TRISTEZA: Cinema brasileiro perde o cineasta Cacá Diegues

TRISTEZA: Cinema brasileiro perde o cineasta Cacá Diegues

Foto: Divulgação

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A morte do cineasta brasileiro Carlos Diegues, realizador de filmes que se tornaram clássicos da cinematografia nacional, entre eles, "Bye, bye Brasil", "Chuvas de verão", "Quando o Carnaval chegar", "Tieta", "Orfeu", "Deus é brasileiro" e tantos outros, marca a despedida de um dos últimos panteões  do chamado Cinema Novo, movimento do qual foi um dos integrantes junto com ícones como Nelson Pereira dos Santos (Rio 40 graus), Ruy Guerra (Os fuzis), Joaquim Pedro de Andrade (O padre e a moça), Walter Lima Júnior (foi cunhado de Glauber), Zelito Viana (irmão de Chico Anisio), Luiz Carlos Barreto fotógrafo de Vidas secas), Glauber Rocha (Deus e o diabo na terra do sol) e Leon Hirszman (São Bernardo).
 
 



 
Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade, Walter Lima Júnior (foi cunhado de Glauber), Zelito Viana (irmão de Chico Anisio), Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e Leon Hirszman.
 
 
Cacá estava filmando a continuação de "Deus é brasileiro", "Deus ainda é brasileiro", mas aos 84 anos partiu fora do combinado antes de concluir este que se torna seu derradeiro trabalho atrás das câmeras como diretor. Diegues deixa um rico legado para o cinema, pois sua obra desde sempre pode se dizer universal, pois sempre tratou de contar histórias calcadas em personagens humanas com seus defeitos e grandiosidade, suas vilanias e gestos de bondade, ao mesmo tempo imprevisíveis, engraçadas e trágicas em sua dura realidade. O diretor tinha o pé na realidade, no entanto sem nunca perder de vista o inusitado, o honorífico, o espiritual e a fantasia. 


Bye, bye Brasil 


Embalada pela trilha sonora assinada por Chico Buarque, Roberto Menescal e Dominguinhos, a trupe da Caravana Rolidei  - Lord Cigano, Salomé e Andorinha, neste o longa metragem escrito e dirigido por Cacá Diegues, os espectadores descobrem e conhecem um pouco do nosso país. 


Caravana Rolidei é mais que apenas um circo mambembe percorrendo e se apresentando em pequenas cidades do interior nordestino. Na verdade, o filme é um raio-x da nossa realidade pelos idos dos anos 1980, ainda sob a égide da ditadura militar. A produção mostra um Brasil que se moderniza e o crescimento da televisão, inclusive, sendo usada pelo poder público local como obra eleitoreira ao disponibilizar aparelhos de TV em praça pública. 


Bye, bye Brasil é um dos melhores trabalhos do cineasta Cacá Diegues, que reuniu José Wilker e Betty Faria, Lorde Cigano e Salomé, respectivamente, para compor este extraordinário retrato de uma nação em plena expansão, no entanto, ainda confrontado com a miséria, desigualdades sociais, exploração do povo por políticos, os famosos "coronéis" que em pleno século 20 agem e mandam conforme suas vontades e desejos. 


Ainda no elenco Fábio Júnior e Zaíra Zambelli, que logo no início da história, pedem para fazer parte da Caravana Holidei. Bye, bye Brasil é mais um filme nacional que merece fazer parte da galeria de clássicos do cinema brasileiro, afinal, é uma crônica de uma época e retrata e mostra um Brasil que poucos conhecem e muitos preferem ignorar.


Documentário Cinema Novo 


E por falar em Carlos Diegues e Cinema Novo, não poderia perder a oportunidade de comentar sobre o também cineasta Erik Rocha, filho de Glauber Rocha, que realizou o excelente documentário Cinema Novo, um trabalho primoroso de arqueologia, de garimpagem, de pesquisador ao reunir não apenas imagens dos filmes, mas mostrar os cinemanovistas em imagens captadas à época do movimento. O diretor conta, não apenas parte da história do nosso cinema, mas daqueles que o fizeram e ganharam o direito de serem citados, lembrados e eternizados em filme como suas produções. 
Capa do DVD do documentário "Cinema Novo"

Rocha não optou pela tradicional narração e conseguiu entregar ao público um documentário muito rico, que também faz jus a Humberto Mauro, considerado por Glauber como o pai do cinema brasileiro. Mas todos tiveram também influências do Cinema dialético russo, o Neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa. Como diz Glauber Rocha a certa altura do filme - O assunto é cinema. O assunto sempre será cinema.
 

A montagem primorosa mostra cenas de filmes, dentre eles, Barravento, Rio 40 graus, Rio Zona Norte, Deus e o diabo na terra do Sol, A grande cidade, Vidas secas, Cinco vezes favela, Garrincha, alegria do povo, A falecida, Arraial do Cabo, O padre e a moça, Menino de engenho, entrevistas e depoimentos de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Diegues, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, David Neves, Arnaldo Jabor, Walter Lima Júnior, Ruy Guerra, Gerardo Sarno, Luiz Carlos Barreto, dentre outros, falando do Cinema Novo.
O diretor do documentário, Erik Rocha


Tendo como grande princípio a máxima “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, aquela que à época era considerada nova geração de cineastas propôs deixar os obstáculos causados pela falta de recursos técnicos e financeiros em segundo plano. A partir de então, seus interesses centrais eram realizar um cinema de apelo popular, capaz de discutir os problemas e questões ligadas à “realidade nacional” e o uso de uma linguagem inspirada em traços da nossa própria cultura.


