ARTIGO - Na boca do leão - Por Valdemir Caldas

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Foto: Divulgação

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Sob a presidência do vereador José Hermínio Coelho, a Câmara Municipal de Porto Velho abriu segunda-feira (11), às 16h20, o primeiro período legislativo deste ano, com pouca gente nas galerias e um punhado de secretários municipais. Sobrinho não compareceu, apenas mandou uma mensagem, de quinze linhas, na qual cumprimentou os vereadores e reconheceu que os percalços do município são muitos e de difícil solução. Em seu discurso, porém, Miriam Saldanã, chefe de gabinete do prefeito, enalteceu o espírito público dos parlamentares e justificou a ausência do patrão, por motivos de saúde na família. É verdade, Sobrinho foi a São Paulo ver a mãe, que está internada em uma clínica, com sérios problemas de saúde. Graças a Deus que o prefeito dispõe de recursos para procurar centros mais avançados para cuidar de sua genitora. Agora, o que dizer do segurado do Ipam, cuja mãe é obrigada a recorrer aos postos de saúde e às policlínicas da rede municipal, porque uma lei anacrônica o impede de cadastrá-la, como sua dependente, para ter acesso aos serviços assistenciais, simplesmente porque ela recebe uma mísera aposentadoria de trezentos e oitenta reais? Miriam disse, ainda, que “Porto Velho está vivendo um momento muito especial, com a chegada das Hidrelétricas do Madeira”, como se a construção das usinas fosse a panacéia para os males crônicos que afligem o cotidiano do munícipe portovelhense. Ela enalteceu, também, uma especialidade do prefeito que muitos, certamente, desconheciam, qual seja a de futurólogo, quando afirmou que, “desde o primeiro dia de seu mandato, o prefeito Roberto Sobrinho tratou de planejar e preparar o município de Porto Velho para a vinda das Hidrelétricas do Madeira”. Por isso, “preparou mão-de-obra local para trabalhar nas usinas e qualificar mais de sete mil jovens e adultos. Neste ano, garantiu Miriam, “serão mais nove mil”. Se, por um lado, Sobrinho se preocupou com a geração de emprego e renda, por outro, esqueceu de melhorar o arcaico sistema viário da capital e os péssimos serviços oferecidos pelas redes de saúde e educação. Entretanto, difícil é saber como a cidade mais absorver tanta gente. Na área da saúde, por exemplo, a situação é de completo abandono, com a dengue, a malária, a hepatite, o cólera e, já agora, a febre amarela. Tantos e tão graves são os problemas, que alguns parlamentares decidiram convocar o secretário Sid Orleans para esclarecer esses e outros enroscos, inclusive, a denúncia de desvio de recursos do Sistema Único de Saúde para pagamento de diárias. O Requerimento, de autoria do vereador Hermínio Coelho, já está pronto desde ontem e deverá ser lido na Sessão de hoje, marcada para as 16h. Foi o próprio Hermínio quem fez o anúncio da convocação ao companheiro de partido, durante a sessão de ontem. Sid, claro, fez cara de quem não gostou nem um pouco, principalmente, quando foi espinafrado da tribuna pelos vereadores Alan Queiroz e Mário Jorge, para os quais a saúde do município está na UTI. Nem o aperto de mão do colega ao lado conseguiu reanimá-lo. Agora, Orleans está na boca do leão.
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