Disciplina de história afrodescendente poderá ser implantada nas escolas

A audiência reuniu várias autoridades de movimentos sociais para discutir a implantação junto a Casa de Leis e a Seduc.

Disciplina de história afrodescendente poderá ser implantada nas escolas

Foto: Divulgação

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A Assembleia Legislativa realizou uma Audiência Pública no plenário da Casa de Leis, presidida pelo deputado Anderson do Singeperon (PV), na tarde desta segunda-feira (20) para discutir a questão do ensino da história afro-americana e indígena nas escolas do Estado. 

Segundo o parlamentar ele foi procurado há algum tempo pelos militantes da causa negra e eles pediram uma audiência. “Estamos numa importante semana, hoje é Dia da Consciência Negra e nada melhor que comemorar discutindo os direitos das pessoas e falando sobre a implantação do ensino afrodescendente e indígenas nas escolas”, disse.

De acordo com Anderson, o objetivo da reunião foi de realizar encaminhamentos para reforçar as leis criadas para inserção dessas disciplinas nas escolas públicas e privadas. “Apesar de ser uma lei federal o Estado nunca regulou nada disso e não é aplicado nas nossas escolas e isso deve mudar”, explicou.

João Herbety, representante da Secretaria de Estado da Educação (Seduc) se disse honrado como historiador de ser convidado para falar da luta dos negros e pardos. “O negro surgiu em Rondônia através de várias migrações histórias. Nós devemos levar essas discussões para as escolas, eles precisam trabalhar essas questões”.

A militante Ana Maria Ramos agradeceu o convite de Anderson e apresentou alguns dados sobre a população negra no país. Segundo os números colhidos por Ana, hoje a região norte é a que possui mais negros do Brasil. “Infelizmente 66% da população hoje desempregada no país também é negra. Nós precisamos de campanhas efetivas e com qualidade”, afirmou.

O vice-presidente do Conselho Estadual de Promoção da Igualdade Racial, Antônio Neto falou de diversas atividades que a instituição fez para espalhar a conscientização e realizaram a primeira feira afro-brasileira. “Nós tivemos várias atividades culturais e gastronômicas e esperamos que ano que vem seja ainda mais forte”.

Ele lamentou o fato de, nas últimas salas que entrou para ensinar, as crianças mal sabiam da história indígena ou afrodescendente. “Já ministramos aulas em várias escolas e as crianças não sabem nada do assunto. Ficamos preocupados porque está sim no papel, mas não é uma lei aplicada na sala de aula”, informou.

A representante dos movimentos sociais, Niedja Santana ressaltou que as lutas citadas vieram de organizações que hoje unem as forças para lutar pelos direitos. “Nós estamos nos unindo o tempo todo pela dor e nós tentamos fazer essa dor nos fortalecer e mostrar uma mensagem de que devemos lutar pelos nossos direitos”.

Ela afirmou também que problemas sociais como o racismo e preconceitos seriam amenizados com a entrada de temas como o da história dos afrodescendentes e indígenas desde o ensino fundamental. “Se houver essa inserção já na educação infantil a criança vai entender de onde ela veio, quem ela é e o que poderá ser. Mostrar que ela não é menos e que seu povo tem uma história para contar”, disse.

Elivar Karitina, representante dos povos indígenas agradeceu a iniciativa do parlamentar, mas afirmou que os índios de Rondônia estão abandonados pelo governo. “Queremos nossa educação avançada e adequada para ensinar nossos filhos. Nosso povo indígena é muito esquecido, então precisamos muito de apoio porque temos muita dificuldade nas aldeias”, argumentou.

Ele disse também considerar que a arte indígena hoje não é apreciada no país. “As pessoas dão valor a coisas polêmicas e se esquecem das raízes”.

A secretária da Mulher Trabalhadora e representante do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Rondônia (Sintero) Rosa Negra disse que o parlamento precisa se atentar mais a questões culturais como as levantadas na discussão. Ela declarou que o que os movimentos querem, entre outras coisas, é a inserção da história contada.

“Queremos que isso seja falado em todo o ano, não só em novembro. Nós já passamos da época do entretenimento, essa história tem que ser contada da forma como aconteceu”.

A mãe Nilda, presidente da Federação dos Cultos Afro-Religiosos Umbanda e Ameríndios de Rondônia (Fecauber) lamentou a existência de tantos preconceitos e falou sobre o sofrimento dos membros da própria religião, que sofrem constantes abusos e marginalização por conta da crença. “Infelizmente ainda existe uma resistência muito grande para educar as crianças dessa forma. Existe muito preconceito ainda com as raças e com as nossas religiões”.

O deputado Anderson do Singeperon agradeceu a presença de todos e ressaltou a importância de discussões como essas para um maior desenvolvimento social. “Espero que as coisas aconteçam de fato. É com muita alegria e muita honra que atendi esse pedido para que mostremos a história da origem brasileira e sei que com muita luta conseguiremos sim implantar isso no ensino de nossas escolas”.

Como encaminhamentos, o parlamentar pediu à Seduc a procedência dos professores no que manda as leis federais para tratas das temáticas de história afrodescendente e indígena, para que seja criada uma comissão dentro da secretaria de educação composta de movimentos sociais, sindicatos e órgãos ficais para acompanhar a implantação, a criação de uma cartilha feita pela Seduc para o combate a intolerância de raças e de religião e a realização de um seminário de políticas públicas sobre os temas para a gestão pública e privada. 

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