COMEMORAÇÃO: Porto Velho comemora 107 anos de instalação com avanços econômicos

Cidade considerada “jovem” se consolida como referência para cidades do Acre, Sul do Amazonas e Mato Grosso

COMEMORAÇÃO: Porto Velho comemora 107 anos de instalação com avanços econômicos

Foto: Leandro Morais

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Quando ingleses, barbadianos, indianos, americanos e outros povos vieram para as margens do Rio Madeira para construir a Estrada de Ferro Madeira Mamoré (EFMM), jamais imaginariam que aquela vila de poucas casas de madeira e a estação que ligava o curso d’água à maior cidade do estado até então (Guajará-Mirim), se tornaria uma das capitais do Norte mais importantes da região.
 
Nesta segunda-feira (24), quando comemora 107 anos de instalação, a Capital de Rondônia chega a uma população de quase 550 mil pessoas, conforme estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), bem como o crescimento de oportunidades de trabalho. 
 
Volta ao passado
 
O dia 24 de janeiro de 1915 ficou marcado com a instalação do município de Porto Velho, então pertencente ao Estado do Amazonas, com posse do superintendente (prefeito) Fernando Guapindaia de Souza Brejense e os intendentes (vereadores).
 
Cidade muito diferente de outras do Norte brasileiro, Porto Velho nasceu das instalações portuárias, ferroviárias e residenciais da Madeira-Mamoré Railway Company.
 
Conforme os arquivos do Museu da Memória, que digitalizou uma série de documentos e jornais antigos, a área não industrial das obras da Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) tinha uma concepção urbana bem estruturada, onde moravam os funcionários mais qualificados da empresa, onde estavam os armazéns de produtos diversos.
 
Desta maneira inédita na história amazônica, existiam de fato duas cidades: a área de concessão da ferrovia e a área pública. “Duas pequenas povoações, com aspectos muito distintos”, apontam os registros históricos. 
 
“Eram separadas por uma linha fronteiriça denominada Avenida Divisória, a atual Avenida Presidente Dutra. Na área da Railway predominavam os idiomas inglês e espanhol, usados inclusive nas ordens de serviço, avisos e correspondência da Companhia. Apenas nos atos oficiais, e pelos brasileiros era usada a língua portuguesa”, diz outra publicação do Museu da Memória.
 
O primeiro prefeito (na época o cargo era superintendente) foi o major Fernando Guapindaia de Souza Brejense, que administrou de 24 de janeiro de 1915 a 1º de janeiro de 1917. Seu nome foi dado a uma escola estadual no Bairro São João Bosco.
 
A capital de Rondônia, tem se tornado uma polo de atração em vários ramos da economia
 
Ele foi nomeado pelo então governador do Amazonas, Jônatas Pedrosa, que esteve no cargo de 1913 a 1917. Superintendente era cargo equivalente a prefeito.
 
Anteriormente, Santo Antônio atraía a atenção dos estudiosos e projetistas ferroviários. Desde meados do século XIX aconteciam os primeiros movimentos para construir a EFMM, que iria superar o trecho encachoeirado do rio Madeira [cerca de 380 quilômetros] e dar vazão à borracha produzida na Bolívia e na região de Guajará-Mirim.
 
Seria Santo Antônio, a localidade mato-grossense escolhida para construção do porto onde o caucho seria transportado para os navios rumo aos Estados Unidos e Europa. Aí é que vem a explicação diante das dificuldades de construção e operação de um porto fluvial, em frente aos rochedos da cachoeira de Santo Antônio: construtores e armadores tiveram que utilizar o pequeno porto amazônico 7 km abaixo, em local muito mais favorável.
 
Percival Farquhar, proprietário da Madeira Mamoré Railway Company foi quem conseguiu concluir a ferrovia em 1912. Desde 1907 sua empresa usava o velho porto para descarregar materiais para a obra e, quando decidiu que o ponto inicial da ferrovia seria aquele [já na província do Amazonas], tornou-se o verdadeiro fundador da cidade que, quando foi afinal oficializada pela Assembleia Legislativa do Amazonas, recebeu o nome Porto Velho.
 
Hoje
 
Porto Velho deixou de ser apenas uma capital perdida no oeste do Brasil e está se consolidando como um importante polo regional, com influência não apenas em Rondônia, mas também no sul do Amazonas, oeste de Mato Grosso e todo o estado do Acre.
 
Essa constatação está na pesquisa de Regiões e Influência das Cidades (Regic 2018), publicada em 2020 e apresentada pela Divisão Urbano-Regional 2021, feita pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE).
 
O levantamento mostra que a capital rondoniense manteve o número de municípios, sob influência dela, que havia em 2013, porém, passou grandes transformações.
 
Essa influência, conforme o IBGE, se dá porque a Região Ampliada de Porto Velho ganhou mais Regiões Intermediárias e Imediatas. Esse fato se deveu ao aumento de cidade centrais como Ji-Paraná e Cacoal, que antes eram Sub-Regionais e agora são Capitais Regionais C.
 
O crescimento dessas regiões, mostram que as intermediárias passaram de 4 para 5 e as imediatas de 8 para 11, já os municípios influenciados se mantiveram os mesmos, sendo 84, como mostra a tabela abaixo.
 
A Região Ampliada de Porto Velho deixou de polarizar as cidades de Boca do Acre (AM), Canutama (AM) e Lábrea (AM), que passaram a ser influenciadas pela Região Ampliada de Manaus (AM). No entanto, os municípios de Apuí (AM) e Envira (AM) tem polarização portovelhense.
 
O asfaltamento da BR 319, que liga Porto Velho à Manaus, é uma antiga reivindicação da população da capital de RO
 
Localização
 
O estudo do IBGE mostrou que a Região Ampliada de Porto Velho, é uma área vibrante que serve como centro de atração para vários setores da economia, como o de serviços corriqueiros, serviço e aquisição de bens. 
 
Hoje, a capital de Rondônia é destino para muitas pessoas a procura de empregos, estudos e melhoria na qualidade de vida.
 
Para o economista e professor de Economia da Fundação Universidade Federal de Rondônia (UNIR), Otacílio Moreira, alguns fatores contribuem para que Porto Velho se torne esse centro de influência em nossa região.
 
Ele destaca a localização privilegiada da capital rondoniense, que está em uma posição bem centralizada e interligada por rodovias com as demais regiões do país, além da via fluvial que possibilita acesso a localidades isoladas da região amazônica.
 
O economista lembra que essa condição logística está estruturada há mais de quatro décadas, fazendo de Porto Velho e Rondônia um corredor de transporte importantíssimo para toda a região. 
 
“Inicialmente funcionando como um hub para toda a região e hoje, Porto Velho e Rondônia internalizaram várias dessas atividades, como é o caso da soja, milho, algodão e outras atividades. Além disso, Porto Velho hoje se destaca como um dos maiores rebanhos bovinos do país”, observou.
 
Mas apesar de toda essa vantagem, Otacílio afirma que é necessário que mais investimentos sejam feitos, aproveitando toda essa potencialidade local. Para isso, é necessário a união dos poderes público e privado.
 
“É preciso avançarmos em termos de infraestrutura portuária, avançarmos em nossas cadeias produtivas, sobretudo em relação as agroindústrias. Além, de inserir nossos produtos que, até então, estão com pouca inserção no mercado, assim como novos usos aos nossos produtos do agronegócio”, alertou.
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