Pré-candidato do PSOL a Presidente, Plínio de Arruda diz que projeto é anticandidatura - Por Paulo Queiroz

Pré-candidato do PSOL a Presidente, Plínio de Arruda diz que projeto é anticandidatura

Pré-candidato do PSOL a Presidente, Plínio de Arruda diz que projeto é anticandidatura - Por Paulo Queiroz

Foto: Divulgação

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Política em Três Tempos
 
 
 
1 – NOME DO PSOL
 
Divulgado por militantes do PSOL neste sábado (03), um manifesto de intelectuais critica a polarização PT-PSDB, a senadora Marina Silva (PV) e, principalmente, torna público o apoio ao nome de Plínio de Arruda Sampaio para o cargo de presidente da República. Intitulado “Construir um projeto socialista para o Brasil”, o documento traz como epígrafe a frase “Só crescemos na ousadia”, do escritor uruguaio Mario Benedetti (1920–2009), busca fortalecer o nome de Plínio, que já disputou o governo de São Paulo duas vezes (pelo PT em 1990 e pelo PSOL em 2006). Na íntegra, é o que se segue:
 
“As trabalhadoras e os trabalhadores de todo o mundo vivem um tempo de profundas definições diante da eclosão de uma das piores crises da economia capitalista desde 1929 - crise estrutural, acentuada pelo padrão neoliberal de acumulação capitalista da era das desregulamentações, à qual se soma uma gravíssima crise ambiental cuja dimensão mais urgente é o aquecimento global.”

”No Brasil, nenhum desses imensos desafios poderá ser adequadamente enfrentado se não houver articulação entre os partidos de esquerda anticapitalistas, os movimentos sociais anti-sistêmicos dos sindicatos autônomos e classistas e a juventude engajada na luta política e cultural.”

”O primeiro passo para isso consiste na formulação de um programa, um projeto para o Brasil, de combate aos efeitos perversos das crises em curso. O programa precisa estar fundamentado em medidas macroeconômicas que configurem uma estratégia de enfrentamento à crise sem aceitação das restrições que o capital e a classe dominante querem impor aos trabalhadores, e sem perda de direitos e garantias já adquiridos. Tem que enfrentar as questões da dívida pública, encaminhando a agenda do Jubileu Sul para realização de uma rigorosa auditoria, cancelando os pagamentos ilegítimos dos juros, denunciando a baixa tributação sobre o capital, objetivando assegurar menor tributação aos trabalhadores e recursos para desenvolver as políticas públicas.”

2 – FALSA POLARIZAÇÃO

“Somente combatendo o padrão de acumulação expropriador e depredador será possível enfrentar a grave crise ecológica criada pela lógica irracional do mercado. O programa deve, também, ser um instrumento contra as tendências autoritárias, xenófobas, machistas e racistas que se alimentam do agravamento do quadro social. Mais amplamente, o programa tem de expressar uma resposta conjunta dos povos de nossa região aos agravados desafios comuns colocados pela crise de civilização que vivemos. Devemos pautar também uma intensa denúncia da criminalização dos movimentos sociais e da pobreza.”

”Por fim, em nossa compreensão a luta dos socialistas não pode se limitar ao combate às formas de corrupção, mas o atual cenário de escândalos recoloca para nós a obrigação de defender o fim do Senado.”

Alternativa anticapitalista em 2010 - Um projeto anticapitalista, popular e socialista precisa ter seu programa forjado desde já nas lutas imediatas. Apenas dessa forma as forças populares terão condições de oferecer, em 2010, uma alternativa de voto aos milhões de brasileiros e brasileiras.”

”A classe trabalhadora não pode ficar refém da falsa polarização entre a candidatura do governo Lula versus a do bloco PSDB/DEM, pois, com pequenas diferenças, seus programas têm por mote a salvação do capital diante da crise e ataques à classe trabalhadora.”

”Tampouco podemos deixar de apresentar uma alternativa de projeto à possível candidatura de Marina Silva, pelo PV, que não expressa uma ruptura com o projeto global de governo que balizou os dois mandatos de Lula. Além de não superar uma visão utópica e meramente retórica de que pode haver desenvolvimento ambiental sustentável sobre bases capitalistas. Não por acaso, o partido que escolheu para se filiar se encontra na base de governos que vão do PT ao PSDB e tem Zequinha Sarney como um dos seus chefes. O povo tem o direito de conhecer formas não capitalistas de sair da crise, por isso nos propomos a construir as bases de um autêntico projeto socialista para o Brasil.”

3 – UMA ANTICANDIDATURA
 
Um nome a serviço de um projeto - O nome de Plínio de Arruda Sampaio, como pré-candidato à Presidência da República pelo PSOL, afirma essa necessidade e a possibilidade deste debate. Plínio é uma reserva moral e política da esquerda brasileira, que guarda coerência integral com os desafios da reorganização de forças no campo socialista e da classe trabalhadora neste novo momento histórico em que vivemos. E representa de forma coerente um projeto de natureza anticapitalista para o Brasil.”

”Além disso, é capaz de representar o perfil de uma política de alianças centrada nos partidos da Frente de Esquerda Socialista (PSOL, PCB e PSTU) e nos setores do movimento de massas que permanecem comprometidos com uma intervenção transformadora na luta de classes.”

”Enfim, a pré-candidatura de Plínio de Arruda Sampaio possui enorme potencial de aglutinação de forças políticas e sociais, avanço no debate programático e acúmulo estratégico na direção de um projeto socialista para o Brasil. A partir deste manifesto propomos construir uma ampla agenda de debates e atividades com todos aqueles setores que estejam dispostos a se engajar na formulação de um novo projeto para o Brasil com as bases aqui sugeridas”. Ponto final

O lançamento da pré-candidatura de Plínio é decorrência da tentativa frustrada do PSOL de fazer a ex-senadora e hoje vereadora por Maceió Heloísa Helena disputar o cargo. Atualmente com 79 anos, completando 80 em julho do ano que vem, o próprio Plínio avisa: "Evidentemente não é uma candidatura para ganhar. Não vamos fazer farsa, não vamos fazer cirquinho. É uma candidatura que a lei permite para mostrar o outro lado." Plínio diz que seu nome ainda não é uma certeza, mas uma possibilidade. Ele, no entanto, explica porque aceitaria concorrer. "Essa não é uma campanha da política brasileira normal. É uma anticandidatura. É preciso que na próxima eleição haja uma voz que seja discordante do discurso que vem feitinho. Porque o discurso é um só." Pois!
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