ARTIGO: O choro é livre, mas o Carnaval também!

" Como se o Brasil só tivesse problemas porque, uma vez por ano, resolvemos coletivamente ser felizes".

ARTIGO: O choro é livre, mas o Carnaval também!

Foto: Divulgação

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E lá vem eles de novo… Todo ano é a mesma ladainha. Mal começa fevereiro e já brota um exército de fiscais do alheio, munidos de argumentos mais fracos que caipirinha de bloco. O povo do "Carnaval é um absurdo", "isso é uma festa pagã", "país sério não tem essas coisas". Como se o Brasil só tivesse problemas porque, uma vez por ano, resolvemos coletivamente ser felizes.

 

Vejamos os argumentos clássicos:





"O Brasil tem tanta coisa pra resolver, e o povo só quer saber de Carnaval!"
Ah, claro! Porque antes da folia, o Brasil era um modelo de eficiência, um país nórdico tropical, onde tudo funcionava como um relógio suíço. Bastou o primeiro tamborim tocar e, pronto, colapsamos. Deve ser culpa do bloco, não da corrupção, da má gestão ou de décadas de descaso com políticas públicas.


A verdade é que o brasileiro trabalha igual um condenado o ano inteiro, paga imposto sem ver retorno, sobrevive a filas, inflação e transporte lotado, mas, quando decide aproveitar CINCO míseros dias de festa, aparece um batalhão de coach motivacional reclamando que "assim o país não vai pra frente". Vai ver é porque ele tá ocupado dançando no trio elétrico.
"É um evento sem propósito, só para beber e fazer bagunça."

 

Toninho Tavernard 

 

Sim, amigo, porque o Carnaval deveria ser um seminário acadêmico sobre macroeconomia. É cada um… Se você quer um evento intelectual, vá para um congresso, não pro meio do bloco! Mas já que tocamos no assunto, vamos falar de propósitos reais?

 

O Carnaval movimenta bilhões de reais, gera empregos diretos e indiretos, fomenta turismo, aquece a economia, fortalece a cultura nacional e ainda serve de vitrine internacional para o Brasil. Mas você, que paga R$ 400 num show de sertanejo em novembro e não reclama, acha que o problema do país é a festa popular mais lucrativa do ano.
"O Carnaval é uma festa pagã!"


E daí? O 13º também é, e ninguém recusa. Natal foi apropriado de festivais pagãos e ninguém rasga presente. Mas, curiosamente, o problema só aparece em fevereiro, quando o povo decide botar um abadá e ser feliz. Coincidência, né?
"É um desperdício de dinheiro público!"


Agora fala sério: qual gasto incomoda mais? O Carnaval ou aquele orçamento secreto que sumiu com bilhões e ninguém sabe onde foi parar? Entre um desfile de escola de samba e uma obra superfaturada que nunca termina, um parece bem mais inofensivo, não acha?


Além disso, a festa se paga! O que o governo investe em infraestrutura para o Carnaval retorna com folga em turismo, impostos e geração de renda. O problema é que reclamar do Carnaval é fácil; difícil é entender como economia funciona.
"O Brasil deveria ser como os países sérios, que não têm Carnaval!"


Ah, pronto. Lá vem a comparação com a Noruega de novo. Primeiro, países sérios sabem valorizar sua própria cultura. Segundo, França, Alemanha e Itália têm festivais carnavalescos – e bem animados. Terceiro, o Brasil já tentou ser sério. Deu ditadura. Então talvez seja melhor relaxar e aceitar que um pouco de festa nunca fez mal a ninguém.
Conclusão: o Carnaval vai continuar, e o seu choro também!


Reclamar do Carnaval no Brasil é igual reclamar da neve na Rússia. Vai acontecer, você gostando ou não. Se não gosta, tudo bem – ninguém é obrigado a curtir. Mas querer estragar a festa dos outros só porque você não vê graça é egoísmo disfarçado.
O Brasil tem problemas? Tem, claro. Mas eu te garanto que nenhum deles será resolvido com gente de cara fechada em fevereiro. Então, se a alegria do outro te incomoda tanto, talvez o problema não seja o Carnaval – talvez seja você.
E agora, licença que, como disseram Baínha, Oscar e Zé Baixinho, “O samba tá me chamando”. Quem vem junto?

 

Quem é Toninho Tavernard

 

Ele é Advogado, funcionário público,compositor e sambista. Ele compõe machinhas para a Banda do Vai Quem Quer, Pirarucu do Madeira e Até que a Noite Vire Dia  - todos de Porto Velho. Ele tem ainda músicas autorais.

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