POLÍTICA & MURUPI - Por Léo Ladeia
Foto: Divulgação
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Bem que tentei voltar ontem mas, Dia dos Santos Reis – tão importante que já foi até feriado – é dia de retirar os adornos, guardar a árvore e descansar depois de tanto trabalho. A coragem apareceu hoje tão minguada quanto as notícias sobre a política. Brasília ontem era o retrato da letargia que toma conta do Brasil desde o meio de dezembro até depois do Carnaval. Nada parece estar acontecendo no mundo para quem vive abaixo da linha do Equador num lugar, para o resto do mundo, inóspito, cheio de mosquitos de malária e de gente inculta. Os olhos do mundo já desperto da ressaca natalina, estão voltados para Gaza, onde morre gente e para a boca lacrada de Barack Obama. E nós teimamos em postergar o amanhecer. George Perros na frase do dia, alerta para essa nossa malemolência quase sem as virtudes citadas.
“Ínclitos parlamentares” estão “tiriricas” com o Poder Judiciário e preparam o troco para conter o que chamam de ímpeto legislativo da alta corte. O deputado Flávio Dino (quem é ele no jogo do bicho?), por exemplo, vai apresentar uma PEC para fixar mandato para os ministros do STF. O deputado Geraldo Magela (terá parentesco com o humorista?) elabora projeto para obrigar a Justiça Eleitoral a julgar os processos envolvendo políticos no prazo máximo de oito meses (porque não 7 ou nove – seria mais apropriado – é um mistério). Ricardo Barros (quem mesmo?) espera (melhor esperar sentado) que o novo presidente da Câmara crie um grupo de trabalho para tratar de pendências do Judiciário na Casa. Não trabalham e ficam irados com quem trabalha. Lembra o marido traído que joga fora o sofá por cumplicidade na traição.
Na entrevista que concedeu ao Câmera 11, Cassol desceu o “pau de bater em doido” geral. Do TRE a Roberto Sobrinho, passando pelo funcionalismo público, secretários, um procurador a quem chamou de doente, a Senadora Fátima Cleide – cujo nome sequer foi pronunciado – e ex-governadores – Bianco incluso, sem citar o nome – mas teceu elogios à “tchurma” da ALE. Enfim um merecido afago. Cassol agiu com desenvoltura, não mastigou ou recusou qualquer pergunta e demonstrou ter o controle total do que ocorre em seu governo. Sobre seu processo de cassação foi enfático: disse que será absolvido no TSE. Dois detalhes me surpreenderam: o senador Expedito não foi incensado – porque mesmo? – e faltou o chapéu. Sobre Expedito, mistério. Sobre o chapéu, temo que seja substituído hora dessas, por uma coroa imperial.
O “bruxo” Carlão Sperança fez uma análise pra lá de interessante. Ivo Cassol é bom de briga e cresce na peleja. A escolha do Roberto Sobrinho como nome a ser desgastado já de agora, faz todo sentido, já que faz parte do estilo do “estradista” matar no ninho, antes que crie asas. Mas e qual seria a estratégia com o Valdir Raupp? Fui buscar informações com os deputados alinhados (cá pra nós, haverá algum não alinhado?) e...bingo! O “pau de bater em doido” vai cantar nas costas do Raupp já. Para tanto, o “pássaro infiel” foi elevado à categoria de “cabra macho” capaz de fazer gol contra nas hostes peemedebistas e partidos aliados. Baseado em Ariquemes, o “pássaro infiel” fará incursões sobre prefeitos do PMDB a começar pelo próprio Confúcio Moura. Não por acaso, Tiziu discursou junto a Cassol no aniversário de Rondônia.
Com um pássaro na mão, Cassol mira um tucano em vôo livre mas, como ainda é filiado ao PPS, que deve se juntar ao PV do Garçon e ao PSDB do Casara, Cassol esconde a baladeira e faz um movimento de aproximação cuidadosa. Não quer espantar Moreira Mendes, o mais novo amigo de infância do Confúcio, e afaga o solícito Garçon. A “arataca” de pegar tucano porém, está preparada. O jogo envolve a assunção de Euclides Maciel a comandante regional tucano e aí, num lance de abafa, a entrada triunfal do Ivo no ninho com todos os filhotes do PSDC, PTB, PV e cooptados de outras siglas. Difícil? Nem um pouco. Serra 2010 é a senha. O PSDB precisa de aliados em todos os rincões e Rondônia não está fora do jogo. A Casara resta capitular. É como água de ladeira abaixo e fogo de ladeira acima. Ninguém mais segura.
