Saem os limpos, entram os sujo - Por Valdemir Caldas

Da Redação

28 de Março de 2011 às 15:54

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Saem os limpos, entram os sujo - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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A polêmica em torno da Lei da Ficha Limpa prestar-se muito mais à apreciação ética que a análise meramente jurídica. É o princípio da anterioridade, segundo o qual uma lei não pode retroagir para prejudicar o réu, justificam especialistas. Difícil, no entanto, é tentar incutir a idéia na cabeça do cidadão comum, cuja paciência já se exauriu com tantas patifarias.

Sai o deputado limpo, entra o sujo, condenado por improbidade administrativa, falsidade ideológica, formação de quadrilha e apropriação indébita. Sai o senador limpo, entra o sujo, acusado de quebrar instituições públicas e desviar dinheiro para construir pontes, estradas e viadutos, que jamais saíram do projeto.

Nada disso, porém, e de estranhar-se. Afinal, vivemos no país do jeitinho, da malandragem, da impunidade. O individuo constrói fortuna com dinheiro surrupiado do contribuinte, convicto de que nada não lhe acontecerá. Após o estouro de cada escândalo, basta contratar um bom advogado. Depois, comparecer a uma instituição policial para prestar depoimento. E pronto.

E aí é só continuar curtindo, torrando a grana pilhada em passeios e festas de arromba, com familiares e amigos, comprando e vendendo carrões, lanches e iates, convivendo, tranqüilamente, no meio da sociedade, como se cidadão decente fosse, cumpridor de suas obrigações, chacoteando do povo e da Justiça, até o processo prescrever. Cadeia que é bom, nada!

Louco é quem se atrever a apontar-lhe o dedo na rua, pois corre o sério risco de ter que responder judicialmente, por injúria, calúnia e difamação. Pois é. Dizer a verdade, no Brasil, é crime. Bandido não pode ser chamado de bandido, ladrão não pode ser chamado de ladrão, nem pedófilo pode ser chamado de pedófilo. E por aí vamos descendo a ladeira da decência, rumo à pocilga. Aliás, acredito que nela já estamos chafurdando há muito tempo.

Muitos, inclusive, chegam a chorar, copiosamente, em frente às câmeras, tentando convencer os incautos de sua inocência. São verdadeiros artistas, nada devendo, no quesito encenação, aos atores de televisão. No fundo, são fariseus, travestidos de falsos moralistas, vermes, que derramam, no vaso sanitário, seus resquícios de vergonha na cara.

Mas esses canalhas não perdem por esperar. Logo chegará o dia em que o povo brasileiro criará vergonha na cara e aprenderá a votar, corretamente. Afinal, só há político ficha suja porque existe eleitor venal, capaz de vender o voto por quinhentos tijolos, cinqüentas telhas e o patrocínio da cerveja no final de semana.

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