Quem será que matou Norma? – Por Professor Nazareno*
Foto: Divulgação
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Algo extremamente importante para os destinos da nação será desvendado hoje no Brasil: finalmente a população brasileira ficará sabendo quem matou a Norma, personagem vivida por Gloria Pires na trama da novela “Insensato Coração” de Gilberto Braga e Ricardo Linhares que é exibida no horário nobre da Rede Globo. Mais de 90 milhões de telespectadores, segundo estimativas globais, estarão à noite em frente à telinha para saber o resultado final da trama.
Assim como o assassinato de Salomão Hayalla, personagem da reprisada novela global “O Astro”, e de Odete Roitman, da também global “Vale Tudo”, a morte desta personagem une os brasileiros (idiotas e alienados em sua grande maioria) de norte a sul do país numa espécie de “frenesi nacional” para desvendar os mistérios da ficção. Só ficção mesmo, já que para Literatura há ainda uma grande distância a ser percorrida.
Há um ditado popular muito conhecido e que muitos o atribuem a Platão: “os seres humanos sábios e inteligentes falam sobre idéias e pensamentos, os normais falam sobre coisas e os medíocres falam apenas sobre pessoas”. Se este ditado estiver correto, está explicado o porquê de tanto sucesso que as novelas brasileiras fazem aqui no Brasil. Somos uma nação de pessoas vadias, despolitizadas e medíocres em sua grande maioria. Deixamo-nos anestesiar por tolices sem nenhuma importância cultural, social, política ou histórica apenas com preguiça mental ou medo de discutir os reais problemas que afligem o país. Damos a audiência de que as emissoras tanto precisam para embrutecer a nação e imbecilizar ainda mais o povo com o seu pífio nível de programação diária. Como se já não bastassem os imorais programas policiais, o horário político gratuito e o ridículo BBB ou A Fazenda.
Porém, adivinhar quem matou a Norma seria apenas um jogo de coerência e lógica. Particularmente eu acho que foi o Roberto Sobrinho, Prefeito de Porto Velho. Afinal ele ajudou na morte do PT de Rondônia e também assassinou a paciência dos motoristas da cidade com suas incontáveis obras inacabadas. Para “executar o serviço” seria a coisa mais fácil do mundo: viajava com qualquer um dos seus secretários para Fortaleza no Ceará, se hospedava no luxuoso hotel da Marquise e de lá, sem a imprensa saber, dava um pulinho até o Projac no Rio de Janeiro e pronto. Além do mais, seria muito bom para nós de Rondônia. O nosso Estado ganharia fama nacional e ficaria muito famoso e conhecido no Brasil inteiro, já que quase ninguém fora daqui sabe que Rondônia existe. Além dele, quem mais poderia pousar de suspeito por ter realizado esta grande tragédia nacional?
Talvez a Assembléia Legislativa do Estado possa abrigar em seus quadros o suposto assassino. Isto porque “esta casa de leis” foi acusada recentemente por parte da mídia local de, na calada da noite e em conluio com o Poder Executivo, ter aprovado a isenção de quase um bilhão de reais em impostos das usinas do Madeira. Claro que isto não é verdade. Já ficou provado que todos os deputados estaduais de Rondônia trabalham em benefício do povo e não fariam tal coisa. Se ela não existisse, Rondônia não seria o que é: um Estado pujante, altamente desenvolvido, com altos índices de IDH e que ruma inexoravelmente para o progresso. Ai de nós, se não fossem esses grandes legisladores que temos. Quando vejo uma propaganda da ALE logo me vem à cabeça o Conselho de Segurança das Nações Unidas. Por isso, deve-se entender que nenhum deles possa ter matado a Norma. Não faria sentido algum.
Mas se não foi ninguém de Rondônia, quem teria sido então? Talvez um dos muitos Ministros demitidos do Governo da Dilma. Ressentidos, resolveram se vingar do povão. Além do mais, pesam contra eles acusações de envolvimento em casos escabrosos de maracutaias e desvio do dinheiro público. Se for verdade, matar uma pessoa seria então “um café pequeno” para alguns deles. Mas amanhã, o país amanhecerá mais aliviado. Saberemos enfim quem foi o responsável. O país acordará de uma utopia e já na segunda-feira embarcará em outra pior ainda. Sabemos quem matou Norma, Odete Roitman ou Salomão Hayalla e não queremos saber quem nos mata diariamente ao desenvolver em nós a incapacidade de pensar sobre a dura realidade que nos cerca. Para muitos brasileiros babacas, é mais importante saber quem assassinou um personagem da ficção do que quem nos mata diariamente em nossos “açougues-hospitais”. Por que saber a quantas anda o atendimento no Hospital João Paulo Segundo se posso viver a mesma realidade só que de mentirinha? Quando os viadutos de Porto Velho serão terminados? Quando esta sociedade medíocre e alienada valorizará a educação? Quando os nossos políticos deixarão de roubar o nosso suado dinheiro? Quando, enfim, haverá mais ética na política? Quando seremos chamados de povo em vez de público? Há dois dias morreu Norma, a personagem fictícia da novela, e a partir de hoje continua morrendo um país inteiro mergulhado no faz-de-conta de sua idiota gente.
*É Professor em Porto Velho.
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