Alguma coisa de muito estranho estaria acontecendo entre o chefe de gabinete do prefeito Roberto Sobrinho, Miriam Saldanã, e o procurador-geral do Município, Mário Jonas. O motivo da discórdia seria um Projeto de Lei, de autoria do Executivo Municipal, que altera a estrutura organizacional da PGM.
Segunda-feira (22), os dois trocaram impropérios, durante uma reunião com vereadores, para discutir a proposta. O encontro, que aconteceu na ante-sala do plenário, acabou sem acordo. Miriam defende uma coisa, enquanto Jonas intenciona outra. A frigideira do palácio Tancredo Neves está em fogo brando.
Hoje à tarde, o projeto voltou a figurar na pauta, mas não foi deliberado por falta de quorum. Novamente, os ânimos se exaltaram. Dessa vez, acabou sobrando para o vereador José Wildes, que defende a causa dos procuradores.
Ou melhor, defendia, até receber uma ligação do presidente do Diretório Municipal do PT, Inácio Azevedo, ameaçando-o expulsá-lo do partido, caso Wildes insistisse em empunhar a bandeira de luta dos procuradores.
Igualmente, por telefone, o prefeito teria mandado um recado duro ao companheiro de partido e seu líder na Câmara, ou seja, se Wildes não abandonasse o barco dos procuradores, ele (Sobrinho) deixaria Epifânia Barbosa (atual secretária de Educação e vereadora diplomada) livre para assumir uma cadeira na Câmara, retirando-lhe, assim, a possibilidade de continuar na Casa, a partir de janeiro, já que é primeiro suplente. A pressão teria levado o parlamentar às lágrimas.
No final da sessão, o presidente da Associação dos Procuradores do Município (APROM), Ranilson de Pontes (que já ocupou o cargo de procurador-geral do Município, na gestão Carlinhos Camurça), saiu atirando. O alvo foi o governo Sobrinho.
Segundo ele, a administração do petista está “eivada de vícios e mazelas administrativas”. Prova disso “são algumas obras inacabadas, como a da rua Vieira Caúla, por exemplo, cuja empresa responsável pertence ao ex-chefe da Casa Civil do governo Lula e deputado federal cassado, José Dirceu”.
Ranilson disse, também, “que a prefeitura alugou um prédio, na rua Getúlio Vargas, esquina com a avenida Sete de Setembro, no valor de quinze mil reais, por mês. O prédio ficou fechado durante um ano. Só agora, foi ocupado por dois setores da procuradoria”.
Com relação à remuneração dos procuradores, Ranilson foi categórico: “não há procuradores recebendo vinte e oito mil reais, como foi divulgado, por setores da imprensa. A média salarial dos colegas varia de quatro mil e oitocentos a dezesseis mil reais. Apenas um procurador recebe vinte e dois mil reais”.
Neste ano, “os procuradores ajudaram a prefeitura a arrecadar mais de dez milhões de reais e evitaram o sangramento de outros quatro milhões de reais, resultantes de ações, as mais variadas. Mesmo assim, o prefeito finge ignorar a importância desse segmento funcional para o Município”.
“Na condição de presidente da APROM e procurador do Município, estou aguardando uma posição da Câmara. Se o prefeito não recuar e insistir da tese de prejudicar a mim e aos meus colegas, prometo não somente jogar tudo no ventilador, como, também, bater às portas do Ministério Público”.