GREVE À VISTA - Bancos afrontam trabalhadores com proposta final de apenas de 6,1% de reajuste
Foto: Divulgação
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Reajuste de apenas 6,1% (reposição da inflação prevista) sobre os salários, os pisos, a PLR e demais verbas de caráter salarial. Essa foi a proposta apresentada ontem, quinta-feira, 5/9, pela Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) ao Comando Nacional dos bancários, na última rodada de negociação entre os representantes dos bancos e representantes dos funcionários.
Com isso, ficou nítida a afronta dos bancos para com os trabalhadores, pois este índice está muito abaixo dos 11,93% (5% de aumento real mais inflação projetada de 6,6%) reivindicados pelos bancários. Portanto, nada de aumento real de salário e nada de aumento real sobre os pisos.
Além disso, a Fenaban rejeitou todas as demais reivindicações por melhorias da PLR, melhoria de emprego, para a saúde dos trabalhadores, condições de trabalho e nada que aponte para o fim das metas abusivas e do assédio moral, tampouco para promover alguma melhora para a segurança bancária.
Os representantes da Fenaban garantiram ainda que essa é a última proposta, "é a proposta final, pra fechar acordo", e que não há mais como avançar porque a categoria bancária já tem a melhor Convenção Coletiva do país.
O Comando Nacional rejeitou a proposta já na mesa de negociação e aprovou um calendário de luta que aponta para a realização de assembleias na próxima quinta-feira, dia 12, em todo país para aprovar greve a partir do dia 19, se até lá os bancos não apresentarem uma nova proposta que contemple as expectativas da categoria.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia (SEEB-RO), José Pinheiro, a proposta dos bancos soou como zombaria para com os trabalhadores.
"Isso é uma vergonha, um total desrespeito com os bancários e uma afronta ao bom senso e à inteligência dos trabalhadores. Não podemos admitir que os representantes deste setor que vive batendo recordes de lucro e rentabilidade nos oferte um índice abaixo da inflação projetada e muito abaixo ainda do que reivindicamos. É um retrocesso total e uma aberração esta proposta apresentada pelos bancos. Vamos intensificar ainda mais nossa unidade e o calendário de luta e se for necessário vamos cruzar os braços de novo por tempo indeterminado até que uma proposta decente seja apresentada”, comentou Pinheiro.
O Comando Nacional, coordenado pela Contraf/CUT, orienta os sindicatos a fortalecerem ainda mais a mobilização e já aprovou o seguinte calendário de luta após esta última rodada de negociações:
CALENDÁRIO DE LUTA
12 de setembro - Assembleias em todo o país para rejeitar a proposta e decretar greve por tempo indeterminado a partir do dia 19.
17 - Todos à Brasília para pressionar os deputados federais durante a audiência pública sobre o PL 4330 no plenário da Câmara.
18 - Assembleia organizativa para encaminhar a greve.
19 - Deflagração da greve nacional dos bancários por tempo indeterminado.
A PROPOSTA DA FENABAN
Reajuste - 6,1% (previsão da inflação pelo INPC) sobre salários, pisos e todas as verbas salariais (auxílio-refeição, cesta-alimentação, auxílio-creche/babá etc.)
PLR - 90% do salário mais valor fixo de R$ 1.633,94, limitado a R$ 8.927,61 (o que significa reajuste de 6,1% sobre os valores da PLR do ano passado).
Parcela adicional da PLR - 2% do lucro líquido dividido linearmente a todos os bancários, limitado a R$ 3.267,88.
Adiantamento emergencial - Não devolução do adiantamento emergencial de salário para os afastados que recebem alta do INSS e são considerados inaptos pelo médico do trabalho em caso de recurso administrativo não aceito pelo INSS.
Prevenção de conflitos no ambiente de trabalho - Redução do prazo de 60 para 45 dias para resposta dos bancos às denúncias encaminhadas pelos sindicatos, além de reunião específica com a Fenaban para discutir aprimoramento do programa.
Adoecimento de bancários - Constituição de grupo de trabalho, com nível político e técnico, para analisar as causas dos afastamentos.
Inovações tecnológicas - Realização, em data a ser definida, de um Seminário sobre Tendências da Tecnologia no Cenário Bancário Mundial.
AS REIVINDICAÇÕES DOS BANCÁRIOS
Reajuste salarial de 11,93% (5% de aumento real mais inflação projetada de 6,6%)
PLR: três salários mais R$ 5.553,15.
Piso: R$ 2.860,21 (salário mínimo do Dieese).
Auxílios alimentação, refeição, 13ª cesta e auxílio-creche/babá: R$ 678 ao mês para cada (salário mínimo nacional).
Melhores condições de trabalho, com o fim das metas abusivas e do assédio moral que adoece os bancários.
Emprego: fim das demissões, mais contratações, aumento da inclusão bancária, combate às terceirizações, especialmente ao PL 4330 que precariza as condições de trabalho, além da aplicação da Convenção 158 da OIT, que proíbe as dispensas imotivadas.
Plano de Cargos, Carreiras e Salários (PCCS) para todos os bancários.
Auxílio-educação: pagamento para graduação e pós-graduação.Prevenção contra assaltos e sequestros, com o fim da guarda das chaves de cofres e agências por bancários.
Igualdade de oportunidades para bancários e bancárias, com a contratação de pelo menos 20% de negros e negras.
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