Penha Simão fala sobre objetivos da Sepaz

Penha Simão fala sobre objetivos da Sepaz

Penha Simão fala sobre objetivos da Sepaz

Foto: Divulgação

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Maria da Penha de Souza Menezes, conhecida como Penha Simão, mora em Rondônia desde 1977, é casada e tem dois filhos. Saiu de Cascavel, sul do Paraná, onde trabalhava como professora de séries iniciais e veio para Rondônia. Ao chegar aqui passou em um concurso público federal na Fundação Nacional de Saúde (Funasa) onde desempenha a função técnica na área da saúde.
Penha é graduada em pedagogia, com especialização em psicopedagogia clínica, cujos conhecimentos são voltados para a área da dependência química. Ajudou a implantar os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) que trabalham com a saúde mental de forma geral e também a dependência química em alguns municípios rondonienses.
No fim deste mês, ainda sem data definida, será realizada a posse da secretária Penha Simão para homologar a titular da pasta no cargo. Um seminário será realizado logo após a solenidade para os trabalhadores da área com o objetivo de fortalecer o vínculo entre a política de estado e a polícia nacional. A equipe técnica da Sepaz de Alagoas participará do evento e ficará em Rondônia para acompanhar a implantação da Secretaria no estado.
A Sepaz está instalada a rua Duque de Caxias, esquina com Presidente Dutra, número 654, bairro centro.
Por que entrou na política?
Penha: Sempre trabalhei com projetos sociais que envolvem as minorias. Fundei o Conselho da Mulher em Cacoal e o Grupo de Consciência Negra em Rondônia. Entrei na vida política como vereadora para ajudar a mudar o contexto social, mas vi que a força é limitada. É muito bom, porque possibilita atuar junto ao povo e cobra o prefeito. Você cria projetos, cobra leis, mas não executa. Não adianta ter um projeto lindo no papel e ele não ser executado. Estou nos últimos meses de mandato no qual pedi licença e assumo a Secretaria com muito amor, porque é aquilo que eu sempre fiz e gosto de fazer.
Qual a importância da Secretaria para Rondônia?
Penha: O governador Confúcio Moura conheceu a Secretaria de Promoção da Paz em Alagoas em 2011 e me convidou para assumir este projeto aqui em Rondônia, pois vem de encontro aquilo que ninguém nunca fez no estado, que é cuidar das pessoas.
Ela vai ser importante principalmente para as famílias, pois hoje as drogas, em especial o crack, está sendo devastador no Brasil. Basta a gente olhar para as ruas da nossa cidade e ver a luta diária dos governos que tentam acabar com as cracolândias em cidades como São Paulo e Rio de Janeiro. Se este trabalho já tivesse iniciado há 10 anos, focando esse público, talvez hoje não tivéssemos tantos problemas em relação às drogas.
Acho que essa é uma das propostas mais bonitas, mais interessantes e mais bem pensadas que um governo já teve. Muitas vezes nós não acreditamos mais nessas pessoas. A dependência química é uma doença, uma patologia do quadro da saúde mental e nós enquanto sociedade nós não abraçamos essa causa e por esse motivo nós estamos com uma parcela tão grande da população marginalizada. Se isso não for trabalhado agora o Brasil pode entrar em uma crise de dependentes químicos sem saída.
Qual o propósito da Secretaria?
Penha: Resgatar vidas, reconstruir os valores e devolver a dignidade investindo no ser humano. As pessoas viciadas em drogas se perdem dos valores sociais e suas famílias também.
E as dificuldades enfrentadas no começo?
Penha: Enfrentar dificuldades é normal. A Sepaz foi criada no meio do caminho e quando digo isso me refiro ao semestre, de junho pra julho. E por isso não estamos inseridos no orçamento, no Plano Plurianal (PPA) e nem na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Estamos desde já com uma equipe trabalhando incansavelmente no planejamento de ações e desenvolvendo a metodologia de trabalho em cima do que foi proposto para a pasta.
