Quando escrevi (e isso há alguns meses) que minha filha conhecia as agruras do transporte coletivo muito mais do que o próprio secretário da pasta, uma vez que depende desse meio de locomoção, Cláudio Carvalho abespinhou-se.
Em vez de respostas convincentes, de mostrar que tem know-how e que foi alçado ao cargo pelos próprios méritos, e não por laços de amizade e parentesco*, Carvalho resolveu extravasar sua verve cômica, de conteúdo duvidoso, com insinuações capciosas.
Alguém já disse que o tempo é o senhor da razão. É verdade. Há quase três anos à frente da Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito (SEMTRAN), Carvalho ainda não mostrou a que veio.
Nesse período, o máximo que conseguiu foi mandar espalhar algumas plaquetas de sinalização pela cidade e instalar meia dúzia de abrigos. No mais, só blábláblá e muito discurso inócuo, para convencer os néscios.
Enquanto isso, as empresas vêm deitando e rolando, desrespeitando o usuário e, principalmente, as autoridades responsáveis pelo setor. E o que faz Carvalho? Nada. Absolutamente, nada. Nenhuma advertência sequer.
Quem depende de ônibus, na capital, sobretudo o morador da periferia, reclama (e com razão) da má qualidade dos serviços que lhe são prestados.
Não se sabe qual a rua, qual o bairro ou qual a linha que está razoavelmente servida. Parece que, para essa regra, não há exceção, porque as queixas pipocam de todos os lados.
A situação piora ainda mais no horário do rush. Na falta de opção, a saída e disputar um lugar nos ônibus superlotados. Para não chegar atrasado ao trabalho, o usuário arrisca a própria vida, viajando num coletivo com lotação acima do permitido em lei.
Para comportar mais passageiros, alguma empresas, simplesmente, retiraram os bancos dos corredores, e os chamados “carros-de-boi”, proliferam pelas ruas da cidade, transportando com absoluta insegurança, com a complacência, é claro, da SEMTRAN.
Nada disso, porém, parecer sensibilizar o prefeito Roberto Sobrinho, o cidadão que, durante a campanha eleitoral, prometeu acabar com o ônibus “tele-sena”. Caso contrário, já teria mandado Carvalho para casa, ou melhor, para exercer sua antiga função: a de cobrador de ônibus.
Enquanto ninguém resolve nada, o usuário vai continuar pagando uma das tarifas mais caras do País, para enfrentar filas intermináveis, ônibus velhos, sujos e caindo aos pedaços pelo meio do caminho, além, é claro, da má vontade de certos motoristas e cobradores.
A única coisa a fazer, ante a inércia das autoridades, é rezar para chegar a salvo ao trabalho e, depois, retornar com vida para casa, porque, com Carvalho no comando da SEMTRN, a saída é o caos.