Vendido como um pó cristalino branco inodoro e usado como “realçador de sabor”, o glutamato monossódico é a versão industrializada do glutamato e a forma mais pura do umami. Obtido principalmente pela fermentação da cana-de-açúcar, o MSG é produzido desde 1909 pela empresa japonesa Ajinomoto, que tem o professor Kikunae Ikeda como um dos nomes por trás do produto.
“A molécula química do MSG é exatamente a mesma do glutamato. O único diferencial é que há um sódio ligado a ela. É a mesma substância presente naturalmente nos alimentos e nosso corpo reconhece da mesma maneira”, diz Hellen.
Categorizado como um aditivo seguro pela Food and Drug Administration (FDA), órgão governamental dos Estados Unidos que faz o controle dos alimentos, o MSG não tem uma limitação diária de consumo. Como o produto é encontrado também em ultraprocessados, é claro que a recomendação é não exagerar.
Dados da FDA relativos aos Estados Unidos estimam que um adulto médio consome cerca de 0,55 gramas de MSG por dia, enquanto a ingestão diária de glutamato a partir da proteína dos alimentos é de 13 gramas.
A substituição do sal de cozinha pelo glutamato monossódico é também uma discussão pertinente para os estudiosos, que defendem que o uso do MSG ajuda na redução do teor de sódio.
De acordo com informações do Comitê Umami, o glutamato monossódico possui um terço da quantidade de sódio encontrada no sal de cozinha. A substituição de uma colher de sal em uma receita por uma colher que contenha metade de sal e metade glutamato monossódico é recomendada.
“Isso acontece porque o MSG é um ingrediente que confere o gosto umami, assim como o sal proporciona o gosto salgado e o açúcar o gosto doce. Estudos comprovam que existe uma redução de até 37% de sódio utilizando o glutamato monossódico nessas proporções”, afirma a nutricionista Mariana Rosa.
Segundo Maluly tal substituição reduz o teor de sódio sem bruscas mudanças de sabor. Ela ressalta, porém, que pode sim ocorrer uma certa alteração na percepção do sabor da receita, uma vez que “nosso paladar já está muito habituado ao alto consumo de sódio”.
Características do umami
Além da redução do teor de sódio, duas outras características principais marcam a experiência umami: ele aumenta a salivação e prolonga o sabor global dos alimentos. Em linhas gerais, é literalmente o gosto que dá água na boca.
“Como ele aumenta muito a salivação, acaba tendo uma influência na diluição de aromas, por exemplo, e inclusive chega a interagir com outros gostos básicos”, ressalta Hellen.
Vale lembrar que gosto é diferente de sabor. Como a própria profissional enfatiza, o gosto se refere exclusivamente ao sentido do paladar, em que receptores na papila gustativa reconhecem um determinado estímulo proporcionado por substâncias químicas dos alimentos e enviam a informação para o cérebro.
Já o sabor é, na verdade, mais complexo, em que envolve uma combinação multissensorial, como a ajuda do próprio paladar e do olfato.
Como sentir o umami

Tomate é um dos alimentos ricos em umami / Unsplash
Assim como os outros gostos, sentir o umami depende primeiramente de experimentar os alimentos. Como indicado pelo Comitê Umami, uma das maneiras de entrar em contato com o quinto gosto é beber um pouco de água e colocar um pedaço de queijo parmesão ou um tomate maduro à boca (quanto mais maduro, mais umami o tomate tem, como afirma a chef Shiraishi).
Com a degustação, é possível notar que o salgado do queijo ou o ácido do tomate também se fazem presentes – afinal, os alimentos são complexos do ponto de vista sensorial, já que possuem presença de substâncias diversas que lhe garantem uma diversidade de aromas e gostos.
Após ingeridos os alimentos, ocorre uma salivação maior e a sensação de gosto prolongado em boca, aspectos primordiais do umami.
Alguns exercícios sensoriais também podem ajudar a diferenciar os gostos básicos através de soluções.
Em diferentes recipientes com água é possível colocar ingredientes puros, como açúcar para o gosto doce e sal para o salgado, por exemplo, assim como o glutamato monossódico para o umami.