FALSA REALIDADE: No papel, crianças de Porto Velho têm merenda escolar deliciosa e variada

Após divulgação do Rondoniaovivo, até pão “seco” sem margarina é servido para alunos

FALSA REALIDADE: No papel, crianças de Porto Velho têm merenda escolar deliciosa e variada

Foto: Imagem de 2021 mostra o quanto merenda escolar era apetitosa e farta em Porto Velho - Saul Ribeiro/Prefeitura - SMC

Muita gente sabe que há uma grande diferença entre a teoria e a prática. Ou melhor: entre a realidade e o sonho. Pois, sonho é o que vivem centenas de crianças que estudam em escolas públicas municipais de Porto Velho.

 

Após o Rondoniaovivo divulgar na quarta-feira (15) a precariedade e o baixo valor nutricional da merenda escolar, baseado em lanches formados apenas por sucos, achocolatados, bolachas água e sal ou rosquinhas de côco, o jornal eletrônico recebeu vários documentos.

 

Entre eles, tivemos acesso de forma exclusiva ao cardápio padrão da rede municipal de ensino. Os documentos são assinados por duas nutricionistas e repassado às creches que atendem crianças de 01 a 03 anos, além das unidades que têm pré-escola e que recebem meninos e meninas de 04 e 05 anos de idade.

 

 

Para os bebês, na tabela há vitamina de mamão, vitamina de banana, mamão em cubos com leite em pó, cuscuz com manteiga e mingau de banana no chamado lanche de entrada dos pequenos alunos e alunas, que é às 08 ou 14 horas.

 

Na refeição servida às 10:30 ou 16:30, só delícias (que em alguns casos, fica apenas nos pensamentos dos pequenos): risoto de carne, peito de frango acebolado, bife de panela com batata, frango ao molho e macarrão com carne, além de acompanhamentos como arroz, feijão e salada.

 

 

Os estudantes um pouco maiores teriam no papel refeições mais reforçadas, que são divididas em semanas 01 e 03, além de 02 e 03 para variar as opções.

 

Delícias previstas, porém muitas vezes não chegam ao prato delas em diversos casos: risoto de carne com cenoura, peito de frango acebolado, bife de panela com batata, frango ao molho com batata, macarrão com carne, farofa de cuscuz com ovo, carne ensopada com abóbora, macarronada de frango, entre outros pratos, sempre com acompanhamentos (arroz, feijão e salada).

 

 

As perguntas que ainda não foram respondidas pela Prefeitura de Porto Velho e pela Semed: por que há tantas diferenças entre as escolas da mesma cidade, sendo que há um cardápio padrão? Por que o recurso ainda não está sendo aplicado em sua totalidade em todas as unidades?

 

E ainda: Com aulas suspensas em algumas escolas do Baixo Madeira e na zona rural (por falta de transporte escolar/fluvial), o que está sendo feito com o recurso da merenda escolar?

 

 

Uma mãe que está em contato com a redação afirmou que tomará providências em breve: “Estamos cansados de tantas promessas. De ter que completar alimentação correta em casa, sendo que há recursos previstos do Governo Federal, mais complemento da prefeitura. Acho que os pais e mães tem que procurar o Ministério Público Estadual urgente”.

 

Imagem mais recente (de junho de 2022) mostra que a merenda escolar em todas as escolas da capital eram mais completas e iam além de suco, achocolatado e bolachas - Foto: Divulgação/Prefeitura de Porto Velho

 

Denúncias

 

Com a reportagem da quarta-feira (15), dezenas de mensagens e comentários chegaram até a redação e apontaram que a situação é muito pior do que a vivida pelas crianças da creche Marise Castiel e da escola Manoel Aparício de Almeida.

 

Nestas duas unidades, ainda é servido quase todos os dias suco, achocolatado e bolachas do tipo água e sal ou rosquinhas de côco. Em outra, apenas pão “seco”, sem margarina, segundo uma leitora.

 

 

“Meu filho me falou que quando servem o pão na escola dele, não tem nem margarina. Antes era pão com carne. Acho triste a situação da merenda escolar. Caiu muito na qualidade”, informa ela que mora na zona Sul da cidade.

 

Uma outra mãe também relatou outros problemas recorrentes: “Ano passado, nem livro minha filha recebeu na escola do município. Imagina o lanche. Quando não é biscoito com suco, é um mingau. Escola do município é horrível a administração”.

 

 

Entre tantas mensagens, uma mãe que tem filho na creche Marise Castiel, desabafou: “Fico muito triste. Meu filho estuda no Marise Castiel. Já pensei em tirar ele de lá. Ele sempre fala que a merenda é suco ou bolacha”.

 

 

Sem pressa

 

Somente por volta das 07 da noite da quarta-feira (15), cerca de oito horas depois da publicação da reportagem “Escolas de PVH servem merenda escolar sem valor energético para alunos”, é que a Superintendência Municipal de Comunicação (SMC) da Prefeitura de Porto Velho respondeu nossos questionamentos sobre a merenda escolar em algumas escolas municipais.

 

Em relação às crianças da creche Marise Castiel lancharem no sol: “A gestora informa que a refeição era finalizada quando o local começou a ser alcançado pelo sol, momento em que foi feito o registro fotográfico. Devido às obras, as refeições estão sendo feitas nesse espaço”.

 

Apesar das denúncias de que, sistematicamente, alunos e alunas se alimentarem apenas com suco, achocolatado e bolachas, a Semed reforça:

 

“As escolas não devem ofertar somente bolacha com biscoito. É oferecido um cardápio de qualidade e, para tanto, foi investido mais de 200% em alimentação escolar. Nossa equipe já esteve junto à escola e serão sanados todos esses pontos”.

 

A secretaria ainda destaca que “não existe falta de recurso. Os valores já estão em conta. Em dezembro do ano passado (2022), a Semed ofertou parcela extra para que as escolas estivessem preparadas para execução dos cardápios com ainda mais qualidade na alimentação”.

 

Mesmo com nossa insistência, nem a Prefeitura de Porto Velho nem os responsáveis pela Educação municipal revelaram o total gasto com compra de alimentos para as crianças. Foi enviado apenas um cálculo genérico, onde é revelado o valor investido pelo Governo Federal e pelos gestores porto-velhenses.

 

“Os valores federais para pré-escola é de R$ 0,53 e creche R$ 1,07. Esses valores são multiplicados pelo número de alunos x 20 dias letivos. O recurso municipal é R$ 0,50 x número de alunos x 20 dias letivos = o valor mensal x 10 para chegar ao valor anual”.

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