Como rondoniense que sou a reportagem da revista Época trouxe-me um misto de dois sentimentos: Ira num primeiro momento e compreensão no segundo e explico:
Ira por ver que ainda estamos muito atrasados no quesito avaliação do momento e relações inter-pessoais; Rondônia pela sua própria história é um conhecido pólo de ações sociais específicas: Criado por necessidade da expansão da comunicação que por fim integraria o norte ao restante do país, inicia-se em ato contínuo a chegada de não rondonienses ou mais não brasileiros.
Para cá vieram barbadianos, granadinos e de outros países pessoas que a nós juntaram-se no inimaginável projeto da Madeira-Mamoré – Conheçam a família Johnson, a família Schokines, a Alyene os Maloney.
A esse pessoal juntou-se mais uma boa leva de irmãos nordestinos que recebidos aqui passaram a integrar o grupo dos chamados soldados da borracha e aí vocês podem conhecer os Duarte, os Erse, os Castiel os Coelhos e olhem que a lista é grande.
Todos estes foram recebidos por nós nativos, muito bem como sempre o fazemos e conosco construíram o que hoje já temos que, pode não ser o mundo ideal, mas tenha a certeza é o mundo possível dentro do que nos foi permitido fazer.
Nossa história é rica nesses fenômenos. Já vimos Borracha, Castanha, Cassiterita, Ouro, febre do Novo Estado e todos esses foram feitos por pessoas que em sua maioria não eram daqui e, nem por isso os rechaçamos ou contra eles exercemos quaisquer atos hostis, ao contrario, a eles nos juntamos para que mesmo embrionariamente começássemos o processo de fazer, fazer, fazer e continuamos fazendo;
Compreensão – É claro que quem por necessidade precisa mudar seu domicilio e na busca de novas possibilidades adentra a outra cidade, sofre claro o impacto da mudança e as diferenças se acentuam e às vezes embotam a visão não permitindo uma avaliação correta da nova situação.
Isso me remete ao poeta Gonçalves Dias que proclamava “ Minha terra tem palmeiras onde.......” e assim declarava todo seu amor ao seu país e seu estado o Maranhão que ainda hoje sofre as mazelas do pouco desenvolvimento.
Hoje como se diz de forma coloquial, Rondônia é a “Bola da Vez” como já o foi em outros ciclos anteriormente citados e de todos o que sempre ficou foi a generosidade local associada ao destemor e até espírito de aventura daqueles que para cá vieram e juntos empreenderam, criaram, fizeram.
Mazelas há em muitos estados brasileiros ou na maioria e citá-los não irei até por profunda solidariedade àqueles irmãos que lá estão...
Em fim, minha sugestão a todos e começando pela revista indo até a senhora, a que olhem a história com os olhos da compreensão e vejam, que nós nativos sempre estivemos aqui exercitando à nossa maneira as mais elementares regras da convivência pacífica e indo sempre ao limite máximo da tolerância respeitando como princípio a igualdade das diferenças.
Nossa boa fé, generosidade, tolerância pode ser amplamente comprovadas, duvidam? Consultem a história...
Tenham todos uma boa estada em Porto Velho e conosco desenvolvam ações afirmativas, pois ainda teremos que receber muita gente de fora e quem sabe novamente defender nossas origens até de salto alto!!
Autora: Hellen Duarte
Pedagoga e Assessora de comunicação.