MAGNISON MOTA: Entidades de candomblé e umbanda não aceitam pedido de desculpas de vereador

Parlamentar divulgou nota no site da Câmara de Cacoal, mas entidades querem pedido durante sessão da Casa

MAGNISON MOTA: Entidades de candomblé e umbanda não aceitam pedido de desculpas de vereador

Foto: Magnison Mota (PSC) divulgou nota de retratação que não satisfez entidades ligadas ao candomblé e umbanda

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Recentemente, o vereador de Cacoal Magnison Mota (PSC), pediu desculpas às comunidades de umbanda e candomblé da cidade por conta de um discurso que teria sido de extrema intolerância religiosa e que causou repercussão no estado. O Ministério Público Estadual abriu uma investigação para avaliar se a conduta do parlamentar foi criminosa.
 
No final de novembro, durante uma sessão ordinária da Casa, Magnison teria falado várias ofensas contra uma mãe de santo, conhecida como Yolanda. 
 
Um vídeo divulgado no Facebook mostra o vereador chamando a mulher de “feiticeira”, “endemoniada”, “filha do capeta”, “macumbeira”, por colocar anúncios em postes da cidade como forma de divulgação do seu trabalho. 
 
Magnison Mota ainda seguiu a série de ataques na sessão da Câmara como a seguinte frase: “Falo um negócio pra você, macumbeira, se você for lá perto de casa e eu ver você, eu dou com fogos de artificio lá e você vai sair queimada de lá”. 
 
 
Protesto
 
As entidades de matrizes religiosas africanas avaliam que a conduta do parlamentar foi infeliz e com desconhecimento do trabalho realizado por elas.
 
“Ele tratou com ignorância e agressividade uma situação que ele não tem conhecimento. Até porquê a denúncia era de poluição visual feita por uma senhora que não é da religião, não é mãe de santo e nem se intitula. Ela faz jogos de vidência, como tarô e búzios. Ela não tem casa aberta e nem temos acesso à essa senhora. Fomos atrás dos nossos direitos, falamos com advogados. Além de intolerância religiosa, ainda tem ameaça à vida”, lamentou o pai-de-santo César de Ogum, responsável pelo Ilê Axé de Yemanja Ogunté ou Casa de Yemanjá.
 
Pai César ainda avaliou o conteúdo da nota, que não satisfaz as expectativas das comunidades que foram ofendidas.
 
“Essa nota é um mea-culpa, uma forma de tapar o sol com a peneira. Ele deve ter se sentido pressionado pelo Ministério Público e quer diminuir a culpabilidade dele. Pra nós não é satisfatório. Estivemos na Câmara e ele não nos atendeu. Nem nas comissões nem na última sessão antes do feriado. Ele até nos convidou, mas em um horário que nenhum de nós poderia ir. Queria em horário comercial, mas todo mundo trabalha, tem sua vida particular ativa”.
 
 
Um dos representantes das religiões também querem que ele se desculpe no mesmo espaço utilizado para falar as ofensas.
 
“Aquilo [nota] não é suficiente, porquê ele usou da Câmara Municipal, de uma sessão plenária para ofender. O mínimo que a gente esperava era que usasse a sessão para se retratar. E que também nos fosse dado espaço à nossa palavra, para explicar o que aconteceu. Que ele tomasse o mesmo modo, com sessão aberta e transmissão na internet, pela web e página da Câmara”, afirmou pai César de Ogum. 
 
Por fim, as comunidades de matrizes religiosas africanas querem apenas seguir suas atividades com tranquilidade e tolerância. 
 
“Que use o mesmo tom para se desculpar com a mulher do cartaz e com toda a comunidade tradicional. As pessoas precisam entender que as casas de matrizes africanas não são apenas igrejas, mas comunidades específicas. Somos estudados iguais os quilombolas, pomeranos e ribeirinhos, por exemplo. A nossa luta e reivindicação é por respeito”, comentou César Torres.
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