Seu Manelão eu queria mais um dia – Por Chico Rangel

Da Redação

01 de Março de 2011 às 10:46

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Seu Manelão eu queria mais um dia – Por Chico Rangel

Foto: Divulgação

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A vida prega peças na gente. Em toda a minha vida em Rondônia nunca deixei de participar de uma apresentação da Banda. Chamo assim, pois era um verdadeiro espetáculo. Em 2007 deixei Rondônia, e uma das minhas grandes saudades eram as tardes de sábado que antecediam o carnaval- aqueles encontros no chaveiro Gold. Inicialmente na Galeria do Ferroviário, depois na Carlos Gomes e ultimamente na presidente Dutra. Tudo culminando com o desfile de sábado de carnaval.

Conheci o Manelão em 1.987, quando o Sílvio Santos e os compositores da Banda comemoravam os 10 anos de banda. “nos 10 anos dessa banda, estão misturando combustível, é sacanagem eu me abasteço é de mulher”. Foi paixão à primeira vista. Nos anos seguintes virei brincante assíduo. Tive a honra de em 1.990, com apoio de Seu Ivan e Jacob da Distribuidora Souza, fazer a primeira transmissão ao vivo da Banda. Mais de 80 mil pessoas lotaram a Carlos Gomes/ Marechal e Sete de Setembro. A Banda não andava.

As dificuldades e falta de apoio, quase fizeram Manelão desistir. “Esse ano não sai”, dizia ele. Mas sempre aparecia uma saída e o bloco ia pra rua. Com seu amigo e fiel escudeiro Sílvio Santos e inúmeros assessores de época-não faltava ajudante no chaveiro Gold - a grande maioria em busca daquela gelada, que nunca faltava no freezer do chaveiro- Ele levava o trem adiante.

Em 1.995, pude ver de perto como era difícil organizar a Banda. Através da agência Amazônia de Publicidade, eu, Terezinha Blanco, Leo Ladeia e João do Valle, tentamos ajudar o Manelão. E foi como ele sempre dizia: “Patrão, esse negócio não dá lucro, é só dor de cabeça!” Dito e feito. Não tivemos lucros financeiros, mas não teria dinheiro que pagasse aqueles dois meses de correria e de relacionamento com toda a turma da Banda. Foi nesse ano que fizemos um concurso para escolher a marcha da Banda, e para não dizer que não passaríamos em branco, ganhamos alguma coisa: a honra de ter nos anais da Banda do Vai Quem Quer , uma das músicas mais festejadas no desfile. Si’vamos atrás da Banda. Música de minha autoria e letra em parceria com João do Valle e Léo Ladeia. A interpretação Original foi de Jonhanderson “piaba”. Imortalizamos também o “seu manelão”, personagem sugerido pelo João do Valle, materializado através da caricatura criada por mim e pelo designer Paulo Arruda, e até hoje usada como logomarca da Banda.

Morando em Brasília desde 2007, louco para rever a folia da Banda, no ano de 2010 estive no aeroporto para embarcar, mais problemas de trabalho me prenderam longe da Banda. Por incrível que pareça na sexta-feira, dia 25, passei o dia vendo arquivos que tenho da minha época de jornalista. Inclusive Cd’s e vídeos. Esse ano de 2011 eu não poderia ir, mas nada me tiraria o prazer de estar na Banda em 2012. Na minha cabeça sempre teria de novo! Sei que a Cici, (filha do Manelão) vai dar continuidade... Mas, seu Manelão eu queria mais um dia. Um dia para rever você, com esse seu jeitão de bravo, mas de um coração que só quem te conhece de verdade sabe dimensionar. Não tem problema “patrão”, como sempre me chamava, vou guardar em minha mente aquelas suas risadas longas, as gozações atrás do balcão do chaveiro e por fim a sua eterna frase: Esse ano a Banda não sai. E no fim ela sempre saia. Que continue saindo, para manter viva a sua imagem e a cultura do povo rondoniense.

Estive pensando em quem você vai encontrar quando chegar lá em cima: Sérgio Valente, a madrinha das piranhas, vai te entrevistar e colocar você na coluna “céusial”. E vai chamar o Juvenal pra tomar uma “divina”. Bosquinho já vai te enfeitar e dizer que você é bem vindo. Claudinho já preparou aquele caldo para quando a Banda virar na Praça Rondon. É companheiro, chama o Jotapi e Odair Cordeiro e vai preparando as camisetas e aquela caipirinha, pois o destino de todos nós é um dia ir para essa outra Banda. E nessa ai,vai até quem não quer. Faça boa viagem!

Francisco Rangel

Advogado residente em Brasília. Por 21 anos morou em Rondônia e atuou como jornalista. Faz parte da ala de compositores da Banda desde 1.995.

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