A fotógrafa rondoniense Marcela Bonfim participa da exposição
Foto: Divulgação
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A mostra com 15 artistas conectados à região amazônica,entre eles a fotógrafa rondoninese Marcela Bonfim, está aberta ao público até o dia 22 de abirl na Biblioteca do Palácio Galveias, em Lisboa (Portugal) com curadoria do artista visual Alberto Cesar Araújo, editor de fotografia da Amazônia Real; e da pesquisadora luso-brasileira Lau Zanchi, da Universidade NovaFCSH de Lisboa. A foto da capa faz parte da série “Migrantes da Borracha”, de Marcela Bonfim.
A exposição “A Selva que nos Habita”, resultado de um diálogo entre a fotografia, a literatura e outras artes, propõe um olhar contemporâneo para a Amazônia e temas como os povos indígenas, o meio ambiente, a floresta e as mudanças climáticas.
Curador Alberto César Araujo (Foto: José Cedovim/Expresso), e pesquisadora Lau Zanchi (Foto: Alberto César Araujo/Amazônia Real).
A mostra é inspirada no livro “A Selva”, do escritor português Ferreira de Castro. Publicado em 1930, o romance conta a história de um estudante português que vive no seringal Paraíso, em Humaitá, no Amazonas. A ideia partiu de Lau Zanchi, que convidou Alberto para a pesquisa dessa importante obra da literatura mundial e para a montagem da exposição.
“Tentei aprofundar o diálogo entre a literatura, a fotografia, o fotodocumentarismo, o jornalismo e as artes visuais”, afirma Alberto, que viajou para Lisboa com o objetivo de participar da abertura da mostra.
Na curadoria, ele procurou encontrar um equilíbrio entre o documental e o contemporâneo, o local e o estrangeiro, a subjetividade e a objetividade, a fabulação e a realidade.
Série Migrantes da Borracha ( Autor: Marcela Bonfim)
O artista visual fez pesquisas durante mais de um ano na Biblioteca Pública do Amazonas, no Museu Amazônico da Universidade Federal do Amazonas e na Biblioteca da Assembleia Legislativa. Ele teve acesso a edições raras do livro de Ferreira de Castro e à obra de outro português que viveu na Amazônia, Silvino Santos, fotógrafo e cineasta que contribuiu para a construção do mito do “fausto amazônico” do ciclo da borracha.
“Enquanto o primeiro, com seu romance, narra toda uma história de dor e sofrimento no seringal, o segundo foi, de certa forma, um criador da narrativa do capital, contratado pelos maiores produtores da época, os barões do látex como J.G. Araújo e Júlio Araña”, revela Alberto.
Mural da resistência - Marcha das Mulheres indígenas (Autor:a Samela Sateré Mawé)
O livro de Ferreira de Castro mostra a exploração da mão de obra, o racismo e o genocídio dos povos indígenas durante o ciclo da borracha na Manaus da belle-époque, a chamada “Paris dos trópicos”. Já Silvino Santos foi contratado por Araña para filmagens em seus seringais no Alto Solimões, onde o povo Witoto foi dizimado. O seringalista queria mostrar aos acionistas ingleses uma situação em que não existiam a exploração do trabalho e os ataques aos povos originários, ou seja, contou com o cineasta para a criação de uma ficção.
Mural da resistência - Liderança indígena Vanda Witoto no Parque das Tribos, em Manaus (Autora: Ariene Susui).
“Com uma técnica da dupla exposição direta na câmera, tentei unir os dois portugueses para uma conversa da contradição”, explica Alberto no texto sobre a curadoria da exposição. “Pois, por trás da história oficial da borracha, há uma história esquecida, quase não narrada, a do genocídio indígena e de milhares de nordestinos que morreram vítimas de condições desumanas e de doenças tropicais”.
A exposição
Fotografia digital em dupla exposição (captação direta) de imagens do acervo Silvino Santos (Museu Amazônico) e das obras raras de Ferreira de Castro (Biblioteca Pública do Amazonas) ( Autor: Alberto César Araújo).
Mural da resistência - Mobilização Indígena ( Autora: Juliana Pesqueira).
A exposição reúne 15 artistas entre convidados e contemplados pelo edital Fomento às Artes e Cultura (Lei Paulo Gustavo), do governo do Amazonas. Todos estão conectados de alguma forma: pela imagética, pelo discurso, pelo conceito ou pelo território.
Os artistas amazonenses são a fotógrafa, cineasta, educadora e ativista Juliana Pesqueira, da Amazônia Real; o fotógrafo, documentarista e fotojornalista Raphael Alves; o diretor de fotografia e artista visual Jarê Pinagê, o Transkurumim; a bióloga, comunicadora e influencer indígena Samela Saterê-Mawé; a escritora, artista visual e educadora Márcia Kambeba; o estilista e pesquisador de tecidos e tinturas naturais Sioduhi, do povo Pira-Tapuya; e o artista Denilson Baniwa, uma das grandes referências atuais das artes visuais brasileiras.
Imagem da Série Pajé-onça do artista indígena Denilson Baniwa sobre o tema das monoculturas no Brasil. (Autor: Denilson Baniwa)
A mostra reúne também o fotojornalista Bruno Kelly; a jornalista e ativista Ariene Susui, do povo Wapichana; e a fotógrafa e multiartista Marcela Bonfim.
Os convidados são a historiadora e ativista Neide Bandeira; os artistas visuais Marilene Ribeiro e Alexandre Sequeira; o documentarista italiano Luca Meola; e o fotógrafo e teórico português Paulo Magalhães.
Além da exposição, o Mês das Amazónias terá atividades como festival de cinema, música e eventos relacionados à economia criativa.
Consórcio Forbidden Stories
Foto que mostra o processo de retirada de impurezas do ouro, faz parte da série de reportagens sobre o garimpo de ouro e a reconstrução da estrada entre Porto Velho(RO) e Manaus(AM), e estará compondo a exposição (Foto: Bruno Kelly/Amazônia Real/26/03/2023).
A mostra contará ainda com um painel formado por empresas e organizações jornalísticas que fizeram parte do Projeto Dom e Bruno, do Consórcio Forbidden Stories.
A SIC e o Expresso, dois veículos portugueses, fizeram uma parceria com a Amazônia Real, com financiamento da Fundação Calouste Gulbenkian, para produzir reportagens sobre o garimpo de ouro e a reconstrução da estrada entre Porto Velho e Manaus. Já a Rede Globo foi até o local dos assassinatos um ano depois e reconstituiu os últimos passos do jornalista britânico Dom Phillips e do indigenista brasileiro Bruno Pereira, mortos no Vale do Javari, no Amazonas.
A Forbidden Stories é uma organização sem fins lucrativos fundada pelo jornalista e cineasta Laurent Richard. Promove a colaboração entre jornalistas para terminarem a missão de repórteres que foram impedidos de realizarem suas investigações. Desde a sua criação, 60 organizações de notícias e mais de 150 jornalistas – de 49 países diferentes e de cinco continentes – trabalharam em investigações colaborativas.
Fonte: Amazônia Real
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