Por ser uma secretaria nova em Rondônia e poucas apresentam a mesma temática em todo o país, é preciso buscar expertise em outras localidades. E fizemos isso, fomos a Alagoas em novembro de 2011 conhecer o trabalho e atuação para que possamos começar a trabalhar a promoção da paz em Rondônia.
Qual a demanda de atendimento?
Penha: Quando fui pra Alagoas pude fazer um comparativo e me surpreendi, porque é considerado um estado muito violento pela própria característica nordestina e hoje possui3 milhões de habitantes e 3 mil presos, enquanto Rondônia, com sua população de 1,5 milhão, tem aproximadamente 8 mil presidiários cuja maioria tem antecedentes com drogas.
Hoje as pessoas já vêm na Sepaz buscar informações sobre o funcionamento e saber como participar dos programas que serão desenvolvidos.
Quais os eixos de trabalho?
Penha: Costumo dizer que vamos trabalhar com quatro eixos principais dentro da Secretaria de Promoção da Paz. São eles:
- Acolhimento. Vamos ter que acolher essas pessoas que hoje já vivem a margem da sociedade e jogados na sarjeta;
- Prevenção. Nosso intuito é trabalhar este eixo fortemente, sejam em escolas, igrejas e em todos os ambientes onde as pessoas estão;
- Tratamento. É preciso cuidar dos que precisam de ajuda para reverter essa situação e orientá-los;
- Reinserção. Assim vamos devolver a dignidade para essas pessoas que necessitam de uma oportunidade para voltar ao seio da sociedade.
A Sepaz vai fazer parceria?
Penha: Também observei em Alagoas o vínculo entre o estado e Organizações Não Governamentais (ONGs) que são as instituições que tratam a dependência química. Estamos iniciando agora e não vamos deixar de lado ou desprezar essas instituições que já possuem know-how e desempenham estes trabalhos. Fizemos um levantamento e no estado já existem 31 comunidades terapêuticas, as quais atuaremos em parceria através de convênios. Os coordenadores serão treinados e instruídos quanto a documentação necessária e os critérios para que os centros possam ser cadastrados em editais do governo.
Vamos atuar lado a lado com a Secretaria de Educação (Seduc), de Saúde (Sesau), de Segurança, Defesa e Cidadania (Sesdec) e Assistência Social (Seas), que vão somar para retirar a população acometida pela dependência química da marginalidade. Onde existir um órgão que cuide de gente, nós também estaremos lá.
Já existem programas criados?
Penha: Atualmente estamos trabalhando na estruturação da Secretaria e verificando a viabilidade e fortalecimento de alguns projetos.
- Rondônia acolhe. Nenhum governo olhou a dependência química como prioridade e por isso Rondônia agora vai acolher. Nós não queremos a nossa população dentro da cracolândia, queremos na escola e no trabalho, em busca de um futuro melhor. Esse programa vai chegar até o dependente, mas também vai tratar da família que é quem mais sofre com o problema.
- Jovens promotores da paz. Este tem o objetivo de formar multiplicadores nas escolas em parceria com a Seduc, pois ninguém melhor que os jovens para falar entre si da importância do combate a dependência química. Os alunos serão capacitados juntos aos técnicos da Sepaz para que disseminem este conhecimento.
- Anjos da paz. É uma equipe multiprofissional que anda pela cidade para levar a mensagem de segurança e acolhimento, tentando resgatar o dependente químico, fazendo a ponte entre os dependentes e os familiares.
Por que “Secretaria de Promoção da Paz”?
Penha: Porque paz é um contexto muito amplo. A Sepaz foi constituída com esse nome, pois seu objetivo é ajudar os dependentes químicos e suas famílias na luta contra as drogas. Quem tem um dependente químico no seu convívio sabe como é difícil e tem consciência de que a paz para essas pessoas é quase inexistente. Quando nós passarmos a acolher, tratar e reinserir essas pessoas acometidas pelas drogas estaremos devolvendo a paz para elas, às famílias e todo o entorno.
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