Em 1955, o diretor Nelson Pereira dos Santos exibiu o primeiro filme, responsável pela inauguração do Cinema Novo. “Rio 40 graus” oferecia uma narrativa simples, preocupada em ambientar sua narrativa com personagens e cenários que pudessem fazer um panorama da cidade que, na época, era a capital do país. Depois disso, outros cineastas baianos e cariocas simpatizam com essa nova proposta estético-temática para o cinema brasileiro.


Esses filmes tocavam na problemática do subdesenvolvimento nacional e, por isso, inseriram trabalhadores rurais e sertanejos nordestinos em suas histórias. Além disso, comprovando seu tom realista, esses filmes também preferiram o uso de cenários simples ou naturais, imagens sem muito movimento e a presença de diálogos extensos entre as personagens. Geralmente, seriam essas as vias seguidas pelo cinema novo para criticar o artificialismo e a alienação atribuídos ao cinema norte-americano.


Estado Maior do Cinema Novo


Ainda vivos, Luiz Carlos Barreto, que não é diretor, mas um dos maiores produtores de cinema no Brasil. No começo da carreira fez a fotografia do clássico Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos baseado em obra de Graciliano Ramos. Por aí vai. Ele era fotógrafo da revista O Cruzeiro. Walter Lima Júnior, diretor de filmes como Inocência e Menino de engenho, baseado no livro de José Lins do Rego e Ruy Guerra, em cuja filmografia fazem parte longas como "Os Fuzis" e ainda, o polêmico "Os Cafajestes", famoso pela longa cena de nu frontal feminino, no caso a atriz Norma Bengell, o primeiro do cinema nacional. 

 
 
 
 
 
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Nesta foto estão Nelson Pereira dos Santos, Ruy Guerra, Joaquim Pedro de Andrade, Walter Lima Júnior (foi cunhado de Glauber), Zelito Viana (irmão de Chico Anisio), Luiz Carlos Barreto, Glauber Rocha e Leon Hirszman. O estado maior do Cinema Novo. Único vivo é o Luiz Carlos Barreto, que não é diretor, mas um dos maiores produtores de cinema no Brasil. No começo da carreira fez a fotografia do clássico Vidas secas, de Nelson Pereira dos Santos baseado em obra de Graciliano Ramos. Por aí vai. Ele era fotógrafo da revista O Cruzeiro.
 
E por falar em Carlos Diegues e Cinema Novo, não poderia perder a oportunidade de comentar sobre o também cineasta Erik Rocha, filho de Glauber Rocha, que realizou o excelente documentário Cinema Novo, um trabalho primoroso de arqueologia, de garimpagem, de pesquisador ao reunir não apenas imagens dos filmes, mas mostrar os cinemanovistas em imagens captadas à época do movimento. O diretor conta, não apenas parte da história do nosso cinema, mas daqueles que o fizeram e ganharam o direito de serem citados, lembrados e eternizados em filme como suas produções. 
 
Rocha não optou pela tradicional narração e conseguiu entregar ao público um documentário muito rico, que também faz jus a Humberto Mauro, considerado por Glauber como o pai do cinema brasileiro. Mas todos tiveram também influências do Cinema dialético russo, o Neorrealismo italiano e a Nouvelle Vague francesa. Como diz Glauber Rocha a certa altura do filme - O assunto é cinema. O assunto sempre será cinema.
 
A montagem primorosa mostra cenas de filmes, dentre eles, Barravento, Rio 40 graus, Rio Zona Norte, Deus e o diabo na terra do Sol, A grande cidade, Vidas secas, Cinco vezes favela, Garrincha, alegria do povo, A falecida, Arraial do Cabo, O padre e a moça, Menino de engenho, entrevistas e depoimentos de Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Carlos Diegues, Paulo César Saraceni, Leon Hirszman, Joaquim Pedro de Andrade, David Neves, Arnaldo Jabor, Walter Lima Júnior, Ruy Guerra, Gerardo Sarno, Luiz Carlos Barreto, dentre outros, falando do Cinema Novo.
 
Tendo como grande princípio a máxima “uma câmera na mão e uma ideia na cabeça”, aquela que à época era considerada nova geração de cineastas propôs deixar os obstáculos causados pela falta de recursos técnicos e financeiros em segundo plano. A partir de então, seus interesses centrais eram realizar um cinema de apelo popular, capaz de discutir os problemas e questões ligadas à “realidade nacional” e o uso de uma linguagem inspirada em traços da nossa própria cultura.
 
Em 1955, o diretor Nelson Pereira dos Santos exibiu o primeiro filme, responsável pela inauguração do Cinema Novo. “Rio 40 graus” oferecia uma narrativa simples, preocupada em ambientar sua narrativa com personagens e cenários que pudessem fazer um panorama da cidade que, na época, era a capital do país. Depois disso, outros cineastas baianos e cariocas simpatizam com essa nova proposta estético-temática para o cinema brasileiro.
 
Esses filmes tocavam na problemática do subdesenvolvimento nacional e, por isso, inseriram trabalhadores rurais e sertanejos nordestinos em suas histórias. Além disso, comprovando seu tom realista, esses filmes também preferiram o uso de cenários simples ou naturais, imagens sem muito movimento e a presença de diálogos extensos entre as personagens. Geralmente, seriam essas as vias seguidas pelo cinema novo para criticar o artificialismo e a alienação atribuídos ao cinema norte-americano.
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