Para não cometer o crime de omissão ou compactuar com o quadro deveras gritante que se abateu sobre o Instituto de Previdência e Assistência dos Servidores Públicos do Município de Porto Velho (Ipam), o ex-conselheiro da instituição e membro da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Raimundo Nonato, veio a público denunciar o que qualificou de apropriação indébita, a retenção de recursos do órgão pela prefeitura.
Em recente trabalho de auditória, o Ministério da Previdência descobriu que a prefeitura do município deve à instituição cerca de cinqüenta milhões de reais, dinheiro esse descontado do salário do servidor e não repassado aos cofres do instituto, para pagamento de aposentadorias, pensões e outros benefícios.
Apesar do esforço de setores do governo para tentar impedir à apuração das denúncias feitas por Nonato, a equipe de auditores do Ministério da Previdência conseguiu apontar a ilicitude flagrante. Mas isso é apenas a ponta do iceberg no mar de irregularidades que vem ocorrendo no Ipam, atualmente presidido por um parente do prefeito Roberto Sobrinho, do PT, assevera o ex-conselheiro.
Ao comentar a matéria, postada no jornal eletrônico OOBSERVADOR do último dia 26, o internauta Álvaro, elogiou a postura de Nonato e, de quebra, resolveu colocar mais lenha na fogueira, dizendo que “a corrupção vem correndo solta dentro daquela instituição”. E aproveitou para pedir uma faxina nos contratos firmados entre o Ipam e prestadores de serviços.
Enquanto isso, o pagamento de direitos e conquistas de servidores do próprio instituto vem sendo desde há muito postergados, sob as mais estapafúrdias desculpadas de que não há “recursos disponíveis para essa finalidade”.
A simples revelação do rombo no caixa do Ipam pode não ser muita coisa, sobretudo para os céticos encastelados em setores da administração petista, mas, para a opinião pública, é um sinal altamente positivo de que nem tudo está perdido e de que a incompetência e a irresponsabilidade não se tornaram de todo um mar capaz de submergir a cidadania, até mesmo no que ela tem de mais nobre, que é o respeito pelo bem público.
Agora, sabe-se que, graças a artifícios que só encontram resposta na canalhice de pessoas que julgam ser o erário uma parte expressiva dos seus bens pessoais e que, por isso mesmo, podem fazer dele o que bem entender, recursos dos segurados do Ipam simplesmente não foram repassados à instituição.
Ainda bem que os segurados do Ipam podem contar com a vigilância indômita de alguns conselheiros e, principalmente, do Ministério da Previdência para combaterem essas e outras condutas delituosas eventualmente cometidas contra a instituição, por pura irresponsabilidade de certos dirigentes.