ALE – a vergonha de Rondônia - Por: Valdemir Caldas
Foto: Divulgação
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Em matéria postada neste jornal, o presidente em exercício da Assembléia Legislativa de Rondônia, José Hermínio Coelho (PSD – Porto Velho), afirma que “a credibilidade da casa não será resgatada com discursos e sim práticas concretas”. Nada mais óbvio. Nesse caso, há que se perguntar por que a ALE não cassou os oito envolvidos na Operação Termópilas, execrando apenas Araújo e suspendendo, por trinta dias, os demais envolvidos, já que todos teriam participação no suposto esquema de propina?
Dizer-se que Araújo foi o agente ativo (aquele que tem relação direta e pessoal com a situação), enquanto os outros figuram na ação como agentes passivos (aquele que sofre a ação imposta pelo agente ativo), razão pela qual não poderiam receber o mesmo castigo, não entra na cabeça da população.
Noutro trecho da matéria, Hermínio elogia o trabalho da Comissão Parlamentar Processante, enaltecendo a qualidade do relatório, que “apontou todas as irregularidades”. Tenha santa paciência! Assim já é demais! As irregularidades foram descobertas pela Polícia Federal, em excelente trabalho de investigação. A Comissão apenas as ratificou, presidente.
Mais adiante, Coelho diz que a ALE “em muitas ocasiões envergonhou o povo”. Envergonhou não, presidente, continua envergonhando. Vamos colocar o verbo no tempo certo. Ou o senhor acredita que a decisão do plenário, livrando a cara dos sete e mandando Araújo para o cadafalso, deixou a população satisfeita, feliz da vida? Engana-se, redondamente.
Hermínio finaliza afirmando que, enquanto estiver no comando daquela casa, “não haverá roubalheira”. O pior é que ninguém acredita nisso, presidente, à exceção do senhor. Consulte a população. Hoje, 99,9% da sociedade não confiam um palito de fósforo apagado na ALE.
A política rondoniense não passa mesmo de um festival de trapalhadas. É como se o povo, durante um longo período, fosse mantido na ilusão de estar vivendo um trama real, mas aos poucos fosse percebendo que se assiste uma farsa, no palco, enquanto o verdadeiro enredo sempre se desenrolou nos bastidores.
Não resta dúvida de que, para Coelho, o escândalo da Termópilas não foi realmente um caso repugnante, que lhe causou sincera indignação, mas apenas um prato cheio, recebido com mal disfarçada satisfação e ao qual se lançou com voracidade canina, pois, graças a isso, conseguiu chegar ao posto máximo daquele poder.
Não é de agora que a população clama pela restauração dos valores éticos, aqui e alhures, mas também há uma disseminada descrença na classe política para promovê-la. O mais lamentável nisso tudo, porém, é o grau de subserviência do Poder Legislativo, que aceitou as condições impostas pelo palácio Getúlio Vargas, mandando às favas a liberdade e a independência dos poderes.
Todo mundo sabe que houve um acordo, com as bênçãos do palácio Getúlio Vargas, para livrar a cara dos sete acusados e cassar Araújo, e que a negociação passou pela ocupação de cargos na mesa diretora, com a renúncia de quatro deputados: Jean Oliveira (PSDB), Epifânia Barbosa (PT), Saulo Moreira (PDT) e Ana da Oito (PT do B).
Nem todos votaram de acordo com suas consciências, como insinuou o presidente da ALE. Pelo contrário, houve quem aceitasse a suprema humilhação de deliberar segundo a determinação do poder central.
Há um ditado popular segundo o qual a maça podre, quando não retirada do cesto, pode levar as demais maças a apodrecerem. A ALE não podia permitir que mais esse episódio passasse em brancas nuvens, mas simplesmente não fez o menor esforço para separar o joio do trigo, evidenciando, assim, que não está sintonizada com os clamores da sociedade.
Mais uma vez, a ALE proporcionou o momento mais infeliz de toda a sua história. Os interesses da população e os princípios basilares da democracia foram simplesmente lançados na lata de lixo. A ALE é uma vergonha para Rondônia.
* O resultado da enquete não tem caráter científico, é apenas uma pesquisa de opinião pública!