Os distritos de Porto Velho mais parecem xifópagos naquilo que eles têm de mais triste e feio: miséria, fome, esgotos a céu aberto, postos de saúde que não funcionam, escolas sem professores; outras caindo aos pedaços, estradas vicinais intransitáveis, escuridão, enfim, um caos.
Na semana passada, a Câmara de Vereadores de Porto Velho foi ao distrito de Mutum Paraná, realizar uma Sessão Popular, a pedido da vereadora Sandra Moraes.
A situação não é diferente da dos demais distritos. As reclamações pipocaram de todos os lados. Os parlamentares foram poupados, mas o prefeito não escapou do látego popular.
O cabo Vanderlei pegou o microfone e distribuiu um rosário de críticas à administração petista, seguido do administrador distrital Jacob Benarroch, que destacou o descaso de autoridades municipais com aquela comunidade.
Depois, foi a vez de uma moradora, mãe de dois alunos da escola Nossa Senhora de Nazaré, sentar a pua no lombo do prefeito. O alvo foi o transporte escolar, que vai de mal a pior.
Segundo ela, o ônibus da empresa contrata pela SEMED encontra-se em péssimo estado de conservação. Quando não quebra pelo meio do caminho, as crianças levam quatro horas para fazer o percurso da escola até suas casas. Um veículo normal faria o mesmo trajeto em, no máximo, duas horas.
A representante da SEMED, Berenice Simão, até que se esforçou para justificar o cipoal de deficiências no qual está enrolado o sistema de ensino municipal, mas não convenceu. Frustrada, abandonou o local antes de a reunião acabar.
Recentemente, um desses calhambeques, conduzindo cerca de doze crianças, desceu uma ribanceira, nas proximidades do município de Candeias do Jamari. Por pouco não aconteceu uma tragédia. E haja nota de solidariedade. A SEMED, que contratou o veículo de propriedade da empresa Porto Madeira, até o momento, não se manifestou sobre o acidente.
A população, contudo, pouco a pouco vai dando conta de que a incompetência de muitos que cercam o prefeito Sobrinho só tenderá a prejudicá-la, cada vez mais.
Aqui e acolá, é fácil verificar a má qualidade dos serviços que a administração municipal deveria prestar. Enquanto crescem as necessidades coletivas, os cofres do município ficam mais recheados.
Por causa desse contraste medonho, vai-se encurtando a margem de tolerância dos cidadãos, que aumentam o tom das críticas à administração do petista, que insiste em fazer ouvidos moucos aos clamores que vêm das ruas.
O prefeito ainda não conseguiu colocar em prática a sua tão propalada criatividade administrativa para mudar a conduta anterior. Lamentavelmente, o mais freqüente tem sido a criação de cargos comissionados para acomodar cabos eleitorais.
De qualquer forma, há momentos em que se torna extremamente difícil despistar a opinião pública e permanecer na prática condenada.
Se o prefeito insistir, contudo, nesse rosário oficial de contradições de idéias e comportamentos, sem uma correta e elevada consciência política e um inflexível espírito público, todos os seus possíveis bons propósitos acabarão na vala comum, com a população cada dia mais sendo penalizada, por conta de um punhado de incompetentes, encastelados em setores essenciais da administração municipal.