Cansado de esperar pela boa vontade do prefeito de Porto Velho, Roberto Sobrinho, o presidente do Conselho Municipal Previdenciário do Ipam, Raimundo Nonato, resolveu bater as portas do Ministério Público Estadual para denunciar o que chamou de “crime contra o patrimônio do servidor público municipal”.
Na semana passada, Nonato entregou cópias de um Ofício Circular a vereadores, no qual denuncia eventual irregularidade, envolvendo autoridades de proa da administração Sobrinho, com recursos do Instituto.
Segundo ele, a prefeitura estaria retendo, mensalmente, desde o final do ano passado, quinhentos mil reais do repasse previdenciário a que tem direito o Ipam e, posteriormente, depositando o dinheiro numa “conta paralela”, sob a alegação de “encontro de contas”.
Nonato disse que estranhou a decisão do Poder Executivo. Primeiro, porque a proposta não foi apreciada pelo CMP, que é o órgão competente para discutir o assunto. Segundo, porque a prefeitura jamais poderia propor essa medida, uma vez que deve ao Ipam mais de vinte e oito milhões de reais, até o momento.
Entretanto, em reunião extraordinária do CMP, realizada no último dia 08 de fevereiro, o presidente do Ipam, João Herbert Peixoto dos Reis, disse, textualmente, que, “com relação ao encontro de contas entre Ipam e a Prefeitura Municipal de Porto Velho existe uma conta paralela onde ficará retido (sic) mensalmente a quantia de quinhentos mil reais até chegar a quantia de cinco milhões, valor este devido pelo Ipam a Prefeitura Municipal de Porto Velho (sic).
Na ocasião, o conselheiro José Afonso Florêncio questionou o presidente da instituição sobre a base legal para a retenção dos recursos e como ele conseguiu realizar essa façanha sem passar pelo Conselho, mas a resposta de Herbert não aparece na Ata, apenas a afirmativa de Nonato “de que todos os envolvidos cometeram um crime público” e, certamente, serão responsabilizados – espera-se.
Beto, como é mais conhecido entre servidores do Ipam e, principalmente, fornecedores e prestadores de serviços, é cunhado de Sobrinho. Já passou pelas Coordenadorias de Assistência e Financeira e, atualmente, preside o Instituto, até que o Ministério Público decida, definitivamente, descarrilar o trem do nepotismo no âmbito do Município de Porto Velho.
E, pelo andar da carruagem, não vai demorar. É o que acredita um servidor municipal, depois de uma recente visita ao Ministério Público. O promotor, que vem cuidando do tema, estava de férias. Merecidas, diga-se de passagem! Impressionou-o, no entanto, não somente a receptividade com que foi atendido pelo assessor Luiz Fernando, mas a riqueza de detalhes de um organograma, afixado na parece, contendo nomes e o grau de parentesco de ocupantes de cargos comissionados e funções de confiança com autoridades municipais.
Depois, os políticos vêm procurar explicações, por ocasião dos pleitos, para justificar a rejeição do povo às suas pessoas, manifestada através da ausência maciça de eleitores na consulta popular. Espera-se que o MP, devidamente acionado pelo presidente do Conselho Municipal Previdenciário do Ipam, mande colocar o dinheiro do Instituto na conta certa, porque essa história de conta paralela*.