HUNI KUIN: Trabalho de artes visuais de Simone Fontana mergulha nos mistérios da floresta

Seu acervo tem pinturas inspiradas em mitos dos povos huni kuin, com os quais a artista convive há cinco anos

HUNI KUIN: Trabalho de artes visuais de Simone Fontana mergulha nos mistérios da floresta

Foto: Divulgação

Para chegar à aldeia dos huni kuin, no Acre, a artista Simone Fontana Reis precisa de algumas horas em um avião, um dia de carro e três de barco. É um percurso tão longo quanto o distanciamento — simbólico e real — que o homem da cidade tomou da floresta ao longo dos séculos tentando domar a natureza. Para Simone, é um trajeto de reaproximação com o que a vida tem de essencial: respeito, conhecimento e preservação. Foi a proximidade com os huni kuin que levou a artista a gestar as obras da exposição Ni Ukemerâ — Floresta Adentro, em cartaz na Galeria Karla Osório, em Brasília.

 

As pinturas foram produzidas nos últimos cinco anos, tempo que a artista vem dedicando a visitar as aldeias e a desenvolver projetos junto às lideranças indígenas da região. "Isso entrou dentro de mim e tomei como inspiração, todos esses conhecimentos, para produzir essa gama de trabalhos."

 

Mitos e a oralidade que cercam o cotidiano dos povos indígenas guiaram a artista por uma pintura na qual afeto e admiração se entrelaçam com histórias míticas. "A exposição é um esforço para que as pessoas aprendam como os indígenas fazem há milênios. Tentei fazer isso. Fui, vi como é viver na aldeia, se relacionar com a floresta", explica Simone. Em algumas obras, o cipó típico das matas amazônicas parece se apossar da paisagem e engolir tudo que está em volta. Numa releitura do modernismo antropofágico de Tarsila do Amaral, as pinturas de Simone engolem até mesmo o abaporu.

 

O mito da jiboia ganha uma vida simbólica na representação da artista, que fala em transformação e colaboração. Para os huni kuin, a jiboia é um ser sagrado que engole outros seres com o intuito de transformá-los. Por meio dessa ideia, Simone faz um comentário sobre a presença humana no mundo, mas também sobre discussões que pautaram a história da arte brasileira. "A jiboia transforma as pessoas em seres melhores, mais comunitários, menos egoístas, mais colaborativos, ao contrário de nós, fruto da sociedade capitalista", explica.

 

Simone quis fazer uma reflexão sobre o tema com a pintura A engolidora, adquirida pelo Museu Nacional de Belas Artes do Rio de Janeiro (MNBA/RJ). "Vamos ter que mudar nosso estilo de vida, senão vamos nos destruir."

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