Foto/legenda: Site de pesquisa da Unir onde está divulgado estudos a respeito de energias alternativas em Rondônia
O Grupo de Pesquisa Energia Renovável Sustentável (GPERS), da Universidade Federal de Rondônia (UNIR), coordenado pelo professor doutor Artur de Souza Moret, inaugurou, no último dia 25 de maio, a primeira usina de geração de eletricidade com óleos vegetais do estado de Rondônia. O empreendimento foi instalado na Comunidade Nossa Senhora dos Seringueiros, localizada na reserva extrativista Rio Ouro Preto, na cidade de Guajará-Mirim.
A inauguração da usina é o resultado do projeto de pesquisa “Geração de eletricidade para pequenos aglomerados: qualidade de vida e desenvolvimento”, um trabalho desenvolvido pelos pesquisadores do GEPRS/UNIR, que contou com o apoio da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), do Ministério das Minas e Energia (MME), do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e da Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), órgãos do Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), da Termonorte do Brasil e da Fundação Rio Madeira (RIOMAR).
Sustentabilidade energética
Segundo o professor Artur, o principal objetivo do projeto é fazer com que as comunidades atendidas tenham a auto-suficiência energética, fato que melhorará a qualidade de vida nas reservas extrativistas, além de diminuir a emissão de poluentes e o aquecimento global. Nesse sentido, o projeto prevê a produção de energia com combustíveis renováveis, no caso, o óleo vegetal do babaçu em substituição ao óleo diesel.
Os pesquisadores têm como referencial teórico a sustentabilidade energética e como aporte técnico a geração descentralizada de energia. “O desenvolvimento sustentável deve ser entendido como um conceito que abrange concepções econômicas, ambientais, sociais, técnicas, políticas etc.”, explica Moret. “A usina vai proporcionar um desenvolvimento equilibrado para a comunidade e, sobretudo, manter a comunidade no local e com qualidade de vida”, avalia.
A reserva extrativista de Ouro Preto localiza-se entre os municípios de Guajará-Mirim e Nova Mamoré, tem uma área de 201.334 hectares e está a cerca de 40 quilômetros da rede de energia mais próxima. Não há previsão de distribuição de energia elétrica para a comunidade nos próximos anos. Seus moradores trabalham atualmente num sistema de agricultura familiar e sua produção é de subsistência, com destaque para a produção de farinha.
Processo de produção de energia
Para produzir energia, a usina, utiliza o óleo vegetal extraído do babaçu, e tem potência de 20 Kw/h, podendo atender, em média, 40 famílias. Além da geração de energia, a usina possibilitará que a comunidade, no processo de produção do óleo do babaçu, utilize também seus subprodutos em atividades que gerem renda. Da casca do babaçu, por exemplo, faz-se adubo, papel e bijuterias; do mesocarpo do babaçu, espécie de polpa localizada entre a casca e o caroço, produz-se farinha com alto valor protéico; já do óleo vegetal, é feito sabonete e xampu.
A dinâmica do processo de produção do óleo do babaçu, segundo o professor Artur, compreende dois tipos de atividades: uma coletiva, realizada na usina; e outra individual, nas casas dos moradores da reserva. As famílias atuam, individualmente, na coleta do babaçu que, na usina, é processado (quebra, secagem, prensagem e filtragem). Os subprodutos obtidos nesse processo, como a casca e a polpa do babaçu, são aproveitados pelas famílias para produzir papel, farinha etc. Já a amêndoa retirada do babaçu, após secagem, prossegue para extração do óleo, do qual parte será empregada na produção de energia em um motor ciclo diesel e o restante devolvido às famílias para elaboração de sabonetes e xampu.
Avaliação
Como resultados alcançados pelo projeto, o professor Artur destaca, em especial, a organização da produção de óleo vegetal através da Cooperativa Energética Agro-Extrativista Nossa Senhora do Seringueiro. “A eletricidade gerada nesta reserva marca de forma profunda a realidade dessa comunidade, dando-lhe condições de sustentabilidade”, comenta o professor Artur.
Outro ponto importante é a auto-suficiência energética da comunidade com o uso de combustível renovável, além da significativa melhoria da qualidade de vida na reserva. “A disponibilização de eletricidade para a comunidade abre um novo marco de oportunidades, pois será possível, por exemplo, oferecer cursos noturnos para os adultos, alterando a formação educacional e permitindo a inclusão social”, avalia Moret.
Mais informações sobre o projeto do GPERS podem ser obtidas através do telefone
(69) 2182-2126, no site do grupo de pesquisa (
www.gpers.unir.br) ou através do e-mail
gpers@unir.br
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