Porto Velho: Futebol com Pimenta, Ponte sem Estrada! - Professor Nazareno*

O futebol da capital de Rondônia entra definitivamente para o rol de fatos inusitados e engraçados. Com times de nomes bisonhos e ridículos como Genus (sem acento mesmo) e Shaloon, o nosso precário “esporte das multidões” protagonizou recentemente algo di

Porto Velho: Futebol com Pimenta, Ponte sem Estrada! - Professor Nazareno*

Foto: Divulgação

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Claro que não é brincadeira de mau gosto. Nem piada sobre as bizarrices locais, mas coisas incríveis andam acontecendo ainda nestas terras karipunas. O futebol da capital de Rondônia entra definitivamente para o rol de fatos inusitados e engraçados. Com times de nomes bisonhos e ridículos como Genus (sem acento mesmo) e Shaloon, o nosso precário “esporte das multidões” protagonizou recentemente algo digno de fazer rir o mais sisudo dos seres humanos: o jogo entre Moto Clube e o próprio Genus terminou à base de spray de pimenta lançado pelos policiais “convocados” para resolver um sururu durante uma partida que tinha uns cinco ou dez torcedores sentados nas sujas arquibancadas do Estádio Aluízio Ferreira, a “arena guaporeana”. Recorde de público no clássico porto-velhense. O mundo inteiro “se deliciou” com mais esta palhaçada rondoniense.
 
Se o futebol de Porto Velho não consegue dar alegria aos seus escassos torcedores, nas outras situações da vida cotidiana os resultados também não são nada animadores. Coube à Polícia Militar do Estado, por exemplo, protagonizar mais um mico para uma população que, em tese, deveria ter a proteção irrestrita da corporação. Óbvio que quem encenou Corumbiara para o mundo não pode servir de bom exemplo para ninguém mesmo. Já pensou se as autoridades sul-africanas se interessam pelo “know how” desenvolvido pela nossa PM para encerrar as partidas de futebol? A próxima Copa do Mundo teria cenas hilárias com pimenta em aerossol importunando as principais estrelas do futebol da atualidade. Ainda bem que Messi, Kaká, Rooney e Cristiano Ronaldo estão livres destes provincianismos tupiniquins.
 
Mas futebol é cultura, dirão alguns. Pode até ser, mas administrado desta maneira mais do que amadora desmente as mais conhecidas enciclopédias. Cultura é com absoluta certeza algo diferente. E muitas coisas por aqui são mesmo diferentes. O arraial Flor do Maracujá, para citar um pequeno exemplo. Existe coisa mais esquisita do que esta festa? As autoridades da cultura local já mudaram pela quarta ou quinta vez o endereço onde será realizado “o maior arraial sem santo do Norte do país”. Começou no centro da cidade, perto do Ginásio Cláudio Coutinho, migrou para a Esplanada das Secretarias, andou pelo Parque de Exposições e agora será no bairro Embratel. Mas é um bom sinal: está caminhando para fora do perímetro urbano, para a zona rural. Festa da roça tem que ser mesmo no meio de matutos e capiaus e bem no meio do mato, longe do que acreditamos ser a civilização. Espera-se que este ano ela não seja tão catinguenta como de costume.
 
Sem futebol, sem cultura própria definida já que está longe demais e não consegue sequer imitar Campina Grande, Parintins ou o Rio de Janeiro, resta aos porto-velhenses construir obras faraônicas sem nenhum sentido como uma ponte de 210 milhões de reais sobre o navegável rio Madeira. Isso sem ter nem a promessa de uma estrada para ligar a nossa capital até Manaus. Pior: Porto Velho será uma das poucas capitais do país que não verá a próxima Copa do Mundo pela televisão digital. Parece que o jeito é se arriscar mesmo “a levar spray de pimenta na cara” ou então ir aos incontáveis bares espalhados pela cidade e torcer pela seleção brasileira nos gramados da África do Sul. Enquanto isso, vemos os políticos “devolverem” o dinheiro do povo e dizerem que já podemos usar a “privada” da rodoviária sem precisar pagar por isso. Nada mal. Apesar de tudo, “estamos desenvolvendo”.
 
 
 
 
*O professor Nazareno leciona na Escola João Bento em Porto Velho.
 
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