Depois que foi alçado ao cargo de Conselheiro do Tribunal de Contas de Rondônia, o ex-deputado estadual Chico Paraíba resolveu abjurar a própria origem, ou seja, não mais quer ser chamado de Chico Paraíba, mas sim, Francisco Carvalho.
Chico Paraíba foi indicado para o posto por seus colegas de parlamento, que o consideraram uma pessoa de idoneidade moral e reputação ilibada, além de possuir notórios conhecimentos jurídicos, econômicos, contábeis e financeiros, no âmbito da administração pública, dentre outros requisitos, exigidos dos nomeados pela Constituição Estadual.
Chico Paraíba só não esclareceu o motivo (ou motivos) pelo qual decidiu passar um borrão no sobrenome que, ao longo de seguidos anos de vida pública, serviu para identificá-lo junto à parcela do eleitor rondoniense, que o fez prefeito de uma cidade interiorana e, posteriormente, o elegeu várias vezes deputado estadual.
Há quem diga, contudo, que o sobrenome “Paraíba” estaria intimamente ligado ao nebuloso caso da folha de pagamento paralela, um dos maiores (senão o maior) escândalos envolvendo dinheiro público de que se têm notícia na história política de Rondônia. E isso, evidentemente, não seria nada agradável para a imagem do novo conselheiro.
Verdade ou não, uma coisa é certa: o sobrenome Paraíba deveria servir de orgulho para o recém-nomeado conselheiro do TCE.
A Paraíba é um importante estado da federação, com uma economia marcante, responsável por um PIB de, aproximadamente, R$ 20 bilhões de reais, terra natal de poetas e escritores notáveis como Augusto dos Anjos e José Américo de Almeida, dentre outros paraibanos ilustres.
Particularmente, conheço muitos paraibanos, nas mais diversas áreas do conhecimento. São pessoas competentes, inteligentes, honestas e sinceras, que para cá vieram, fincaram raízes e, hoje, são motivos de orgulho para seus familiares, amigos e concidadão. Afinal, nem todos têm a oportunidade de escolher o lugar onde quer morar.
O sentimento gregário, que torna o ser humano solidário aos seus semelhantes, contudo, é que serve para avaliar o grau de compromisso do individuo com seus contemporâneos.
O bairrismo, o nativismo e tantos outros ismos conhecidos, alimentam-se exatamente dessa identidade de sentimento, que acaba por tornar o ser humano vinculado ao lugar onde ele tem amizades, constrói seu patrimônio e sua família.
O ex-prefeito, ex-deputado estadual e atual conselheiro do TCE, Chico Paraíba, deve tudo o que tem e o que conquistou na vida política ao povo rondoniense, mas, renegar o chão onde nasceu, soa como despautério.