo e que diariamente passa sufoco com os ônibus da capital.
Um dos estudantes, Vinícius Gonçalves, afirma que a decadência do transporte acaba afetando a educação dos universitários.
‘Alguns professores são muito carrascos e não aceitam atraso. Um amigo meu já levou falta porque o ônibus quebrou no meio do caminho e a gente se atrasou para a aula. Saímos de casa antes das 06:00 e só chegamos na UNIR depois das 08:00’, afirmou Vinícius.
Outra estudante, também do curso de jornalismo e que preferiu ficar anônima, declara que a insuficiência da linha 211 afeta a qualidade de vida de todos os passageiros.
‘O ônibus demora. O último horário é 23:00. Leva mais de meia hora pra chegar da UNIR até o centro da cidade. Já cheguei em casa pra lá de meia noite. Eu chego no campus às 19h/19:30 e só consigo chegar em casa pela 00:00. Não tem cabimento’, afirmou a estudante.
A redação entrou em contato com a COM PVH, com a Secretaria Municipal de Trânsito, Mobilidade e Transportes (SEMTRAN), com a Prefeitura de Porto Velho com a Reitoria da Universidade Federal de Rondônia, com a Diretoria de Assuntos Estudantis (DAE) e a Ouvidoria da universidade, por e-mail, telefone e mensagem.
A DAE se prontificou a encaminhar o relato dos estudantes à SEMTRAN, e afirma que ‘eles já se mostraram prestativos antes, realizando adequações na linha’.
A Ouvidoria afirma que a Reitoria irá se manifestar sobre o assunto relatado.
O espaço segue aberto para esclarecimentos. Enquanto esperamos as respostas da SEMTRAN, da COM, da Prefeitura e da Reitoria, os discentes continuam enlatados, passando raiva e calor, dentro dos ônibus rumo à universidade.