Porto Velho, RO – O senador de Rondônia Marcos Rogério, do PL, não surpreende ao integrar o time dos maus perdedores. Ele, que só em 2022 sofreu quatro derrotas (primeiro e segundo turnos na postulação pelo Palácio Rio Madeira) e o mesmo em relação a Jair Bolsonaro, seu correligionário, na contenda pelas rédeas do Planalto, ruma ao quinto beijo na lona consecutivo. Desta feita, como diz seu amigo, “fora das quatro linhas”.
Com o intento institucional de cunho paralelo, liderado pelo seu colega Luiz Carlos Heinze, do PP do Rio Grande do Sul, além do próprio e de Rogério, outros 12 senadores adeptos se arvoram no que denominam como “estudo técnico divulgado por um canal argentino que apontou suposta manipulação do resultado nas últimas eleições”.
O “estudo técnico” argentino, levado a cabo por Fernando Cerimedo, apoiador de Bolsonaro, já foi desmentido por agências de checagem, e sua live no YouTube restou “derrubada” pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
O congressista de Ji-Paraná, que perdeu completamente a vergonha, diz, via assessoria, que “é preciso investigar com rigor e, havendo elementos que indiquem irregularidades, que sejam adotadas as providências cabíveis”.
E concluiu:
“O Estado não pode se omitir diante de denúncias como essas. Estamos trabalhando para o restabelecimento da verdade”, apontou.
Bolsonaro perdeu. Marcos Rogério perdeu. Mas as urnas revelaram o bolsonarismo como o grande vencedor do pleito. Tamanha é a força de sua expressão que a maioria no Congresso pertence ao espectro mais à direita e a governabilidade plena do futuro governo Lula, do PT, dependerá basicamente das articulações com o famigerado Centrão.
Em São Paulo, maior colégio eleitoral do País, Tarcísio de Freitas, do Republicanos, ex-ministro do ainda regente da União, consagrou-se governador, batendo o petista Fernando Haddad nas duas etapas.
Nikolas Ferreira, jovem vereador de Belo Horizonte, obteve quase 1,5 milhão de votos em Minas Gerais elegendo-se deputado federal após tornar-se uma espécie de porta-voz de Bolsonaro nas mídias nacionais e internet.
Outros expoentes da vertente ideológica foram encaminhados ao Poder através da vontade soberana do povo registrada nas urnas eletrônicas.
A ex-ministra Damares Alves (Republicanos-DF) sagrou-se senadora da República; Tereza Cristina (PP-MS); Marcos Pontes (PL-SP); e Rogério Marinho (PL-RN), idem.
E há outros como Mário Frias, do PL, eleito deputado federal por São Paulo; Eduardo Bolsonaro, idem; Alexandre Ramagem, escolhido pelo Rio de Janeiro; Osmar Terra, pelo Rio Grande do Sul; Jorge Seif, senador por Santa Catarina; e Marcelo Álvaro Antônio, deputado federal também por Minas Gerais.
E o perdedor Marcos Rogério, que censurou o vitorioso xará, Rocha, do União Brasil, movendo ação na Justiça Eleitoral impedindo o adversário de usar a imagem do amigo Jair Bolsonaro no pleito, reclama sobre a liberdade de expressão. A mesma que ajudou a cercear durante o processo eleitoral.
“Marcos Rogério também criticou o TSE por censura prévia àqueles que questionam a lisura do processo eleitoral", diz sua assessoria. "É dever do TSE esclarecer ponto a ponto o processo eleitoral. Não cabe blindagem, nem rotular como ataques à democracia os questionamentos que são levantados pelos eleitores de forma legítima", alega o quadruplamente derrotado.
Em suma, Rogério não reclamou quando fora elevado à condição de vereador em Ji-Paraná; também não abriu a boca quando ascendeu, chegando a Brasília com status de deputado federal, a primeira vez porque Lindomar Garçon fora cassado. Aliás, à época da cassação de Garçon, o congressista não tinha nada a reclamar sobre a Justiça Eleitoral. Reeleito membro da Câmara dos Deputados, desta vez diretamente, nem um pio.
E finalmente em 2018, quando se tornou senador da República, e seu aliado Bolsonaro, o presidente, também não tinha nada a dizer a respeito das urnas eletrônicas.
Agora, sob pretexto de identificar e denunciar supostas fraudes, coincidentemente levado à bancarrota quatro vezes – tanto em Rondônia quanto nacionalmente, já que o “22 lá e cá” não colou, o procedimento de votação é passível de fraude, não é seguro.
“Mas quando vemos o relatório das Forças Armadas, percebemos que não há sistema 100% seguro e as urnas são, sim, passíveis de vícios e falhas”, encerra.
Marcos Rogério vai perder pela quinta vez, desta feita no intento mais vergonhoso de todos. Disputar uma eleição e ganhar ou perder é do jogo. Mas um mau perdedor usar de artimanhas para tentar remodelar o sistema a seu bel prazer, aí já é, além de ridículo, expressão de uma faceta mimada de autoridade pública cheia de si.