Com o objetivo de aprimorar a metodologia do Ranking do Saneamento, publicado desde 2007 pelo Instituto Trata Brasil, um estudo apontou um Ranking que revelou a lentidão com que avançam os serviços de água, coleta e tratamento de esgotos no Brasil e constatou que a tão sonhada universalização dos serviços não acontecerá sem um maior engajamento e comprometimento dos governos federal, estaduais e municipais e pôs Porto Velho no 99º lugar de uma lista de 100 cidades brasileiras em qualidade de saneame nto básico.
O processo incluiu uma revisão das ponderações atualmente utilizadas, a substituição de alguns indicadores, bem como a ampliação do escopo do estudo e foi submetida uma nova metodologia à discussão com instituições relevantes como a Associação das Empresas de Saneamento Básico Estaduais (AESBE), a Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental (ABES), Ministério das Cidades, universidades, centros de pesquisa, empresas fornecedoras do setor, entre outros.
Até ano passado, o Ranking do Trata Brasil considerava em sua metodologia, municípios com mais de 300 mil habitantes, o que correspondia a 81 dos municípios brasileiros. A nova metodologia proposta por este estudo foi aplicada aos 100 maiores municípios do Brasil em termos de população.
Para compor o Ranking, o Instituto Trata Brasil considerou várias informações fornecidas pelas operadoras de saneamento presentes em cada um dos municípios brasileiros. Os dados são retirados do (SNIS) Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento, elaborado no âmbito do Programa de Modernização do Setor Saneamento (PMSS), vinculado à Secretaria Nacional de Saneamento Ambiental do Ministério das Cidades. Entre as variáveis estão população, fornecimento de água, coleta e tratamento de esgoto, investimentos, entre outras.
A nova metodologia do Ranking do Saneamento do Instituto Trata Brasil foi construída com base em três diretrizes: eficácia no atendimento adequado em saneamento básico, esforço para alcançar a universalização e produtividade na operação. Essas três diretrizes, dão origem a três grupos de indicadores, respectivamente: nível de cobertura, melhora na cobertura e eficiência.
A definição dessas diretrizes teve como motivação três questões fundamentais para o saneamento no Brasil. Em primeiro lugar, o nível de cobertura, que especialmente em esgotamento sanitário é muito baixo. De acordo com o SNIS 2010, apenas 53,5% da população urbana brasileira tem acesso à coleta e 37,9% ao tratamento de esgotos. Assim, com relação aos indicadores de nível de cobertura, pretende-se medir qual parcela da população do município é coberta por serviços de água, coleta e tratamento de esgoto. Quanto maior o atendimento nesses indicadores, melhor será a posição do município no Ranking.
Em segundo lugar, foi destacada a existência de saneamento no Brasil que necessita investimentos significativos para aumentar o nível de cobertura. De acordo com o Plano Nacional de Saneamento (Plansab), os investimentos necessários para universalização do saneamento no Brasil são de R$ 267,5 bilhões, sendo 108,2 bilhões em água e 159,3 bilhões em esgoto.
O Estudo, em terceiro lugar, chama a atenção a enorme ineficiência que existe nos sistemas de abastecimento de água no Brasil. A cada 100 litros de água que é produzido no Brasil, cerca de 36 litros são perdidos (seja do ponto de vista físico – perdas reais, seja do ponto de vista de faturamento – perdas aparentes). De acordo com o SNIS 2010, o índice de perdas dos municípios é de 35,9%, valor provavelmente subestimado. Em algumas localidades, os níveis de perdas são ainda mais elevados, podendo ser superiores a 60%.
