O mundo deve preocupar-se mais com as comunidades aborígenes. Muitas estão em risco de desaparecer. O desconhecimento desta realidade incentiva as injustiças. Uma tribo indígena da amazónia acaba de perder o membro mais idoso. Os Akuntsu ficam assim reduzidos a cinco elementos e correm o risco de desaparecer rapidamente do planeta. Ururú era a mais velha do grupo. «Uma lutadora, uma mulher forte que resistiu até ao último momento», assim era descrita pelo chefe de operações da FUNAI, departamento do governo brasileiro para os assuntos indígenas. A mulher leva consigo parte da história da comunidade, que guardava na sua memória. Ururú foi testemunha do genocídio do seu povo e da destruição da floresta, na década de 1960 e 1070, quando agricultores se instalaram no estado de Rondônia.
Nos últimos 50 anos, a tribo foi alvo de diversas violências. Os sobreviventes viram diversos membros das suas famílias assassinados pelos camponeses, assim como as suas casas destruídas. Alguns ainda têm marcas de bala no próprio corpo. A FUNAI acabou por encontrar vestígios de toda a destruição que os agressores tentaram esconder. Em 1995, o grupo contava com sete indígenas. Actualmente, os cinco restantes membros vivem num território, reconhecido oficialmente pelo governo brasileiro, e protegido de possíveis invasões. A FUNAI condena os ataques contra tribos indígenas. «Contrariamente aos horrores da segunda guerra mundial ou ao massacre no Ruanda, o genocídio dos povos indígenas ocorrem nas regiões mais isoladas do mundo, longe dos olhares e da reprovação da comunidade internacional», afirma Stephen Corry. O director da organização considera que os indígenas só poderão estar em segurança, quando estas injustiças forem igualadas à escravatura ou ao Apartheid [regime racista de África do sul].