Durante uma entrevista concedida ao apresentador do Programa Bem Legal, Marco Rezende, o presidente da Associação do povo Karitiana, Antenor Karitiana e o índio Cizino Karitiana afirmam que, infelizmente, não têm o que comemorar nesse dia do índio. Antenor Karitiana explica que a data foi criada pelos brancos como uma forma de homenagear os índios, porém para eles, essa é uma data de lembranças ruins, pois lembra uma época de matança indígena.
O Dia do índio, 19 de abril, foi criado pelo presidente Getúlio Vargas através do decreto-lei 5540 de 1943, e relembra o dia, em 1940, no qual várias lideranças indígenas do continente resolveram participar do Primeiro Congresso Indigenista Interamericano, realizado no México. Eles haviam boicotado os dias iniciais do evento, temendo que suas reivindicações não fossem ouvidas pelos “homens brancos”.
Atualmente a Fundação Nacional do Índio – FUNAI é responsável por promover a educação básica aos índios, demarcar, assegurar e proteger as terras por eles tradicionalmente ocupadas, gerir o seu patrimônio e fiscalizar suas terras, impedindo ações predatórias de garimpeiros, posseiros, madeireiros e quaisquer outras que ocorram dentro de seus limites e que representem um risco à vida e à preservação desses povos.
De acordo com o presidente da Associação do povo Karitiana, a FUNAI de Porto Velho não está realizando seu trabalho como deveria. “A gente nunca pode contar com a FUNAI, aqui nessa sede tem mais de oitenta funcionários que não fazem o trabalho de um, a luta do movimento indígena sobrevive por meio de parceiros que têm pena do nosso povo, o maior exemplo disso é a falta de atenção com a falta de demarcações de terras” afirma Antenor Karitiana.
O cacique Cizino Karitiana completa ainda que aqueles que poderiam estar fazendo algo pelo povo não fazem, citando como exemplo Almir Suruí, que no último dia 10 de abril recebeu da Organização das Nações Unidas – ONU, o prêmio Herói da Floresta em Istambul . “O Almir não é considerado uma liderança indígena, ele não luta pelos nossos povos, ele só luta por ele mesmo, por interesse pessoal, não faz nada pelos índios da sua região” finaliza Cizino.
O povo Karitiana fala a língua Tupi/ Arikém e habita a 95 Km ao sul de Porto Velho sentido Guajará-Mirim, numa área de 89.698 há, onde estão divididos em quarto aldeias com aproximadamente 500 índios. Antigamente os Karitiana viviam perto de Ariquemes, na BR 364. Com passar dos anos e dada à aproximação do não índio, foram recuando. O povo Karitiana, apesar destes muitos anos de contato com a sociedade não índia, ainda conserva muitas de suas tradições, como as pinturas corporal e facial em ocasiões de festas ou eventos importantes, a música, a dança e o artesanato, sua única fonte de renda.