Mesmo sem ter “oficialmente”, qualquer registro de casos da Doença de Chagas Aguda (DAC), transmitida através da ingestão de alimentos (açaí, bacaba, cana-de-açúcar, etc) contaminados pelas fezes do inseto conhecido como “Barbeiro”, o estado de Rondônia vai montar o projeto de prevenção e de detecção da doença. O DAC atingiu números considerados alarmantes pelo Ministério da Saúde na região Norte, principalmente no Amazonas e no Pará.
Entre as medidas de prevenção, estão a adoção de boas práticas de higiene durante a manipulação dos alimentos junto aos batedores, transporte adequado do produto, conscientizar o produtor a fiscalizar constantemente o produto durante todo o processo de produção, rotina de limpeza das máquinas batedoras, orientação nas agroindústrias e até mesmo informações ao consumidor. Os produtos que serão alvo dessa campanha em Rondônia inicialmente serão o açaí e a cana-de-açúcar.
Os dois produtos são amplamente consumidos e comercializados, na capital e no interior (neste caso, principalmente a cana-de-açúcar). A intenção, segundo a gerente técnica da Vigilância Sanitária do Estado, Mirlene Moraes de Souza, é maximizar as informações sobre a doença e manter o estado livre do contágio através da ingestão de alimentos. “Devemos manter a credibilidade do nosso produto garantindo a continuidade da economia de subsistência, do comércio que exporta o açaí e do consumo direto”, ressaltou a gerente da Agevisa.
Vários órgãos entre eles prefeituras, Emater, Vigilância Epidemiológica, Seapes, Cepem, Sebrae entre outros apresentarão micro-projetos, para que Rondônia organize seu plano de ação afim de prevenir, tratar e diagnosticar o DAC. De acordo com Mirlene Souza, trata-se de ação emergencial e possivelmente antes do final do ano, as medidas sejam realizadas por todo o estado.
EXAME DE MALÁRIA EM CONJUNTO COM EXAME DE CHAGAS
O treinamento e orientação aos microscopistas que realizam os exames para verificar a presença de Malária, para que em conjunto com este exame já realizem automaticamente o teste para verificar a presença do “Trypanosoma cruzi”, causador da doença, será a principal medida de detecção da doença. Essa prática foi adotada desde 2005 pelo Ministério da Saúde para alguns estados da região Norte ( Amazonas e Pará).
“Os técnicos do Laboratório Central já estão preparados e farão os treinamentos necessários para que os demais microscopistas do estado realizem esse exame rotineiramente”, garantiu Mirlene.
TROCA DE EXPERIÊNCIAS
As principais ações do projeto de combate a Doença de Chagas surgiram na primeira reunião regional que trata sobre a doença, que aconteceu semana passada na capital.
Pessoas ligadas a saúde de todos os estados da região Norte estiveram presentes para trocar experiências sobre os casos da doença confirmadas em seus estados, exemplo do Pará, Amazonas e Amapá. De acordo com Nota Técnica do Ministério da Saúde, de janeiro de 2005 a agosto de 2007, 170 casos e 10 óbitos já foram identificados, sendo a maior parte deles na região Norte. A confirmação é de que as pessoas, adquiriram a doença por via oral, após ingerir sucos típicos da região.
PRECAUÇÕES
Ainda não se sabe em que momento o alimento é contaminado pelo Trypanosoma cruzi. Entre as suposições estão a possível moeção do inseto quando o alimento está sendo batido à noite sob a luz de lâmpadas (a luz chama a atenção dos insetos); a falta de limpeza do alimento, pois algumas vezes o produto pode estar infectado com as fezes do inseto; a contaminação durante o transporte, etc.
De acordo com Paulo Ramos, inspetor de vigilância sanitária, a melhor forma de prevenir a doença resume-se no cuidado com o armazenamento, transporte e moagem do produto.
Segundo o inspetor é necessário olhar bem aonde o produto vai ser acondicionado (terreno, caixas, carrocerias de veículos, barcos, etc), procurar se há algum vestígio do inseto no alimento após o transporte, lavar bem o alimento com bastante água corrente e água sanitária (hipoclorito de sódio), limpar as máquinas batedoras ( que moem os alimento) antes e depois do uso, etc.
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