EXEMPLO: Mais de 22 mil espécies de plantas formam acervo raro no país

Herbário de Porto Velho é referência e atrai milhares de estudantes

EXEMPLO: Mais de 22 mil espécies de plantas formam acervo raro no país

Foto: Divulgação

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Encantamento
 
Era para ser um trabalho de pesquisa como tantos outros já feitos. Mas não foi. A Serra do Pacaás oferecia uma paisagem diferenciada, que por si só já encantava os pesquisadores. Subir e descer a vegetação era diversão, mas a maior alegria foi dar de cara com uma vegetação exuberante parecida com um grande mosaico.
 
 
Nas partes mais altas é possível ver extensas áreas de cerrado e, nos vales e encostas, formações florestais tipicamente amazônicas. Ocorrem, ainda, grandes áreas de contato entre o cerrado e floresta.
 
A vegetação no conjunto de pequenas serras é, em geral, constituída de mata rala, que passa a ser de grande porte quando as vertentes começam a perder declividade. Em meio ao paraíso esculpido pela natureza.
 
Antes da pandemia
 
Era novembro de 2019, quando a expedição se deparou com gimnospermas. Plantas que não produzem flor e se diferenciam das outras por não possuir o fruto que envolve a semente. Elas se assemelham a Araucária e são um grupo raro na Amazônia. 
 
 
Imediatamente o grupo formado por professores, alunos e biólogos tratou de coletar algumas amostras para estudo no Herbário da Universidade Federal de
Rondônia. O espaço de pesquisa e apoio as demais áreas da universidade é um diferencial na educação dos alunos.
 
Antes da pandemia, em 2019, mais de dois mil alunos visitaram o herbário. A equipe que trabalha no local diz que os alunos saem encantados com toda a estrutura que envolve o acervo do local.
 

 
O herbário tem mais de 22 mil exemplares de exsicatas, que são plantas ou algas prensadas e em seguida secas numa estufa. Além de secas, as plantas são tratadas e “montadas” para conservação. 
 
O termo montada é como se fosse um empalhamento tipo o que ocorre com animais. No caso das plantas elas são fixadas, também, em uma cartolina onde permanecem por anos. No herbário da Unir, várias espécies tem mais de 100 anos e vieram de outros herbários do Brasil.
AQUI FOTO
 
Processo
 
O tratamento das plantas segue um ritual. Tudo começa com as expedições que saem em busca das espécies mais exóticas ou raras para estudo ou registro de espécies em determinadas regiões. Após a coleta, elas são trazidas para o laboratório de preparo. Chegam aqui verdes e vão para uma estufa, por seis dias, para o processo de desidratação.
 
 
Depois as plantas são catalogadas e acondicionadas nas cartolinas. Cada uma tem uma ficha técnica, uma espécie de certidão que identifica sua origem, família, espécie, entre outras peculiaridades. O professor Antônio Laffayete, a botânica Ingrid Mendes e o biólogo Késid Paixão são apaixonados pelo herbário.
 
 
Seus estudos e pesquisas são focados em esmiuçar tudo que as plantas tem ou podem oferecer.  O fascínio é tanto que eles tem na ponta da língua os nomes da maioria das espécies que estão no herbário. O local é como se fosse uma biblioteca de plantas onde eles raramente precisam recorrer a pesquisa para explicar sobre alguma espécie.
 
Na brilhante aula que recebi durante a produção da reportagem, fiquei conhecendo alguns exemplares típicos da Amazônia de Rondônia. O Cumaru, por exemplo, é uma madeira nobre que serve para fabricação de móveis. Já a Virola tem uma característica muito peculiar. Quando cortada ela libera uma resina parecida com sangue.
 
 
Por aqui encontramos ainda plantas medicinais como a embaúba. Também conhecida como árvore-da-preguiça ou imbaíba, que possui alcaloides, flavonoides, taninos e glicosídeos cardiotônicos e, por isso, é normalmente utilizada com o objetivo de combater a pressão alta.
 
A folha de Coccoloba Gigante também chama atenção. A espécie foi vista  primeiramente por botânicos em 1982 durante uma expedição na Amazônia referente ao Projeto Flora Amazônica do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa/MCTIC).
 
 
O professor Laffayete diz que a estrutura do herbário além de orientar e encantar os alunos, atrai pesquisadores de vários cantos do mundo. Parcerias com o Jardim Botânico do Rio de Janeiro e o Jardim Botânico de Nova York garantem os recursos que precisam ser usados nas expedições. “Não recebemos dinheiro, as entidades cobrem todas as despesas o que permite nossos deslocamentos para os estudos”. Isso é fundamental para o avanço das pesquisas e as descobertas que fazemos, explica Laffayete.
 
Aliás, todos os locais onde ocorrem expedições são mapeados, dentro de um projeto denominado Flora de Rondônia. A sala onde fica o acervo tem temperatura e umidade controladas.
 
 
O espaço é o coração do herbário, que é livre do ataque de fungos e insetos. A equipe que trabalha aqui é formada por dois professores e quatro técnicos. Para o futuro a intenção é a formação de botânicos jovens. A finalidade é difundir conhecimentos e fazer com que os jovens vejam além da parte externa da planta.
 
Doação
 
Na época da formação do reservatório da Hidrelétrica Santo Antônio, de 2009 a 2011, foi feito um importante trabalho de identificação, resgate e coleta de
espécies de plantas da região. O banco de dados elaborado pela Santo Antônio Energia chegou a cerca de 2.500 amostras de folhas, caules secos, flores e frutos.
 
 
O acervo foi entregue na época para a Universidade Federal de Rondônia (Unir) para enriquecer o herbário, e transformá-lo em uma espécie de “biblioteca de plantas”. O coordenador de Meio Ambiente da Santo Antônio Energia, Kaio Ribeiro, diz que o repasse do material permitiu a continuidade dos trabalhos de pesquisa vegetal que são extremamente úteis para a comunidade acadêmica e para a comunidade em geral.
 
 
Algumas amostras representaram espécies novas para a Ciência, como por exemplo, um exemplar de Philodendron,  sendo um tipo de “comigo-ninguém-pode”, comumente utilizada em paisagismo. Outra espécie recentemente descrita foi a Davilla lanosa, uma planta que pode facilmente ser encontrada na mata do campus da Unir e em locais secos de Porto Velho.
 
 
Investimento
 
Na época, além do repasse das amostras de plantas, a Santo Antônio Energia também realizou obras de ampliação do herbário da Unir, que teve sua capacidade ampliada de dez mil para 80 mil amostras, em um investimento de mais de R$ 160 mil.
 
 
 
A empresa também investiu mais R$ 300 mil na aquisição de equipamentos como estufas, lupas, scanner de alta resolução, desumidificadores, entre outros materiais. Tudo isso acabou fazendo com que o herbário da universidade se tornasse o maior do estado.
 
 
O professor Antônio Laffayete, destaca que além da importância para a universidade, o herbário é importante para todo o estado porque representa o conhecimento da flora de Rondônia. “É a maior coleção da flora rondoniense. Isso serve de material para estudos taxonômicos, colabora com o registro de novas espécies de plantas, apoia estudos fitoquímicos de potencial interesse para indústria química e medicinal, além de contribuir para a conservação de espécies”, revela.
 
O herbário da Unir costuma ser aberto para visitação. Com a pandemia, as visitas foram paralisadas, mas a expectativa é de que sejam retomadas já no início do próximo ano.
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