SAÚDE: Porque os homens vivem menos que as mulheres? Fique atento!

Entenda o que pode estar por trás das estatísticas.

SAÚDE: Porque os homens vivem menos que as mulheres? Fique atento!

Foto: Divulgação

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Provavelmente você já deve ter ouvido falar que homens vivem menos que mulheres. De acordo com o IBGE, dados de 2020 a expectativa de vida dos homens era de 73,3 em comparação com a mulher de 80,3 anos. Isso sem considerar os efeitos da Covid-19. Ainda segundo IBGE, os homens frequentam muito menos o médico que as mulheres. Mas afinal de contas, quais comportamentos estariam por trás dos números?
 
O lugar e a condição dos homens e mulheres no mundo ocidental contemporâneo vem sendo muito discutido, tradicionalmente o que é ser homem e mulher tem sido associado a um conjunto de ideias práticas que identificam essa identidade, habilidade, força e a própria constituição biológica. Do outro extremo da vida também se percebe que homens morrem mais cedo que mulheres. E tem expectativa de vida menor. Essas discussões fazem acompanhar o debate mais amplo a respeito da crise de identidade masculina que a partir do século 20 vem construindo tudo isso.
 
É unânime que essas discussões demonstram que a identidade masculina está em crise. Falando de existência é uma contradição entre o poder do macho e a vivências de novos modelos de masculinidade. Embora o modelo hegemônico construído a partir de valores patriarcais e machistas já tenha sido tão amplamente criticado é o mesmo que em uma época recente ele convivia com outros modelos. Ainda prepondera que ainda existe a associação masculinidade viril, competição e violência.
 
No caso brasileiro essas questões se expressam de maneira intensa, tendo em vista as imensas desigualdades sócio-econômicas estruturais da sociedade e estruturante das identidades de gênero aliada uma cultura latina historicamente machista. O que considera que tais características constituem o pano de fundo que cerca o cenário para a maior vulnerabilidade do gênero masculino vir a se envolver com a violência, ora como autor ora como vítima. 
 
Em relação às questões relacionadas à busca de cuidado, onde para muitos homens essa questão da socialização o autocuidado não é visto como uma prática masculina. De acordo com o psicólogo Wadson Arante dos Santos professor de graduação de pós-graduação do IPOG, é muito importante refletir a respeito dessa discussão onde homens não conseguem trabalhar esse próprio cuidado com o corpo deles. “Nesse cenário os homens se tornam prisioneiros, uma vez que o privilégio masculino pode ser uma cilada, fazendo com que a todo custo o homem tenha que provar sua virilidade deixando de fora essa questão relacionada ao próprio afeto e ao próprio amor. O ideal homem viril, forte e provedor vem sendo discutido de não poder realmente ser cuidado, acaba buscando menos a prevenção a saúde que pode ficar debilitada” afirma Wadson.. 
 
Outro fator que pode influenciar essa estatística é o fato do homem dentro na nossa cultura também ser mais exposto a questões mais insalubres de trabalho, além do crescente consumo de álcool e outras drogas psicoativas. Além de buscar o confronto com situações de risco como características estruturantes na construção da identidade masculina.  Aliada ao sentimento de invulnerabilidade que explica as altas taxas de mortes violentas. 
 
Atualmente no setor de saúde também não há uma atenção adequada a uma intervenção na atenção primária ao público masculino. O que coloca o homem carente no campo das políticas públicas de saúde, aspectos que alguns cientistas consideram como uma forma de invisibilidade dessa população. Para muitos homens a doença ainda é considerada como sinal de fragilidade e nem sempre se reconhece como pertencente a sua condição biológica. Desse modo os ambientes das unidades de saúde são considerados ambientes femininos um espaço que não faz parte do cotidiano. O que reforça ainda mais a resistência ao cuidado da saúde, muitas vezes pelo sentimento de medo, vergonha ou por causas comportamentais como impaciência, descuido da prioridade de vida. Aos poucos as mudanças vêm sendo observadas, mas ainda existem dificuldades em relação a doenças características de homens como o caso do câncer de próstata, não é novidade a dificuldade do homem fazer o exame do toque, porque de acordo o machismo estruturante esse tipo de exame vai contra sua virilidade, a sua masculinidade. Todas essas questões relacionadas a sua cultura fazem com que o homem vá se negligenciando cada vez mais. 
 
Atualmente existe um alto índice dos homens com depressão e síndrome do pânico porque vivemos em uma sociedade automática que cobra tanto do homem quanto da mulher gerando uma insegurança muito grande principalmente com o advento da pandemia. Em relação à saúde mental, também existem crenças que ainda são barreiras para eles, como essa questão que o homem deve ser forte, não pode expressar sentimentos. Para Wadson, durante a pandemia muito desse comportamento vem sendo alterado, cada vez mais homens estão buscando atendimentos de psicoterapia e estão percebendo a sua humanidade.  “A importância real do homem compreender que ele tem sua humanidade e suas dificuldade e suas possibilidades e assim ter um atendimento melhor nessa área” afirma. 
 
Todas essas discussões são um alerta de que muito precisa ser evoluído tanto em assistência mais especializada aos homens quanto a alguns tabus. Mas que isso nos traga um alerta do que muito precisa ser mudado para que essa estatística de que “homens vivem menos que mulheres” possa ser mudada. 
 
IPOG - Instituto de Pós Graduação 
 
Visite a sede na Av. Rio Madeira, 2759, Embratel, Porto Velho - RO ou www.ipog.edu.br
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