20 MELHORES E DEZ PIORES PARA ÁGUA
Colocação Município UF IN055 (%)
1 - São Paulo/SP - 100
2 - Belo Horizonte/MG - 100
3 - Curitiba/PR - 100
4 - Porto Alegre/RS - 100
5 -Santo André/SP - 100
6 - Osasco/SP - 100
7 - São José dos Campos/SP - 100
8 - Londrina/PR - 100
9 - Niterói/RJ - 100
10 - Caxias do Sul/RS - 100
11 - Santos/SP - 100
12 - Diadema/SP - 100
13 - Jundiaí/SP - 100
14 - Carapicuíba/SP - 100
15 - Piracicaba/SP - 100
16 - Vitória/ES - 100
17 - Franca/SP - 100
18 - Ponta Grossa/PR - 100
19 - Taubaté/SP - 100
20 - Foz do Iguaçu/PR - 100
Colocação Município UF IN055 (%)
91 - Rio Branco/AC - 75,26
92 - Gravataí/RS - 68,83
93 - Caucaia/CE - 68,46
94 - Petrolina/PE - 67,14
95 - Aparecida de Goiânia/GO - 61,01
96 - Jaboatão dos Guararapes/PE - 54,43
97 - Santarém/PA - 50,80
98 - Macapá AP - 42,64
99 - Porto Velho/RO - 32,73
100 - Ananindeua/PA - 32,31
Os 20 primeiros possuem 100% de atendimento e apenas os nove últimos colocados
possuem atendimento de água inferior a 75%.
20 MELHORES E DEZ PIORES PARA COLETA
Colocação Município UF IN056 (%)
1 - Belo Horizonte/MG - 100
2 - Santos/SP - 100
3 - Jundiaí/SP - 100
4 - Piracicaba/SP - 100
5 - Franca/SP - 100
6 - Uberaba/MG - 98,06
7 - Ribeirão Preto/SP - 97,79
8 - Sorocaba/SP - 97,46
9 - Uberlândia/MG - 97,34
10 - Governador Valadares/MG - 97,28
11 - Limeira/SP - 97,01
12 - Juiz de Fora/MG - 96,97
13 - Bauru/SP - 96,96
14 - Diadema/SP - 96,22
15 - São Paulo/SP - 96,11
16 - Santo André/SP - 95,99
17 - Contagem/MG - 95,41
18 - Montes Claros/MG - 95,16
19 - Taubaté/SP - 94,83
20 - Volta Redonda/RJ - 94,75
Colocação Município UF IN056 (%)
91 - Joinville/SC - 16,54
92 - Teresina/PI - 15,21
93 - Várzea Grande/MT - 13,14
94 - Belém/PA - 7,70
95 - Jaboatão dos Guararapes/PE - 6,83
96 - Macapá/AP - 5,55
97 - Blumenau/SC - 3,28
98 - Porto Velho/RO - 1,51
99 - Ananindeua/PA - 0
100 - Santarém/PA - 0
Pode-se notar que os 20 primeiros municípios possuem níveis de coleta acima de 94% e
dentre os dez últimos há aqueles que não coletam esgoto, ou então, que não informaram esses dados ao SNIS.
20 MELHORES E DEZ PIORES PARA TRATAMENTO
Colocação Município UF IN046 (%)
1 – Sorocaba/SP - 93,60
2 – Niterói/RJ - 92,65
3 - São José do Rio Preto/SP - 89,23
4 – Jundiaí/SP - 88,94
5 – Curitiba/PR - 86,27
6 – Maringá/PR - 85,31
7 – RibeirãoPreto/SP - 80,11
8 – Londrina/PR - 79,93
9 – Uberlândia/MG - 78,51
10 - Montes Claros/MG - 78,07
11 – Santos/SP - 76,76
12 - Franca/SP - 76,30
13 - Salvador/BA - 76,01
14 - Petrópolis/RJ - 74,34
15 - Ponta Grossa/PR - 72,15
16 - Limeira/SP - 69,44
17 - Campina Grande/PB - 69,10
18 - Foz do Iguaçu/PR - 64,59
19 - Brasília/DF - 64,36
20 - Goiânia/GO - 64,32
Colocação Município UF IN046 (%)
91 - Belford Roxo/RJ - 2,21
92 - Belém/PA - 1,83
93 - Nova Iguaçu/RJ - 0,46
94 - Ananindeua/PA - 0
95 - São João de Meriti/RJ - 0
96 - Porto Velho/RO - 0
97 - Macapá/AP - 0
98 - Bauru/SP - 0
99 - Santarém/PA - 0
100 - Governador Valadares/MG - 0
Pode-se observar que os vinte primeiros municípios possuem tratamento maior que
64% e têm média de 78%. Esse valor é mais de duas vezes maior que a média brasileira, que segundo o SNIS, é de 37,9%. Dentre os dez piores, sete não realizam nenhum tipo de tratamento de esgoto, ou então não disponibilizaram seus dados ao SNIS.