A situação não anda nada bem na seara da política estadual. Há um descrédito, na classe política, que já contaminou os mais variados segmentos da população, desde o mais humilde até o mais abastardo dos cidadãos. O desalento é generalizado.
No ápice desse turbilhão de descrença, aparece a Assembléia Legislativa de Rondônia, atualmente, uma das instituições mais desacredita do Estado. E não é para menos. Alguns de seus membros, sem nenhum pejo, participaram de episódios deploráveis.
Agora, é a vez de o deputado Alex Testoni, vice-presidente da ALE (que sempre defendeu à liberdade de expressão, a moralidade e a transparência na condução dos negócios públicos), voltar ao palco para encenar mais uma peça burlesca.
O primeiro ato teria sido protagonizado num dos corredores daquela Casa de Leis, com ameaças explicitas ao presidente de uma instituição sindical, na presença de servidores, segundo matéria veiculada no jornal eletrônico o Observador.
No segundo ato, o deputado é acusado por um jornalista e ex-aliado de cometer crimes, durante a campanha eleitoral do ano passado. O imbróglio teria sido registrado no livro de ocorrências de uma delegacia da próspera cidade de Ouro Preto do Oeste, reduto eleitoral do parlamentar, e as supostas evidências, chegado às mãos de um promotor de justiça do Ministério Público Estadual. Some-se a isso o caso do carro do “doutor”, filmado entrando em solo boliviano e, posteriormente, dado como roubado.
Desgraçadamente, fatos dessa natureza só contribuem para besuntar a desgastada imagem do parlamento estadual, colocando-o na berlinda da opinião pública, como um poder tíbio, vacilante e desmoralizado. Aos poucos, o discurso renovador do presidente da Casa, deputado Neodi de Oliveira, vai esvaindo-se como fumaça.
A ALE que condena a corrupção e os desvios de recursos públicos, é a mesma que patrocinou o nepotismo, o auxilio moradia, a cota de passagens e os escândalos das passagens áreas e da folha de pagamento paralela, cujos mentores e beneficiários permanecem por aí, lépidos e fagueiros, debochando da cara do povo.
Premiado pela necessidade de justificar-se um pouco para a sociedade, o presidente Neodi insiste no discurso moralizador, na harmonia e no respeito mútuo entre os poderes e na criação de comissão de investigação, que vai do nada a lugar nenhum.
A situação não é nada animadora. Há cerca de dez meses no cargo, embora menos arrogante e imperial que no inicio da administração, Neodi parece encurralado, completamente aturdido, diante da artilharia pesada, que vem de todos os lados.
Lamentavelmente, os que deveriam ajudá-lo na correção de rumos, são os primeiros a enveredarem por caminhos sinuosos. O aconselhável seria Neodi parar para repensar tudo, porque o modus operandi da Casa está em ponto de fratura. Não há dúvida, porém, de que o atual estado de coisas é resultante da competição política desenfreada, do exibicionismo falante e da avidez onírica, dentre outros vezos condenáveis.