Sempre foi assim e assim será. Na primeira eleição de Ivo Cassol, Bianco foi peça importante e que ninguém venha dizer que não existiu um acordo entre ele e Cassol. De novo Bianco é a peça chave desse imbróglio. Se pender para o lado do Cassol – a possibilidade é real – abre espaço para sair candidato a senador ou até governador. Se pender para o lado do Raupp, aí a porca torce o rabo e o diabo, que nunca é tão feio como se pinta, vai receber uma demão de tinta nova e melar a parede do Cassol e sua “tchurma”. Bianco está como se vê, com a faca e o queijo na mão e com vontade de comer. Estrategista nato, esconde o jogo até o limite e sua decisão além do peso político com sua legião de seguidores, não deixa espaço para um novo lance. O Chaparral está com o jogo nas mãos, com a 45 engatilhada e continua bom de mira.
Leio com certa tristeza a campanha que se arma contra os procuradores. Se existe algum erro está na origem. A carreira de procurador está prevista na Constituição e o acesso obedece aos ditames da lei. Só pode exercer o cargo de procurador quem faz concurso. Os salários a que fazem jus, lá estão dentro do plano de cargos e salários, desde o piso até o teto. Quanto ao chefe de Executivo que quer colocar um amigo, parente, advogado em quem confia, etc., a lei veda e portanto é inconstitucional. Um procurador não pode e nem deve ser um amigo do mandatário de plantão pois não serve a ele e sim ao estado no sentido lato. Mas a gente sabe como é essa coisa dos mandatários de plantão. Uma vez aboletados no poder, se tornam reis da cocada preta e a tirania natural do ser humano, explode com toda a força. É sempre assim.
Começa a tomar corpo a idéia de que a compra de votos deve impedir de imediato a posse no cargo. No último dia do ano o ministro Henrique Neves, do TSE, garantiu a aplicação imediata de decisão que cassou o registro de candidatura Jovani Duarte Menezes, na prefeitura de Braúnas-MMG, por compra de votos. O ministro entendeu de que não é necessário o trânsito em julgado para que as decisões relativas a compra de votos gerem efeitos, como a cassação do registro do candidato. Havendo decisão em primeira instância, o candidato será declarado inelegível por conta de abuso de poder e, pela captação ilícita de votos, terá seu registro ou diploma cassado, ficando pendente a declaração de inelegibilidade para o trânsito em julgado.
Com tanta coisa grande por fazer e o Congresso se apequena. Não é que os parlamentares resolveram gastar um troquinho para uma reforma? A Câmara dos Deputados contratou por R$ 44,4 milhões a empresa Valenge Construtora e Incorporadora, para a reforma de 120 dos 432 apartamentos funcionais reservados aos ínclitos deputados em Brasília. O contrato prevê a troca e instalação de hidromassagem, trituradores de alimentos, revestimentos de piso em porcelanato e granito e aquecimento solar de água. A "reformulação arquitetônica integral" de banheiros, lavabos, copas e cozinhas entre outros itens, também consta do edital. A média de gasto por imóvel é de R$ 370 mil. E tem gente que fala em crise...Só se for de vergonha
Cassol foi a Guajará e ficou “de cara” com a penúria da prefeitura. E Atalíbio, o novo prefeito, amigo do deputado Miguel Sena, sentiu quanto vale ter amigos. Homem de bom coração, o governador falou das medidas que o Governo do Estado pretende adotar em apoio à nova administração: repasse de emendas e convênios, cedência de funcionários para as áreas de educação e saúde, transporte escolar, melhorias no policiamento, apoio à cultura, máquinas para recapeamento asfáltico e manutenção das ruas e estradas do município. Atalíbio, o novo prefeito, além de sortudo, sabe como fazer amigos e influenciar pessoas. Cassol chegou a reconhecer que Guajará é importante para a arrecadação de impostos... E pode acreditar: se Cassol falou que vai ajudar um amigo, vai mesmo. “Tem que começar já. A situação é grave em Guajará”, disse ele. Estranho apenas que a descoberta tenha ocorrido só agora. Mas como diz o Zé de Nana, “quem tem padrinho, não morre pagão”. Atalíbio vai para o céu.
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