Mateus, primeiro os meus - Por Valdemir Caldas

Pelo jeito, os parlamentares, que votaram pelo arquivamento do Requerimento, firmaram entre si um pacto irracional para se mostrarem cegos às denúncias...

Da Redação

17 de Setembro de 2009 às 16:25

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Mateus, primeiro os meus - Por Valdemir Caldas

Foto: Divulgação

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Somente um rematado imbecil poderia acreditar que a Câmara Municipal de Cacoal teria coragem para criar uma Comissão para investigar supostas irregularidades, praticadas na administração do prefeito Padre Franco (PT). Até quem subscreveu o Requerimento, no momento da votação, votou contra.

Pelo jeito, os parlamentares, que votaram pelo arquivamento do Requerimento, firmaram entre si um pacto irracional para se mostrarem cegos às denúncias da Comissão de Averiguação, que apontou para a existência de fraude em processo licitatório.

As exceções ficam por conta dos vereadores que votaram pela formação da Comissão: Fernando Minervino (PTB), Valdomiro Corazinho (PTB) e Euzébio Brizon (PPS), que, desde há muito, vêm denunciando eventuais ilicitudes, cometidas no governo Franco.

Mas esses, coitados, por serem minoria, apenas soam e são atropelados pelo rolo compressor dos partidários da velha doutrina do “Mateus, primeiro os meus”, anulando-se, por isso, a possível eficácia de suas ações.

No final, o que predomina, é a ganância desvairada de políticos insensíveis, capazes de qualquer sacrifício, até mesmo de um ato de honestidade, para manterem parentes e apaniguados políticos incompetentes mamando nas exauridas tetas do poder público.

Depois, quando são abatidos, nas urnas, muitos deles ainda têm o cinismo de falar mal do povo, chamando-o de ingrato e traidor.

Durante a campanha eleitoral, o cidadão promete lutar contra as injustiças sociais e pela melhoria da qualidade de vida da população. Uma vez eleito, passa, inexplicavelmente, a defender privilégios corporativistas e fisiológicos, relegando o interesse da população a um plano secundário.

Os vereadores que votam pelo arquivamento do Requerimento, pedindo a instalação da Comissão de Investigação, acabam de oferecer mais um exemplo palpável do desrespeito com que encaram a opinião pública, a partir do momento em que deixaram de fazer justiça para transformarem o mandato em instrumento à satisfação de prerrogativas imorais, que em nada se coadunam com as legítimas aspirações da população. Depois, vão chorar na cama que é lugar quente.

Os que disseram não ao Requerimento, simplesmente mandaram às favas a consciência cívica e a vontade inflexível do povo, manifestadas nas urnas. Esqueceram, portanto, de que a ética deve reger a conduta do homem público, perante a própria consciência e perante a sociedade.

Relegaram, assim, o conteúdo ideológico e as pregações eleitorais, para os quais, sabe-se, agora, não têm a menor importância. Preferiram manter os abusos e privilégios que, hoje, maculam a administração pública, prejudicando o patrimônio público e tripudiando sobre a dignidade da sociedade.

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