Indígenas têm acesso a cédula de identidade com chegada do barco hospital

A cidadania é oferecida para quem ainda não a tem, embora por lei os indígenas sejam tutelados há décadas pelo estado brasileiro.

Indígenas têm acesso a cédula de identidade com chegada do barco hospital

Foto: Divulgação

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Nas curvas de rios e nos cantões da floresta do Vale do Guaporé, indígenas de Rondônia receberão cédulas nacionais de identidade. O serviço foi inicialmente prestado por uma equipe do Instituto de Identificação Civil Criminal (IICC) da Secretaria Estadual de Segurança, Defesa e Cidadania a bordo da Unidade de Saúde Social Fluvial Walter Bártolo. O chamado barco-hospital percorrerá os rios Mamoré e Guaporé até o final deste mês.

Nos dois primeiros dias – quarta (17) e quinta-feira (18) – o serviço identificou 30 indígenas, entre os quais muitas crianças. Na próxima viagem do barco, em setembro, eles receberão o documento autenticado.

A cidadania é oferecida para quem ainda não a tem, embora por lei os indígenas sejam tutelados há décadas pelo estado brasileiro.

Alguns indígenas tinham identidade da Fundação Nacional do Índio (Funai), a exemplo do cacique Bernardo Oro Não, 33 anos. Ele entrou no barco acompanhado da mãe, Isaura Wajuru; da mulher Honorina e dos dois filhos.

Funcionou assim: os indígenas entraram no barco e foram levados às cadeiras da antessala de psicologia. Ali, a datiloscopista e técnica em contabilidade, Orleide Alves de Oliveira, coletou impressões digitais; o policial militar Fagner Saraiva deu suporte ao acesso à internet via satélite; a datiloscopista Liliane Farias consultou o sistema, acrescentando nomes; e o assessor técnico de redes e sistemas, Wedner Júnior, fotografou as pessoas.

Saraiva acumula experiência anterior à viagem inaugural na região do Guaporé. Ele já esteve na Ação Cívico-Social (Aciso) no Baixo-Madeira.

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“Lembro-me do período da migração para Rondônia, quando as pessoas se identificavam ao chegar a Vilhena”, comentou Orleide de Oliveira. A família dela veio para Rondônia em 1974. O pai, falecido, foi cafeicultor; e a mãe, aos 86, até hoje mora no lote recebido do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) em Cacoal.

No terceiro andar do barco, a espera pela identificação reuniu famílias em animadas conversas. Na entrada, um grupo de crianças cantou parabéns para a enfermeira Divanice Cavalcante Xavier, que fez aniversário no dia 18.

Timidamente, Eliakin Macurap, 8, e Elisabete Oro Nao, 9, espicharam a conversa, falando da merenda escolar, dos professores e do documento. Pareciam contentes. A camiseta de Eliakin estampava a frase: “Joias preciosas”. Nos olhares de ambos notava-se a importância daquela reunião.

Ismael Gomes Macurap, 57, entrou no barco com ar de felicidade, acompanhado da mulher Isabel. “Passava até um ano pra gente receber identidade aqui, e agora sai bem rápido”, elogiou.

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