Já havia um alerta para uma nova epidemia da dengue em 2022, de acordo com o ministério. A situação deve se manter nos primeiros meses de 2023. A expectativa era de que as regiões mais quentes e úmidas liderassem o números de casos, mas a surpresa foi que a dengue se espalhou mais em regiões onde, geralmente, o clima predominante não é o preferido pelo mosquito Aedes aegypti. As cidades com o maior número de casos foram Brasília/DF (70.672), Goiânia/GO (56.503), Aparecida de Goiânia/GO (27.810), Joinville/SC (21.353) e Araraquara/SP (21.070).
Em relação às mortes, até o momento, foram confirmados mais de mil óbitos por dengue. Os estados que apresentaram o maior número de mortes foram: São Paulo (282), Goiás (162), Paraná (109), Santa Catarina (88) e Rio Grande do Sul (66). De acordo com a pasta, períodos chuvosos, principalmente no verão, e a diminuição da percepção de risco para a doença são apontados como os principais motivos do aumento dos casos e mortes em 2022.
Em Brasília, foram notificados 85.560 casos suspeitos de dengue, dos quais 70.672 eram prováveis. Foi um acréscimo de 312,4% em comparação ao mesmo período de 2021, quando foram registrados 16.888 casos. Dos 3.027 casos prováveis em outras unidades da Federação, 2.905 foram de residentes no estado de Goiás, o que representa 95,97% do total. Os números acendem o alerta entre os infectologistas devido ao comportamento da doença, que aumenta a transmissão entre outubro e maio, por causa do período de chuvas.
A publicitária Catarine Torres, 23, entrou para as estatísticas ao ser diagnosticada com dengue tipo 3, a forma mais agressiva da doença, em outubro do ano passado. O irmão da jovem também foi diagnosticado na mesma época. Os diagnósticos assustaram a família, que costumava tomar os cuidados necessários em casa contra prováveis focos da doença. Porém, Catarine conta que não notava as mesmas preocupações entre vizinhos.
A moradora de Sobradinho relata a experiência da infecção grave como "a pior doença da vida". Catarine se sentia muito fraca, a ponto de perder as forças do corpo ao descer as escadas de casa. "Sentia calafrios, principalmente nos primeiros dias, quando estava com febre. Uma sensação muito esquisita, parecia que a alma estava se esvaindo. Depois, comecei a sentir enjoo, tinha dificuldade para comer", detalha. "Minhas articulações, músculos, doíam como se eu tivesse feito exercícios." Apesar da gravidade, ela recebeu a recomendação de se tratar em casa e se curou após algumas semanas.
O diretor de Vigilância Ambiental da Secretaria de Saúde, Jadir Costa Filho, explica que os dados alarmantes podem ser reflexo da pandemia de covid-19. "Com a pandemia, os agentes estavam impedidos de fazer vistorias nas casas; além disso, muita gente pode ter apresentado os sintomas e imaginado ser covid-19, o que dificultou a nossa computação", disse. "A partir deste ano, os dados tendem a se normalizar por conta da volta das visitações e a vacinação contra a covid-19. Esse dado assusta, mas certamente irá se estabilizar."