Aos poucos e com a economia em frangalhos, todo o planeta procura voltar à normalidade pós-pandemia, principalmente as empresas privadas, tanto no comércio, indústria, oficinas, clínicas e outras em geral.
Trabalhadores cumprem jornadas normais, com produção acelerada em alguns setores. Tudo isso impulsionado pela proteção dada pelas vacinas contra a Covid-19.
Na contramão disso tudo, um órgão no Bairro Embratel, em Porto Velho, parece que ainda está com muita preguiça: a Câmara de Vereadores tem um vírus crônico conhecido da sociedade, o da “mordomia pública”, para o qual ainda não tem vacina nem remédio.
Isso impede que alguns vereadores retomem seus afazeres em benefício da população, que acorda cedo, trabalha e garante o pão de cada dia, além de pagar as contas com muita dificuldade.
Sossego
Na Casa de Leis municipal, as coisas parecem acontecer sem muita pressa, já que os parlamentares não foram obrigados a retornar aos gabinetes e nem às sessões presenciais.
Câmara de Vereadores de Porto Velho é a única entre as capitais que ainda trabalha de forma remota e presencial - Foto: Saul Ribeiro
Podem continuar participando de casa, ficando livres do “cansaço” de ter que encarar o trânsito e vir à repartição pública. Além de, claro, conseguir economizar, já que o preço da gasolina está nas alturas.
Mas isso já causa impactos no dia a dia da população: na última segunda-feira (16), a sessão ordinária foi encerrada por falta de quórum e dois projetos deixaram de ser votados. Houve aborrecimento e mal-estar entre os vereadores presentes que não aceitaram a ausência injustificada dos colegas à votação.
Revolta
Everaldo Fogaça (Republicanos) é um dos que já demonstrou que a situação é constrangedora. Fogaça disse que essa falta de compromisso de alguns membros do Legislativo pode repercutir negativamente junto à mídia e arranhar a imagem de quem tem cumprido com as obrigações.
Ellis Regina (Podemos) destacou que, devido à pandemia, o horário de sessão foi reduzido a apenas um dia da semana e de forma remota. Ela ainda destacou, que mesmo assim, tem vereador que não comparece nas votações, desgastando a imagem da casa.
Ela foi a primeira a assinar requerimento para retorno das sessões para dois dias da semana.
Não gostou
Quem não gostou das reclamações dos colegas foi o presidente Edwilson Negreiros (PSB), que subiu à tribuna e falou que estava havendo usurpação de suas prerrogativas de chefe do Legislativo.
Já Márcio Pacele (do PSB, que teve de retirar projeto da pauta), disse que não votaria projeto do colega Rai Ferreira (do PSD, autor do último projeto da pauta). Isso porque Rai, que é vice-presidente da Casa, seria um dos vereadores que estavam “desligados” sempre e não estaria comparecendo presencialmente às sessões (nem presenciais nem online) há muito tempo.
Segundo informações conseguidas no Portal da Transparência da própria Câmara de Vereadores pelo
Rondoniaovivo, Rai Ferreira tem um salário de R$ 13.951,75, além de uma gratificação de 2 mil reais por ser vice-presidente da Casa (onde supostamente não aparece para trabalhar). O total do vencimento é de R$ 15.951,75.
Segundo contracheque de Rai Ferreira (PSD), ele ganha 15 mil reais como vereador e vice-presiente da Casa; não há desconto por faltas injustificadas - Foto: Reprodução de Tela
Eleições
Segundo informações de bastidores, as confusões entre os vereadores estão acontecendo por causa das campanhas para deputado estadual. Como é impossível estar em dois lugares ao mesmo tempo, as ausências seriam daqueles já comprometidos com as eleições de outubro.
Ainda na semana passada, aconteceu um encontro entre os parlamentares de Porto Velho para tratar do desgaste provocado pelas faltas nas sessões presenciais. A questão não foi resolvida e está causando muitas dores de cabeças para todos.
Já em contato com o colunista Cícero Moura, o vice-presidente da Câmara de Vereadores, Rai Ferreira, falou que a informação de que ele não comparece às sessões é intriga provocada pelos vereadores Fogaça e Márcio Pacele.