Política em Três Tempos: Por Paulo Queiroz

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Foto: Divulgação

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1 – PARAÌBA NO TC Como se diz por aí, muita calma nessa hora. Poucas vezes - muito poucas (dir-se-ia mesmo raras) – o movimento de uma peça no tabuleiro político do Estado teve tantos e tão difusos significados, tantas e tão sutis leituras enfronhadas nas entrelinhas, como esta indicação, pela Assembléia Legislativa, do deputado Chico Paraíba (PMDB) para o cargo de conselheiro do Tribunal de Contas de Rondônia. Como este espaço é absolutamente insuficiente para inventariar metade que seja das conjeturas, a coluna circunscrever-se-á às principais, começando pela amplitude e a contundência do mal estar que se instalou no Palácio Presidente Vargas como um todo e nos próprios gabinetes do conselho de contas politicamente alinhados ao governador Ivo Cassol (PPS). Entre todas as possibilidades que estiveram sendo cogitadas para ocupar a vaga do TC aberta com a morte do conselheiro Hugo Motta, aí incluídas as que contemplam o parlamento estadual em sua integralidade, nenhuma poderia desagradar mais nos dois ambientes e provocar mais azedume tanto em um como em outro quanto a que, depois do escrutínio que resultou no acachapante escore de 18 a 6, consagrou o nome do turbulento deputado Chico Paraíba. Por esta razão – mas não apenas – é legítimo supor que até onde puder se fazer entender sem a necessidade de expor insidiosamente a face, o governador Ivo Cassol estará empenhando os limites da sua força e influência para tentar, pela imprensa, desqualificar o indicado e, principalmente, quem o indicou. Conquanto poucos, alguns jornalistas o farão de boa fé, tentados a navegar na depreciada imagem da ALE, na pouca ou quase anódina expressão de muitos dos seus integrantes e no tumultuoso prontuário do parlamentar objeto da indicação para tentar expressar supostas indignações coletivas, sem perceber que estarão apenas fortalecendo o absolutismo de Cassol e conferindo substância ao seu falso moralismo – de que o governante tem se servido abusivamente como pedra angular para manipulação da opinião pública. A maioria, no entanto, de caso pensado, remunerada para operar cegamente como pau mandado. O que se assiste, leitor, é um começo de realinhamento de posições das representações políticas do Estado em relação ao Poder Executivo provocado por uma parada brusca, uma espécie de freio de arrumação, que tanto pode resultar numa ruptura da maioria parlamentar com o Governo como numa nova formatação das relações entre esse grupo e o governador Cassol. O que se vê é algo como se a ALE tivesse mostrado do que é capaz para avisar ao Palácio Presidente Vargas de que do jeito que está não pode ficar. 2 – FORA O POVO Do jeito que está, como o leitor pode intuir, não é do modo como os deputados alinhados ao governo no início da legislatura – vale dizer a quase totalidade - imaginaram que seria. Até porque, por ocasião da cerimônia de posse, mais exatamente, quando Cassol discursou solenemente para estabelecer os parâmetros do segundo mandato, assegurou que, com a ALE renovada em 75%, a convivência entre o Parlamento e a administração estadual haveria de ser mais do que harmoniosa, pautando-se pela cooperação entre os poderes e o compartilhamento das responsabilidades entre seus representantes. Nem coisa, nem lousa. Nunca, antes, neste país – com a vênia do companheiro presidente -, um governante modelou seu governo de maneira tão arbitrária, isolada, autoritária, independente, avulsa e solitária quanto o governador Ivo Cassol ao montar o seu secretariado. Deste e do primeiro mandato. A começar pelo fato de que a estrutura do mandato anterior foi praticamente mantida intacta. Uma ou outra mudança eventualmente operada foi tão insignificante que pouco ecoou no espaço público. Repare o leitor que, diversamente de qualquer instância governamental democrática, ou seja, ao contrário do que ocorre no país e em todas as suas unidades federadas, no Estado de Rondônia não há uma só agremiação política representada na administração estadual. Nenhuma titularidade do primeiro escalão – e até dos patamares subalternos – do Governo decorreu de uma indicação partidária. Bem medido e bem pesado, significa que no Poder Executivo rondoniense, afora o que possa estar simbolizado no absolutismo do seu titular, de povo não tem nem o cheiro. Eis que os representantes da população, nos governos Cassol, foram inteiramente alijados dos processos de gestão e de decisões governamentais. Poder-se-ia obtemperar que, com esses partidos que estão aí, Cassol está coberto de razão ao não lhes abrir espaços. A objeção faria algum sentido caso Cassol os tivesse substituído por outros canais igualmente representativos (federações, conselhos de cidades instituídos especificamente para esse fim etc) ou que, ao seu arbítrio (vá lá), ao menos fizessem as vezes. 3 – MARINHA RAUPP Mas, não. Nesse aspecto, para o governador Ivo Cassol, os partidos políticos servem apenas e tão somente para legalizar os registros de candidaturas na Justiça Eleitoral, especialmente quando se trata da sua. E se as organizações partidárias não merecem a consideração do governador na hora de governar, muito menos a têm os seus representantes. O resultado final de tudo isso pode ser observado nas reiteradas oportunidades em que os parlamentares batem à porta do Governo com pleitos, via de regra, legítimos e são tratados pelo Chefe do Executivo com um profundo desdém – de resto, um comportamento já de amplo conhecimento público. E pelo tempo em que esse procedimento se instalou – mais de quatro anos e meio considerado apenas o período em que está no cargo de governador (porquanto está apenas a replicar a atitude dos tempos de prefeito) - e se manifesta cada vez com mais desenvoltura, já deu para perceber que Cassol utiliza o seu secretariado como correia de transmissão para reiterar aos deputados o sentimento de desimportância que alimenta por eles – na sua ótica, não mais consideráveis do que os gerentes das suas empresas. Converse o leitor sobre este assunto com qualquer dos atuais parlamentares estaduais e em menos de meia hora estará zonzo de ouvir lamúrias acerca dos chamados chás de cadeira a que são submetidos sempre que buscam uma audiência com um secretário do Governo Cassol. Tentando mitigar a humilhação decorrente dessa situação, interlocutores bem intencionados convenceram Cassol a assumir alguns compromissos com os deputados, aceitando umas poucas indicações destes para cargos dos segundo e terceiro escalões. Setembro chegou sem que nenhuma dessas promessas fosse resgatada. Há coisa de 10 dias, cerca de 20 destes deputados estiveram reunidos com o senador Valdir Raupp e a deputada federal Marinha Raupp, ambos do PMDB, em Brasília. Embora não se saiba muito do que rolou no encontro, o certo é que não foi uma simples visita de cortesia. Coincidência ou não, o deputado Chico Paraíba não é apenas do PMDB, mas um dos mais antigos e fiéis colaboradores do casal Raupp, cabendo-lhe hoje a mais arrebatada defesa do projeto de candidatura de Marinha para o governo em 2010. Cassol sabe disso e não medirá esforços para sabotar qualquer passo que possa fortalecer a idéia.
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