O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) pediu abertura de inquérito policial contra o apresentador e humorista Rafinha Bastos, do programa "CQC", da TV Bandeirantes, para apurar suposta incitação e apologia ao crime após uma “piada” sobre estupro, informa a Folha de S. Paulo desta sexta-feira (8/7).
As declarações foram feitas por Bastos em seu show de comédia stand-up e reproduzidas na revista "Rolling Stone" de maio. "Toda mulher que eu vejo na rua reclamando que foi estuprada é feia pra Caral.. Tá reclamando do quê? Deveria dar graças a Deus. Isso pra você não foi um crime, e sim uma oportunidade. Homem que fez isso (estupro) não merece cadeia, merece um abraço", disse na ocasião.
Estupro e apologia ao crime
Segundo o jornal, o caso será enviado à 3ª Delegacia Seccional da capital paulista na segunda. Caso seja condenado, Rafinha Bastos pode pegar de três a seis meses de prisão por incitar estupro e, pelo mesmo período, por apologia ao crime.
O pedido foi feito pela promotora de Justiça Valéria Diez Scarance Fernandes, coordenadora do Núcleo de Combate à Violência Doméstica e Familiar.
"O estupro é um crime. O estuprador é um criminoso que deve ser punido e não publicamente incentivado", alega.
A reclamação para a solicitação de abertura de inquérito partiu da representação feita à Promotoria pela coordenadora do Núcleo Especializado de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher, órgão vinculado à Defensoria Pública do Estado de São Paulo, Thais Helena Costa Nader.
Em resposta à Folha, Bastos declarou apenas que faz seu trabalho de humor.
Convite para 'visitar' uma Delegacia da Mulher
No último mês, a presidente do Conselho Estadual da Condição Feminina São Paulo (CECF), delegada Rose Corrêa, disse em entrevista ao Comunique-se que se dispõe a esclarecer e orientar o humorista do CQC a respeito do trauma causado pelo estupro a uma mulher, após o humorista ter feito uma 'piada' sobre o crime.
“Se ele nunca viu o estado que uma mulher fica depois de ter sido estuprada, eu me disponho a levá-lo em qualquer Delegacia de Proteção à Mulher para que ele veja de perto o que é isso, como é isso e não faça piadas com um assunto tão delicado.”
Na ocasião, Bastos respondeu o seguinte:“Se os comediantes tiverem que responder por toda piada que fazem, não vão ter tempo pra mais nada na vida. Nem pra fazer comédia".