Não foram apenas os jornalistas credenciados junto à Assembléia Legislativa que se sentiram frustrados com o pronunciamento do deputado Maurinho Rodrigues (acusado, por um ex-cabo eleitoral, de meter a mão em parte do pagamento de seus assessores), mas, também, parcela significativa da população, especialmente os que nele depositaram seu voto de confiança.
O deputado fez uma defesa pífia, eivada de dubiedades. Em vez de esclarecer as graves denúncias que lhe pesam sobre os ombros, como manda o mais comezinho princípio de justiça, preferiu escamotear a verdade, vestindo o manto do injustiçado, perseguido e sacaneado.
Em certa ocasião de seu discurso, disse que estava sendo vítima de uma orquestração política, com o objetivo de tirar-lhe o mandato. Só faltou dizer que não conhecia o autor das denúncias. Aí, então, seria o cúmulo da desfaçatez.
O depoimento bomba, que ameaçava estremecer as já comprometidas bases da ALE, não passou de um traque, artefato comumente usado por adolescentes desocupados, para ajustar incautos transeuntes, ou, então, por moradores incomodados com a presença de cães vadios, que vivem perambulando pelas calçadas, atafulhando a paciência das pessoas, enquanto seus donos parecem ignorá-los.
Querer jogar a culpa, exclusivamente, em administrações passadas, pelo desmanche moral por que passa a ALE, não convence. E a atual, deputado, não cometeu nenhum pecado? Ou o senhor se esquece de que é acusado de práticas deletérias?
Lamentavelmente, a cartilha da demagogia e do cinismo continua a todo vapor a nortear o comportamento de muitos políticos e dirigentes públicos, aqui e alhures.
Hoje, muitos buscam o poder com a intenção firme e determinada de saquear o erário, de construir fortuna, fazer um pé de meia (e que pé de meia!) e alcançar a impunidade penal.
Os mais apressados, no entanto, chegam a fazer planos e contabilizar, desde logo, as mamatas que vão auferir, durante o mandato, não se importando com o fato de que toda a sociedade está vendo, sofrendo e repudiando as canalhices.
A Mesa Diretora da ALE precisa agir! Já passou do tempo de mostrar a que veio. É preciso reforçar, contudo, que o contribuinte rondoniense não está vinculado a qualquer partido político, nem deu autorização para que os impostos, resultantes do suor de seu labor diário, tenham suas funções desviadas do interesse público para os bolsos de políticos*.
O discurso moralizador, mote de campanha do atual presidente da Casa, deputado Neodi Oliveira, ainda não saiu do papel, nem ultrapassou as fronteiras das solenidades oficiais.
O Corredor-Geral da ALE, deputado Valter Araújo, precisa colocar de lado as palavras melífluas, ocas de conteúdo, e inclinar-se pela ação concreta e de efeito prático. Caso contrário, tudo continuará como dantes, no quartel de Abrantes.