Formigas carnívoras tomam cidade no Amazonas

Da Redação

13 de Janeiro de 2008 às 09:17

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Formigas carnívoras tomam cidade no Amazonas

Foto: Divulgação

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As picadas retiram micro nacos de carne, abrindo feridas em suas vítimas Uma praga de formigas carnívoras transformou-se num dos maiores dilemas diários dos 17 mil habitantes da cidade de Novo Aripuanã, a 220 km de Manaus, na Calha do rio Madeira. Acostumados a usar seus amplos quintais para o cultivo agrícola, os moradores praticamente os abandonaram para não serem mordidos pelas formigas que dominaram as pequenas lavouras. Um pouco maior do que a maioria das formigas, elas atacam no primeiro contato com o corpo. As picadas retiram micro nacos de carne, abrindo feridas em suas vítimas. Centenas de adultos estão nesse momento com os pés inchados de tantas picadas. As crianças, maiores vítimas das formigas, apresentam no corpo, nas pernas principalmente, as marcas dos ataques. É difícil encontrar uma criança em Novo Aripuanã que não tenha uma ferida aberta provocada pelas terríveis e dolorosas picadas. Até no berço O bebê de Márcia Ribeiro da Costa, 20 anos, foi atacado no berço pelas formigas. A mãe diz que a criança "só sobreviveu" porque ela ouviu seu choro e a socorreu a tempo. Filhotes de animais pequenos, principalmente de aves, não sobrevivem invariavelmente ao ataque do formigueiro. A praga está alterando profundamente os costumes na cidade. Os moradores abandonaram os seus quintais enormes utilizados tradicionalmente como roças, viveiros e hortas. Para manter as conversas de fim de tarde na frente das casas, o povo criou um jeito engenhoso de se proteger da praga: um banco de madeira de 1,5 metro de altura. "Quanto mais alto melhor", diz Márcio Ribeiro da Costa, de 21 anos, irmão de Márcia. As formigas se tornaram um sério problema de saúde pública em meados de 2007. Até então, os ninhos dela estavam registros a sítios ao lado da Portobrás, onde a primeira colônia chegou em toras de Madeira que desceram das cabeceiras de rios. "Eu lembro quando as formigas chegaram sobre dois troncos de madeira e se instalaram primeiro na fazenda da dona Zefa e depois nos sítios aos lados", conta o jovem Tonico Martins, 22 anos, que tem um comércio no Centro da cidade. Somente no meio do ano passado, as formigas dominaram toda a área urbana da cidade. Tonico conta que não pode deixar restos de comida pelas e a limpeza tem que ser constante, com água quente nelas, para afastá-la no estabelecimento. Desde então, a população dorme assustada com a possibilidade de ser picado durante a noite. O professor José Ferreira diz que é preciso acordar várias vezes durante a noite para verificar se as formigas não estão ferrando as pernas de seu filho. Ele mesmo disse que já acordou uma três vezes com as formigas lhe ferrando dentro da rede em que dorme. Desequilíbrio Predadoras vorazes, as formigas podem estar produzindo um desequilíbrio ainda desconhecido na natureza. Basta dizer que os insetos, como grilos, lagartas, etc, estão desaparecendo na cidade. E pior ainda: "os ratos, que antes dominavam Novo Aripuanã, foram exterminados de forma sumária pelas formigas", conta João Felício, que trabalha limpando barcos no porto da cidade. A praga das formigas é associada ao descaso no combate dos seus ninhos. O dono de um dos hotéis da cidade, que pede o anonimato, lembra que a praga de formigas carnívoras ocorreu em 1996 em Envira, no Alto Juruá. Os formigueiros foram erradicados com um combate intensivo e uso do pesticida Polisuper. Com o prefeito da cidade, Geramilton de Menezes, praticamente morando em Manaus, é como se a cidade estivesse mergulhada sob outra praga, diz o mesmo hoteleiro: "A praga das formigas só se proliferou por causa da praga da negligência do poder público local", ataca o hoteleiro.

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